quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Frightened Rabbit - The Winter Of Mixed Drinks


Desde que lançaram o clássico indie da dor de cotovelo The Midnight Organ Fight, em 2008, esses escoceses estão no radar da boa música vinda do norte britânico. Aquele álbum escancarava feridas emocionais e turbulência sentimental de forma crua, nas letras certeiras de Scott Hutchison e na forma como as melodias se espremiam dinamicamente para acomodar versos pontiagudos. Esse terceiro disco, lançado no início do ano, mostra a banda experimentando mais sonicamente, ao passo em que Hutchison deixou um pouco de lado o tom confessional de Midnight...; claramente é um álbum construído com precisão no estúdio, camadas de guitarras, ecos e arranjos distribuídos por todas as partes. Se a dinâmica se perde um pouco entre tantos detalhes, o resultado final é muito satisfatório, evitando aquela sensação de repetição de linhas melódicas. Things abre o disco de forma discreta, guitarras sujas e um vocal de intonação crescente. Se as letras não possuem aquele choque de impiedosa melancolia, Hutchison ainda espalha pequenos versos interessantes:"I didn't need these things / didn't need them, oh / Pointless artifacts / A mediocre past". O primeiro single, Swin till You Can't See Land é uma ode á reconstrução e redenção levada por uma percussão e um piano ausentes em discos anteriores. Scott se pergunta: "Are You A Man / Or a bag of sand?". Talvez a melhor composição do Frightened Rabbit até agora, Skip The Youth abre com dissonâncias e vai se organizando até o final barulhento:"Skip The Youth / I'm aging too much / Skip the youth / it's aging me too fast". Curioso notar que a essência das letras da banda é um dos pontos fortes, mas também pode ser uma barreira ao sucesso comercial. Juntar numa mesma música as palavras "câncer", "tumor", "pós- cirurgia" "doloroso" ( Nothing Like You ) não é exatamente o caminho para a playlist das rádios. Especialmente quando tal coleção de palavras é só uma maneira mais tortuosa de contar para a ex sobre uma nova namorada. Se o Frightened Rabbit está fadado a ser nota de página em enciclopédias futuras, pelo menos coleciona dois clássicos cult em sequência na carreira. Não é pouca coisa. 8,5/10

