quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Adeus Redson


Foi noticiada a morte de Edson Lopes Pozzi, o Redson, vocalista da banda punk Cólera. Redson faleceu nesta terça-feira, segundo informações do baixista Val Pinheiro na página da banda no Orkut. A página do Cólera no Facebook também divulgou a informação. A banda forma da em São Paulo em 1979 é uma das mais importantes do punk rock nacional. Álbuns como a estreia Tente Mudar o Amanhã (1984) e Pela Paz em Todo o Mundo (1986) são clássicos absolutos do rock brasileiro. O Cólera se mantinha ativo com algumas apresentações esporádicas. O último disco da banda é Deixe a Terra em Paz, de 2004. 

Há algumas semanas atrás, Tente Mudar o Amanhã voltou a ser um dos discos mais ouvidos por mim. A primeira vez que tive contato com o som do Cólera foi através da coletânea Ataque Sonoro (1985). A capa, as fotos dos integrantes das bandas presentes naquele vinil, as letras, a pegada, tudo me impressionou demais - eu era um molequinho acostumado a ouvir "Rock Brasil" nas FMs. Dá pra dizer que, alguns anos mais tarde, a força daquela experiência ajudaria a moldar muito meu comportamento e meu interesse por música. Recentemente pensei em entrar em contato com os caras da banda para conversar sobre formas de produção nos anos 80. Exatamente por isso - não só - estava ouvindo novamente com atenção o primeiro disco da banda. É com grande tristeza que sou obrigado a escrever a respeito do Cólera sob essa perspectiva: a perda de um dos grandes vocalistas e ícone torto que viveu na caótica cidade de São Paulo, e cantou sobre ela e sobre todas as questões que são jogadas com força na nossa cara com raiva, perspicácia e ternura. Adeus, Redson.
   

sábado, 24 de setembro de 2011

Los Campesinos! - By Your Hand video

Aperitivo para o novo álbum do pessoal de Cardiff, Hello Sadness, que será lançado em novembro no Reino Unido.By Your Hand será o primeiro single do disco.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

MarginalS - (disco sem nome)


Quem já teve a sorte de presenciar o encontro desses caras - eles vem tocando juntos desde setembro do ano passado - já teve um gostinho da diversão rica em texturas proporcionada por Marcelo Cabral (baixo acústico), Thiago França (sax, flauta) e Tony Gordin (bateria). Músicos de responsa que fazem ou fizeram parte de trabalhos (como produtores e/ou músicos) de gente como Kiko Dinucci, Instituto, Criolo, D. Inah, Rodrigo Campos, entre outros, montaram o MarginalS para exercer o improviso nas noites paulistanas. Com impressionante sensibilidade, o trio apresenta uma sintonia nos shows com uma combinação sinuosa de jazz, ritmos africanos ancestrais e seus descendentes norte-americanos, passando até pelo rock. Agora temos á disposição um registro dessa saudável simbiose em forma de disco. 

A fluidez do ataque da banda não é fruto de uma meticulosa investida em composições fechadas, mas sim uma verdadeira força do exercício livre: quando há citações de suspeitos usuais como Coltrane e Fela Kuti elas não são inapropriadas, mas o MarginalS vai além com acenos variados dentro de uma gama  variada de improvisações amarradas com muitos truques e habilidades. Sem dissonância, os ritmos se fundem de forma falsamente simplória, não fosse a raiz dessa simplicidade uma grande capacidade compreensiva acerca das subjetividades da música: a beleza está exatamente na maneira como o que, em tese, pode ser intrincado permanece como um coração pulsante em nossos ouvidos. Entortando pra balançar os pés e a cabeça com um mundo de informação e alma por dentro: uma boa síntese desse disco tão rico e instigante. 9/10 


Pra baixar a estreia do MarginalS, clique aqui.


O trio se apresentou no programa multimídia Cultura Livre, da Cultura Brasil: confira abaixo

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Manic Street Preachers + The The

Os galeses do Manic Street Preachers vão parar por um tempo. Antes disso, lançam uma nova coletânea: National Treasures - The Complete Singles trará os 38 compactos, cobrindo toda a errática e longeva carreira do grupo britânico. O novo single é um cover do hit oitentista This is The Day, do The The. O vídeo mostra imagens de arquivo da banda, incluindo os principais momentos da trajetória, sem esquecer do antigo letrista Richey Edwards. O Manics tocará todos os singles ao vivo, em apresentação única no mês de dezembro em Londres.

Projota - Não Há Lugar Melhor No Mundo Que o Nosso Lugar


Quarto trabalho do Projota (entre mixtapes e EPs), Não Há...encontra o MC da zona norte paulistana em grande forma, distribuindo versos contundentes entre as batidas produzidas, em sua maioria, por Laudz e DJ Caíque. A forma e a construção do disco denotam uma opção pela coesão: mais do que uma mixtape "costurada", há um verdadeiro senso de criação de climas e picos, o suficiente para equilibrar a distribuição das canções.

