O caminho percorrido pelos músicos até encontrarem uma maneira de expressar seus atributos pode ser longo, mas é recompensador se resulta em trabalhos como Camucais, da cantora e compositora pernambucana Solis. Residente de Olinda, já cantou fora do Brasil e experimentou com ritmos diferentes como intérprete. Entretanto, seu disco de estreia é um caldeirão de ritmos afro mesclados com uma abordagem mais pop, brasileira e contemporânea.
Conhecedora de ritmos de Cabo Verde, Solis incorporou a fusão africana-européia daquele país de forma orgânica em sua refinada formação musical, que sugere audições de jazz, ritmos nordestinos, samba e rock. Há a participação do músico cabo-verdianos Tchida na exemplar Mariana: um lembrete de que a batida afro, repleta de alegria rítmica, é quase sempre acompanhada de uma temática de dor e resistência. A voz forte de Solis nos conduz a melodias doces, percussão eficaz e arranjos leves. Nada aqui sofre de exageros, e a produção de Juliano Holanda e Fumato mantem a temperatura adequada: há quebras no andamento com baladas como Balafon, Braseiro e Malu, que mostram a diversidade melódica do disco assim como a segurança de Solis como cantora. Solano Em Angola é recheada de riffs contagiantes e O Tempo é extremamente bem acabada. Ao longo do disco somos expostos a linhas de baixo jazzy, batuques, intervenções pop e emoção. Parece muito, mas é entregue de forma bonita.
Camucais é um disco que convence em todos os aspectos, e Solis demonstra que pode caminhar entre o romantismo e a sensualidade, entre a admiração pelas batidas afro e a brasilidade, e, principalmente, faz isso de forma intoxicante. 8/10
Solis - O tempo by eduardoyukio
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