sábado, 25 de setembro de 2010

Badly Drawn Boy - It's What I'm Thinking Pt.1 - Photographing Snowflakes


Damon Gough é mais uma vítima da velocidade em que a cena pop descarta suas apostas; em 2000, esse inglês do norte foi alçado a uma categoria especial por seu primeiro disco, The Hour Of Bewilderbeast, vencedor do Mercury Prize daquele ano. Damon aparecia como um compositor trabalhando em um campo infértil até então na ilha britânica: com sabor indie e lo-fi, soava menos sério e circunspecto do que outros singer-songwriters. Como uma mistura de Beck com Elliot Smith, bebendo também em fontes locais, Badly Drawn Boy, sua alcunha artística, era a bola da vez: seu trabalho subsequente foi prover canções para a versão cinematográfica de About A Boy, romance de Nick Hornby. Parecia o ápice de sua carreira em termos de balanço entre reconhecimento da crítica e espaço no mainstream. No mesmo ano de 2002 foi lançado seu terceiro álbum, Have You Fed The Fish, subestimado pela crítica. Daí em diante, pouca gente se importou com seus outros dois discos, lançados em 2004 e 2006, respectivamente. Damon parecia desaparecer para uma categoria de artistas precocemente laureados, afundando-se em auto importância e falta de inspiração. Quando ele anunciou que trabalhava em uma trilogia, num recente fluxo de criatividade, bocejos surgiram. Entretanto, Photographing Snowflakes se impõe como uma verdadeira ressurreição artística após longo inverno. O frescor das músicas de seu debut reaparecem agora acompanhadas de uma concisão estilística: vinhetas dispensáveis são coisa do passado: aqui voce encontra dez canções trabalhadas com belos arranjos, sim, mas sem desperdício algum. É como o encontro da inocência do primeiro disco com as ambições mais diversas de Have You Fed The Fish. A mão de Gough para esculpir melodias bonitas reaparece adornada por uma recem adquirida confiança; a idéia era capturar um momento, gravar as músicas de forma dinâmica, como ser capaz de enxergar a mente e o coração do compositor em pleno funcionamento, e registrar isso em disco. Um trabalho tão difícil quanto fotografar os flocos de neve do título. É exatamente essa imagem que inspirou Damon a nomear esse álbum. O risco era soar incompleto, incipiente; a vantagem era reaver a simplicidade que o levou a ganhar o Mercury Prize. A inocência foi embora, as emoções agora são revividas de forma menos entusiástica, mais "adulta"; há momentos em que Damon soa mais como um cantor calejado, ainda queimando internamente, gerando uma narcótica beleza melódica entre violões, slide guitars, e letras mais realistas como em A Pure Accident: "The feeling comes from nowhere / and it takes you by surprise.../ from the ashes we will rise". Sonicamente o álbum lembra os momentos mais bucólicos do segundo álbum do Wilco, com acenos ao folk, ao country-rock e o pop. O início com Safe Hands estabele o padrão: desenrolando lentamente seu apelo na letra " I need you to help me", Damon Gough serpenteia entre a desilusão e a esperança, num folk desmontado e fragmentado. Too Many Miracles é o momento mais pop, com violinos e ambiente quase psicodélico desembocando numa gema á la Brian Wilson. Nem sempre a alquimia funciona perfeitamente, o que faz a segunda metade do álbum ser ligeiramente inferior á primeira. Mesmo assim, é um trabalho surpreendente, repleto de momentos belos e inspirados. Não é um retrato perfeito de um floco de neve em movimento, mas a tentativa resultou em outra imagem, imperfeita e humana. 8/10

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Foals - 2 Trees Video

Total Life Forever, segundo disco do Foals, já foi elogiado por esse blog. Quase chegando ao final do ano, o álbum permanece sendo um dos dez melhores lançamentos de 2010. A canção abaixo ajuda a entender o porquê:

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Egyptian Hip Hop - Some Reptiles Grew Wings

Uma vez superada a desconfiança inicial com o nome engraçadinho, essa banda de Manchester convence plenamente em seu primeiro EP. As quatro músicas caminham pelo espaço já bem populoso de inserção orgânica da pegada indie-roqueira com a eletrônica; como uma resposta britânica ao psych-pop ianque, só que de raízes mancunianas na levada melódica de Rad Pitt, por exemplo: Delicadamente ornada por riffs de guitarra construídos debaixo de uma chuva fria, teclados e percussão mantem o ritmo da canção. Middle Name Period é um instrumental de orientação cósmica, baixo trepidante e desorientação rítmica, numa tentativa de germanizar um pouco, a banda acaba errando o caminho e se aproxima dos heróis locais do 808 State. O mais interessante é que, em apenas alguns poucos minutos, somos levados á listar referências diversas e admirar a cara de pau desses caras em não esconder certa preguiça e desprezo com coisas como "coerência estética e formal". Espero que eles tenham mais alguns truques para o primeiro álbum. Abaixo, os vídeos para Wild Human Child, single que precedeu esse EP e Middle Name Period 7/10


quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Soko - I'll Kill Her

Stephanie Sokolinski, mais conhecida simplesmente como Soko, fará apresentações no Brasil nos próximos dias. Não conhece? Não esquenta, porque na verdade Soko só possui um EP lançado em 2007 (Not Sokute) e algumas novas canções na sua página no Myspace. É que a francesinha também é atriz e parece dedicar mais tempo aos filmes do que á criação de músicas. Ela estará em São Paulo na quinta dia 30 de Setembro, em apresentação conjunta com a dupla sueca Taxi Taxi! no Sesc Pompéia. Confira aí uma versão acústica de I'll Kill Her, quase hit da Soko:

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Garotas Suecas - Escaldante Banda


