Quando essa banda de Southend-On-Sea, Inglaterra, comentou que seu segundo álbum estava sendo composto principalmente pelo fagote, prevíamos um exercício bizarro de art rock pretensioso; o primeiro disco, Beat Pyramid (2008), mesclava batidas eletrônicas e intervenções de guitarra angulares, mas prometia mais do que entregava, um típico caso de muitas idéias e pouca coesão. Imaginar essa bagunça sendo levada á construção de canções num instrumento tão clássico como o fagote sugeria uma grande bomba. Bem, parece que subestimamos esses garotos (e uma garota). Metodicamente planejado, Hidden praticamente sumiu com as guitarras, inclui o tão falado fagote, mas principalmente tratou de ser uma obra percussiva e rítmica, desprezando coisas ultrapassadas como refroes e melodias. O mais impressionante é que a inclusão de tambores japoneses, beats secos e versos repetidos de forma insistente não se traduz em excesso: ao contrário, TNPS parece preencher espaços cirurgicamente, sem que haja desperdício de energia ou intervenções instrumentais inócuas. Soar diferente já pode ser um ponto positivo, mas apenas praticar experimentações pode te colocar perigosamente perto de um estilo musical macambúzio como o jazz. Não, isso não é jazz. Nem electro, dubstep, indie rock, britpop, grunge...Há muito tempo não ouvia uma banda aparentemente "normal" trafegar pelo lado escuro da música pop: uma guinada mais á esquerda, entre visões narcolépticas e violentas do mundo ao redor. Talvez o espírito de Bristol ancestral (Massive Attack), Asian Dub Foundation e XTMNTR, do Primal Scream esteja presente. Mas o som foi vomitado diferente. Art-rock aqui não significa um grupo de estudantes universitários frustrados com uma tendência para a auto-indulgência, mas sim um bando de nerds perfeccionistas com um talento para surpreender. Dispensável comentar faixas em separado, já que tudo soa melhor como uma só peça. Mas, ainda assim, cair no shuffle em alguma dessas faixas vai te fazer pirar. 9/10
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