O hit Pode Se Envolver, carro-chefe da divulgação de Não Há...é uma das melhores músicas do ano: contando com a destreza de Projota e dona de belo flow e encaixe rítmico, pega logo na primeira audição; celebratória e contando a trajetória de "uns menino bom/que trabalha e faz um som", traz um retrato simples e sem retoques da periferia que trabalha e se diverte. Nós Somos um Só é bonita no invólucro, mas como um bom rap, carrega nos versos o peso de imagens pouco agradáveis da desigualdade: uma mensagem de persistência diante de obstáculos quase intransponíveis. Recado claro: "Não lute contra mim enquanto existem tantos Kassabs por aí". O tal equilíbrio aparece na sequência, com Mais do Que Pegadas: positivo depoimento de sua trajetória no rap, aliviando um pouco o soco mas sem perder o punch. Resident Evil foge dos clichês no trato com o tema do crack consumido por centenas  nas ruas das imediações do centro de São Paulo (não só): " coração bate/o cérebro lateja/a alma flutua/o corpo rasteja/vidros sobem, a noite cai/ o resident evil tá la fora, não sai". Rap do Ônibus é mais um retrato do trabalhador comum destratado no transporte público: "Dá mais trabalho chegar no trabalho do que trabalhar". Vai Clarear funciona melhor do que livros de auto-ajuda ou vídeos corporativos sobre superação: a realidade contada é mais dolorosa, porém muito mais efetiva. Há beats que se alternam entre o acompanhamento e a quebra, refrões fortes e passagens mais dark, tudo funcionando. A segunda metade do disco segue em alto nível, entre a diversão de Azz Veizz e suas mulheres quase impossíveis, os violões de Carrinho de Feira, a insistente batida da romântica A Cama e a épica Em Volta da Fogueira.

Projota realizou um trabalho bastante sólido, recheado de pancadas e beleza, com uma grande perícia característica dos grandes MCs. Pra quem ainda insiste em enxergar o rap como um alien a ser analisado não por seus méritos musicais mas como um estudo político-social  um pedacinho de contexto:

" E sempre tem alguém pra falar mal/impressionante mesmo é que quem fala raramente tem moral" 8/10  

Clique aqui para baixar a mixtape.  

Arctic Monkeys - Suck It and See It video

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A ambição do Kasabian, a energia do Wild Flag

Dois discos com lançamento dentro dessa semana merecem a atenção, por motivos diferentes: Velociraptor!, quarto disco dos ingleses do Kasabian, e a estreia das americanas do Wild Flag. Propostas e situações com pouca coisa em comum, mas com bons resultados:


Desde o fim do Oasis a Inglaterra parece sentir a falta de uma grande banda de rock, que opere com grande aprovação popular e seja capaz de alinhar a urgência juvenil em escala maior. É bem verdade que a banda dos irmãos Gallagher andava devendo melhores álbuns, mas seus shows ainda eram capazes de mobilizar mais do que saudosos; bandas como o Arctic Monkeys e os novatos do Vaccines muitas vezes se vêem presas aos rótulos da imprensa britânica, e o sucesso de Coldplay e Muse não se distancia muito da roupagem de bandas como o U2. Falta mais sangue, boas canções e desejo de  ser mais do que a sensação indie. O Kasabian parece ter se preparado para ocupar esse espaço. Seus dois últimos álbuns alcançaram o primeiro lugar da parada britânica, mas Velociraptor! parece ser o mais coeso trabalho dos caras. 

Utilizando uma alquimia que reúne Kinks, Who, psicodelia e acenos para o rock dançante-agressivo - não diferente dos trabalhos anteriores - o Kasabian entrega um disco redondo, equilibrado entre rocks-hino   (Days Are Forgotten, Velociraptor!), baladas (Goodbye Kiss) e pequenas peças pop levemente intrincadas (La Fee Verte, Acid Turkish Bath). Sem desperdiçar nenhum momento e enxugando possíveis gorduras, Velociraptor! só pode ser criticado exatamente por seguir uma fórmula e produção que favorecem uma certa uniformidade asséptica, algo que se anula pelo poder das ótimas composições. É improvável que sejam aceitos no mercado norte-americano, mas sua influência e popularidade na ilha devem crescer ainda mais. 8/10  




O primeiro disco do Wild Flag possui um tipo de sonoridade forte que só a experiência anterior de suas integrantes pode explicar: Carrie Brownstein e Jante Weiss tocaram no Sleater- Kinney, Mary Timony era a líder do Helium e Rebecca Cole foi do The Minders. Dá até pra chamar de supergrupo, exceto pelo fato de que, mais do que um projeto de resultado díspare, o Wild Flag se parece mesmo como uma banda, uma unidade funcionando em alta rotação. Com dez músicas e duração parecida com os antigos LPs - direto, cru e adequado - a estréia das garotas de Portland e Washington D.C. surpreende pelo frescor: ao invés de veteranas do underground atirando suas últimas pedras, o Wild Flag é mais um renascimento criativo (embora Mary tenha uma boa carreira solo).