Grandes expectativas quase sempre acabam gerando aquela sensação de desapontamento, mesmo que parcial, diante de um disco, filme, livro muito hypado previamente. Tive esse receio quando Escaldante Banda chegou aos meus ouvidos: o pessoal do Garotas Suecas já haviam conquistado espaço pelo Brasil e até chegou a ter seu show recomendado no SXSW; o punhado de músicas que estavam disponíveis demonstravam uma bela mão para sintetizar o groove psicodélico, fosse de origem garageira americana, dos Mutantes, ou do funk-soul piradão e da singeleza da Jovem Guarda. Os shows sempre foram uma celebração enérgica. Então, eu não esperava nada menos que um debut muito bom: eles tiveram tempo para encontrar o seu próprio caminho, com um time entrosado pelas inúmeras apresentações por aí. Mas, e se, nesse período, eles piraram e resolveram tocar, sei lá, um jazz-bossa nova, ou algo mais dissolvido e domesticado? Aperto o Play: Tudo Bem chega chutando a porta com os dois pés, escancarando que a alquimia do grupo está funcionando a plenos vapores: introdução sixties, levada irresistível e nenhum sinal de tirar o pé, refrão bombado e esperto. Pelo contrário, eles estão tão confiantes que a fórmula parece ter sido inventada pelos caras. Se não foi, não há ninguém por aí para contestar que o rock-soul-garage-psycho-indie-jovem guarda deles soa imbatível. Banho De Bucha chacoalha até o osso mais duro,e Ela mostra que é possível ser baladeiro e romântico, com letras como:"Quando eu me perco / ela é a minha orientação / e ela me pediu pra escrever uma canção". Boquiaberto, siga intoxicado por Não Se Perca Por Aí, que o Zutons mataria para ter escrito. Ares mais psicodélicos invadem Voce Não É Tudo Isso Meu Bem, balanceando o ritmo do álbum. Mercado Roque Santeiro é a Batmacumba dos anos 2010, brasileiríssima e roqueira. A segunda metade do álbum não decepciona, apenas denota pequenas nuances, que enfatizam a máquina azeitada de uma banda encontrando uma produção á altura: seja um teclado inserido com maestria, os riffs afiados ou o trabalho dos metais, há até uma certa state-of-the-art presente aqui. Portanto, minhas dúvidas do início dessa resenha foram pulverizadas por completo: Escaldante Banda é tão bom quanto poderia ser. Apenas me pergunto: qual será o próximo passo? Dominação mundial? 9/10


Garotas Suecas - Mercado Roque Santeiro by okannie

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Bilionário e Weirdo - The Social Network


Um dos mais aguardados filmes de 2010, The Social Network estréia nos EUA dia primeiro de Outubro. Se voce esteve hibernando nos últimos meses, saiba que o filme contará a trajetória dos fundadores do Facebook, de nerds a bilionários. Será baseado no livro The Accidental Billionaires, de Ben Mezrichs. Mark Zuckenberg, figura central da trama, não pareceu muito entusiasmado com a iniciativa de se ver em uma película, já que o livro não o retrata como um herói sem defeitos. Nada que o incomode muito, já que como criador e atual CEO do Facebook,Inc, Zuckenberg possui uma fortuna estimada em 4 bilhões de dólares. O filme contará com Jesse Einsenberg, Justin Timberlake e será dirigido por David Fincher ( Clube Da Luta, Seven, Zodíaco ). A trilha ficará por conta de Trent Reznor. No trailer abaixo, ouça também Creep, do Radiohead, numa versão do grupo belga Scala & Kolacny Brothers.

domingo, 12 de setembro de 2010

Holger - Sunga


Quantas bandas já viram o instante do nascimento da inspiração gerar uma corrente de animação e depois esquecer que "promissor" e "primoroso" são apenas palavras que soam similares? O entusiasmo de alguns fãs já foi o obstáculo maior de uma boa dezena de grupos independentes. Parece ser um caminho que começa com boas demos, shows empolgantes, alguma divulgação na web e um precoce desejo de "viver o momento"; após algumas noites insanas, o que resta são pequenos traços de cocaína em seu exame de sangue e um punhado de canções que, com algum trabalho, poderiam ser boas de verdade. Já o caminho inverso, o de trabalhar imensamente para fazer valer o lema 'no pain, no gain" pode ser recompensador. O Holger nunca dormiu em confortáveis elogios, e aqueles sinais de que havia ali um potencial gerador de hits foram sendo cirurgicamente costurados. O primeiro disco chega agora, depois de a banda acumular um contínuo processo de melhora. Não apenas a energia, os ganchos pop e os ataques guitarrísticos á la Grandaddy do início permanecem, como uma nova e refrescante aproximação com o pop tropical surge gloriosamente. Não se trata de uma reinvenção total, mas o resultado de uma junção orgânica entre o indie rock praticado nas ultimas décadas filtrados por ouvidos brasileiros. Espalhados pelo disco estão andamentos quebrados do afro-pop, melodias tortuosas, pandeiros, teclados e refrões gigantes se moldando ao Holger tradicional, de hábil construção guitarra-baixo-bateria. No Brakes abre o disco como um lento desembrular de um presente que se sabe promete ser lindo: dá a senha para a sequência de She Dances e Let'em Shine Below, que eleva o astral na mesma velocidade em que se nota a confiança dos caras na execução. Toothless Turtle é o amálgama perfeito do Holger sendo pop, indie, afrobeat num ataque desenfreado de rock. Temos registrado em disco um pouco do barulho incontido produzido por eles nas apresentações ao vivo, o suficiente para que essas músicas pareçam imprevisíveis e empolgantes. Trata-se, amigos, da rara oportunidade de ver uma banda se desenvolver como um organismo vivo, crescendo e se aperfeiçoando. Em Sunga, eles já são primorosos. 8/10

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Everything Everything - Man Alive


As descrições do som dessa banda são tão variadas que, antes mesmo de ouvir o disco, voce coça a cabeça pensando: "Mais uma banda cheia de informação sem saber o que fazer com isso" ou "pretensiosos" ou, simplesmente "deve ser chato". Confesso que, na primeira audição, as concepções acima pareciam corretas: Harmonias vocais pomposas, batidas eletrônicas, ocasionais apelos ao afro-pop, teclados demais, letras cheias de citações...um art-pop bem produzido e sem alma. Mas esse pessoal do norte da Inglaterra tinha mais a oferecer. Uma nova audição permitiu a revelação de camadas refinadas de um pop mais esperto do que "inteligente". Parte do DNA do Everything Everything reside em outros construtores de canções multifacetadas: XTC e Blur , cada qual operando em seus próprios ambientes, experimentaram a mutação da tradicional linha genealógica da música britânica. O EE nasceu em outro ambiente, em um cenário já pouco definido, fazendo com que os delírios de testar a elasticidade e os extremos do pop soassem diferentes. De fato, difícil alinhar essa banda com outras contemporâneas: Field Music, pelas harmonias vocais e classicismo melódico; Yeasayer, pelo psych-electro-pop; Vampire Weekend pela aproximação com as cores mais oitentistas do world-pop. Exceto que Man Alive não é nada parecido, como álbum mais do que canções separadas, com essas outras bandas. Talvez ser cabeçudo e nerd exija um certo grau de coragem e auto-confiança na música: conhecer tanta coisa e não ter vergonha dessa obsessão pode acabar resultando em uma banda apreciativa e fria. Juntar isso com talento e certa arrogância pode acabar como um caleidoscópio; o Everything Everything é dançante sem ser descarado, pop sem referências muito óbvias, e toca como uma banda de indie rock, com desapego e suor em doses certas. MY KZ YR BF e Schoolin' chacoalham sutilmente, Qwerty Finger é frenética e coloca frente a frente os vocais harmonizados em trio com um começo rock para desaguar num final inesperado; Sufragette Sufragette é um Foals fazendo jam com o Queens Of Stone Age(!?); Leave The Engine Room é bonita e desacelerada; Impressiona que, apesar desses pontos altos se destacarem, as outras músicas não são apenas coadjuvantes menores, há sempre uma emoção diferente reservada para aqueles que suportarem um inicial estranhamento. Nada mal para um debut; á sua própria maneira, Man Alive é um delicioso prato a ser degustado com calma. 8/10