Integrando uma costura de guitarras duelantes, abrasividade e melodia, há muitos ganchos aqui para prender o ouvinte, mesmo após diversas audições. Romance é uma furiosa releitura new wave, Glass Tambourine se aproxima de um garagismo sixties, Endless Talk é rock setentista, Short Version é meio que tudo isso junto mais pós-punk. Sem se apoiar em referências óbvias, o Wild Flag vai flertando com extrema facilidade num universo rocker sujão e pop ao mesmo tempo. O que é objeto de extremo esforço para algumas bandas, é realizado como quem nem se importa pelo Wild Flag. Provavelmente porque elas realmente não tem mais paciência para expectativas e operam com consistência no cenário independente americano .Discão. 8,5/10  

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Rosana Bronks - Frenesi vídeo

Clipe da música nova do Rosana Bronks, aquecendo para o disco novo, sucessor de Jogar Pra Ganhar (2007) que deve sair em 2012. Participação da cantora Drica Rizzo:

domingo, 11 de setembro de 2011

Wilco - The Whole Love


A banda de Jeff Tweedy vai resistindo ao tempo e ao escrutínio daqueles que se encantaram pela fase encapsulada a partir do quarto disco (Yankee Hotel Foxtrot, 2002), quando o Wilco se tornou uma banda mais "séria", capturando alguns experimentalismos com a ajuda do produtor e multi-instrumentista Jim O'Rourke. Até então, os álbuns dos caras de Chicago arranhavam os vestígios do alt.rock, mas mergulhavam sem vergonha em uma busca pela perfeição dos elementos básicos do rock. Melhor exemplo: Being There, de 96. A fase anos 2000 trouxe prêmios e mais elogios da crítica para a dupla Yankee / A Ghost Is Born (2004). O problema de se posicionar como uma banda de rock vanguardista - ou chata, dependendo de quem compara - é exatamente o patrulhamento daqueles que sempre esperam que o próximo disco seja uma espécie de afirmação definiva. Tweedy tratou de evitar tais especulações com Sky Blue Sky (2007) e Wilco (The Album)  (2009), discos "pequenos" e sem a mesma ambição. O único problema desses trabalhos não é a ausência de toques experimentais mas a falta de inspiração de algumas músicas, resultando na irregularidade. Em uma análise mais sensata, Tweedy estava em um período de transição criativa, exercitando seu poder de escrever boas canções com poucas intervenções de estúdio. Funcionou como ensaio para The Whole Love, como veremos a seguir:    

Art Of Almost, com sua eletrônica fria e germânica parece indicar uma volta aos tratados de estúdio, porém a música vai se desdobrando em algo mais orgânico, de forma que há um equilíbrio final elegante e calcado apenas em uma composição firme. I Might encontra o "velho" Wilco desenhando um pop redondo recheado com uma construção - ou reconstrução - de riffs e linhas de baixo soltas, emolduradas apenas pelos teclados.A leve psicodelia de Sunloathe reafirma a impressão de um Jeff Tweedy focado e longe da letargia. Até mesmo a simplicidade de Dawned On Me é entregue com mais energia e entusiasmo, versos, pontes e refrão trabalhando direitinho. Black Moon traz de volta a melancolia em um folk de arranjos densos: há uma química funcionando perfeitamente, a voz de Tweedy conduzindo uma espécie de valsa, com a steel-guitar e os dedilhados de violão. Uma aproximação com a emoção mais simples e a pegada de um par de versos adequados traz o brilho de Open Mind: não é apenas com intrincada combinação que se faz um disco vencedor.Standing O despeja um glam-rock destemido, seguido por Rising Red Lung, o tipo de minimalismo folk que atinge o ouvinte com a mesma eloquência da canção anterior: escalas diferentes, efeitos iguais. One Sunday Morning encerra o álbum com 12 minutos de delicada e insistente beleza: sem apelar para nada além de uma canção circular, o Wilco finalmente se livra de uma incômoda seca de trabalhos inteiramente convincentes. 

The Whole Love se insere na prateleira cada vez menor de discos de rock adulto: longe do superficialismo ou da redoma de ar rarefeito dos círculos indies atuais, longe do cabecismo que o próprio Wilco já flertou. 8,5/10 
     

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Kate Moss ainda é rock'n'roll...


...pelo menos para a empresa de cosméticos inglesa Rimmel, que a convocou para sua nova peça publicitária. Kate invade uma sessão de estúdio dos Vaccines e tenta tocar If You Wanna com os caras. Antes disso ela trolla outras modelos ao som de White Stripes (Little Bird), e no fim pega um helicóptero com Brian Jonestown Massacre (Oh Lord) de trilha. Business as usual.