Marina And The Diamonds - Shampain


Palavras não são necessárias quando essa galesa chamada Marina Lambrini Diamandis aparece cantando seu novo single Shampain: como o planeta ainda aprecia estrelas pop cheias de pose e nenhum talento enquanto Marina arrasa a cada passo dado sem ser percebida pelo grande público é um mistério. Mas aqui nós a amamos:

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Goldie, Gangues E O Futuro De Noel Gallagher

Por volta de 1994-1998 a Inglaterra fervia com o Britpop de Oasis, Pulp, Blur, com o filme Trainspotting, com a moda, os trabalhistas de volta ao poder e os pubs recheados de celebridades desse mundinho, mas também com a ascensão da música eletrônica com o Prodigy e os Chemical Brothers. O lado underground da eletrônica era o jungle/drum 'n bass, gênero em que reinava um certo Goldie. Seu álbum Timeless foi até recebido com certa euforia na época. Em 98, ele lançou um single com o Noel Gallagher - Temper Temper - época em que o Cool Brittania já ia se afundando na tensão pré-milênio do OK Computer. Bem, os dois personagens vivem hoje situações diferentes, assim como a sociedade jovem na Inglaterra: Noel disse adeus ao Oasis, e prepara sua carreira solo: não sabemos se Noel seguirá a cartilha professada pela sua antiga banda e se agarrar ao rock "neanderthal"ou suas preferências mais diversificadas darão as caras - hip-hop com Neil Young? Dubstep com The Jam?. Já o Goldie vive um drama pessoal: a onda de gangues juvenis na Inglaterra atingiu sua família: Jamie Price, seu filho, foi sentenciado á prisão perpétua por assassinar Marlon Morris em agosto de 2008. Jamie esfaqueou Morris quatro vezes. Eles pertenciam a gangues rivais: Pendeford Crew e Heath Town. O juiz relatou ao ler a sentença: "A recusa das gangues em aceitar as leis, aliada ao fato de desejarem impor seu próprios métodos anárquicos, não pode ser tolerada pela sociedade. Num caso como esse, não há vencedores, apenas perdedores. Todos os envolvidos aqui tiveram uma perda, uma perda significante, seja pela sentença de vida (encarcerada) ou de morte". Coisa pesada. Adeus tempos festivos, conheçam a Inglaterra dos conservadores no poder, e as tensões entre imigrantes, economia frágil e jovens perdidos. Ainda acho Temper Temper ótima: tem mais a ver com o clima pós-tudo de hoje.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Kaya Scodelario + Camisa Xadrez

A Effy da segunda geração de Skins será a Catherine da nova versão de Wuthering Heights (do romance de Emily Brontë), seu primeiro papel como protagonista no cinema. O filme será lançado em 2011. Também está no elenco de Shank, filme já lançado (na Inglaterra) sobre gangues nas ruas de Londres.

domingo, 5 de setembro de 2010

The Charlatans - Who We Touch



Sobreviventes: essa é a melhor definição para os Charlatans. Os caras surgiram no vácuo do sucesso do Stone Roses no final dos anos oitenta e estão lançando seu décimo primeiro álbum. Nesse processo, sobreviveram a morte do verão do amor mancuniano, á invasão grunge, ao Britpop nascendo e morrendo, á nu-rave, aos Strokes, ao Libertines e a perda de Rob Collins, tecladista que faleceu em um acidente de carro em 1996. Com uma discografia relativamente sólida, a banda nunca decolou: sempre são considerados sub- alguma coisa. Já foram acusados de imitarem os Roses, o Oasis, o Primal Scream...improvável que Who We Touch, disco que falaremos aqui, reverta essa sina.

Depois de flertarem com o reggae (!?) em Simpatico e lançarem o regular You Cross My Path, o Charlatans parecia caminhar para o fim de carreira. Talvez a total falta de expectativa em relação a um novo lançamento tenha ajudado a refletir o estado de surpresa e perplexidade diante do poder de Who We Touch. O primeiro single, Love Is Ending possui uma introdução cacofônica, uma levada Sex Pistols nos riffs, clima Joy Division e refrão Britpop. Mais do que um apanhado de clichês, no entanto, a música mostra uma banda com toda a expertise de anos tocando, mas com o vigor adolescente da fúria e entusiasmo. É um cartão de visitas que poderia deixar as demais canções menores em comparação, mas My Foolish Pride segura a onda como um velho Charlatans na levada de teclados e construção melódica bonita desaguando no refrão pop. Outras pérolas estão espalhadas pelo álbum: Your Pure Soul mostra Tim Burgess carregando os versos com uma leveza que muita gente não acreditaria ser possível quando era rotulado de imitador: " I'm tired of myself /tried to control/your pure soul". Uma trinca impecável, abrindo um album que, a princípio, não prometia nada a não ser nostalgia. Smash The System volta a um caminho mais escuro, equilibrando a metralhadora pop inicial. Lenta, climática, com incrível trabalho instrumental da - desculpem o exagero neologístico - cozinha charlataniana - vai intoxicando o ouvinte lentamente. Intimacy também é criada como uma melodia circular, psicodélica, com um clímax repentino, como uma explosão de cores num cenário antes sombrio. A segunda parte do disco retoma o clima rocker do baixo trepidante, enquanto Burgess vai brincando com o vocabulário em Sincerity. Outra característica do grupo, os teclados marcando a melodia, fica evidenciada, caso o ouvinte desavisado acredite estar ouvindo uma banda recém saída da escola. A coesão de Who We Touch nos obriga a praticamente citar todas as suas dez canções, o que é bastante incomum.

Mas o título de melhor fica mesmo para Trust In Desire: a melhor composição do Charlatans desde o álbum Tellin Stories (1997), é aquele hit que eles sempre ficaram devendo para realmente estourar comercialmente fora da ilha. Linda, liricamente ispirada: " And in my dreams/ you kiss my head/ for all my little victories... Trust In desire/ i will follow you / I will inspire you / will you help me too?"Infelizmente, o Britpop morreu há mais de uma década, então esse potencial single será destinado ao esquecimento. Diante dos fatos, não resta dúvida: Who We Trust é um dos melhores discos de 2010 que não aparecerá em nenhuma lista de melhores de 2010. E essa outra característica do Charlatans, a de subestimados provedores de belos discos sem reconhecimento nos leva a designar outro adjetivo a eles, como cantado em Trust In Desire: " A hero, a hero never dies". 9/10

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sofia Coppola, A Irmã Da Dakota e The Police = Somewhere


E o novo longa da Sofia Coppola foi exibido no festival de Veneza, com boa recepção. Trata-se de Somewhere, que fala da relação de um astro de Hollywood vivendo a rotina drogas, hotéis caros, strippers, bebidas, que é obrigado a reavaliar sua vida quando recebe a visita de sua filha de onze anos. Stephen Dorff e Elle Fanning (irmã mais nova da Dakota) são os protagonistas. Para muitos, é uma volta ao tema da solidão e das relações humanas mais sensíveis, como Lost In Translation. Vale observar a trilha sonora: Sofia já reuniu nomes interessantes anteriormente: Kevin Shields, Jesus And Mary Chain, Air, Aphex Twin já tiveram faixas em trilhas sonoras de seus filmes. E a música pop é parte importante das tramas contadas em seus longas. Para Somewhere, Sofia aproveitou a qualidade das músicas da banda de seu marido (Thomas Mars, do parisiense Phoenix), Foo Fighters, T Rex, Strokes, Bryan Ferry e The Police (So Lonely, tão apreciada por rádios "rock" brasileiras). Notícia ruim é que praticamente todas as músicas são bastante conhecidas.Vamos ver como são usadas na tela. O filme estréia em Dezembro nos EUA. Veja o trailer e o vídeo para Smoke Gets In Your Eyes, com Bryan Ferry e My Hero, do Foo Fighters, presentes em Somewhere:



quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Klaxons - Surfing The Void


Três anos, medidos pela velocidade particular do pop, é muito mais do que aparenta; em três anos, bandas iniciam novos debates, são incensadas, criam novos rótulos, se perdem no mundo das drogas, brigas internas e egos inflados, acabam, seus líderes lançam carreira solo, reúnem-se novamente, são deletadas de milhares de iPods, geram seguidores e relançam sobras de estúdio. E esse foi o tempo que o Klaxons levou para dar sequência ao seu disco de estréia. Pessoas balançando glowsticks acreditavam viver a era da nu-rave, lideradas pelo grupo londrino, juntando a energia encapsulada pela eletrônica e entregue por uma banda de garage rock, numa alquimia que revivia a lendária Manchester era Madchester do final dos anos oitenta. Evidente que tal euforia perdeu efeito mais rapidamente que um comprimido de químicos selecionados. Qual seria então a resposta do Klaxons para renascer e convencer os incrédulos? Muito se especulou sobre uma possível guinada, já vista com os segundos álbuns do The Horrors e do These New Puritans, em que tais bandas faziam um exercício de reforma e expansão sônica com resultados agradáveis. Os primeiros sinais de Surfing The Void, Flashover e Echoes, decepcionaram aqueles que compraram a idéia de reinvenção. As duas músicas seguiam a cartilha do primeiro álbum: canções de caminho construído para climaxes maníacos, baixo frenético, vocais quase ridículos e barulhos interferentes resultando de alguma forma num pop torto e intoxicante. A audição do álbum por inteiro só comprova a suspeita: o Klaxons não é uma banda tão volátil em operar em frequências diferentes, porque: sua frequência já é bastante peculiar; os caras preferiram um crescimento orgânico e talvez necessitassem de um período para reestabelecer a confiança em seu approach. A principal diferença para Myths Of Near Future talvez seja uma coesão maior, uma certa segurança nas ferramentas e uma execução mais hábil dessas idéias. Nesse sentido, a comparação mais certeira seria o Foals, cujo segundo álbum opera na mesma esfera: uma banda mais segura para tatear esquinas diferentes, mas inteligente o suficiente para não pisar em buracos na escuridão, aperfeiçoando a arte de seus primeiros álbuns. Para o Klaxons, possuir canções de qualidade mais uniforme, demonstrar pequenas nuances extras como em Venusia (balada extraterrestre, realmente), Twin Flames (o momento mais desacelerado, para respiro da galera) já é um passo importante. Há momentos aqui que te fazem sentir como o carona de um piloto pilhadão em um carro veloz: voce nao pode fazer nada em relação a um possível acidente, o carro raspa postes e lambe guard-rails, mas no final a jornada te traz mais emoções boas do que ruins. 8/10

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Jenny Lewis + Tilly And The Wall

Aproveitando que a ruivinha tem disco novo - Im Having Fun Now, em parceria com o Johnathan Rice - um registro do apreço de Jenny pelo grupo de Omaha .

Vai Tomando Qualquer Coisa Na Balada, Vai...

A dupla novaiorquina The Hundred In The Hands, formada por Jason Friedman e Eleanore Everdell pratica um electro-indie bacanão, mas eles preferem chamar de " house-gaze, Avant pop, Mutant Rn'B". O disco de estréia vai ser lançado dia 20 de Setembro pelo selo inglês Warp, dono de impressionante cast do primeiro escalão da eletrônica moderna. Olha o vídeo para Pigeons aí embaixo; a menina tá na balada e então...

James Dean Bradfield's Moods

ANXIETY
SADNESS
ENTHUSIASTIC