segunda-feira, 25 de julho de 2011

God is back! Noel Gallagher - The Death Of You And Me video


Single do disco The High Flying Birds, estreia solo de Noel Gallagher, The Death Of You And Me sai oficialmente dia 21 de agosto. O album sai dia 17 de outubro. O vídeo já está por aqui, e parece que o Beady Eye acaba de se tornar totalmente irrelevante mesmo...

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Eleanor Friedberger - Last Summer


Metade do cultuado Fiery Furnaces, Eleanor lança seu primeiro disco solo. A banda continuará viva, mas Last Summer pode ser um passo adiante com potencial para ofuscar futuros lançamentos do Fiery Furnaces. Com mais de dez anos de prolífica carreira, o grupo de Eleanor e seu irmão Matthew sempre explorou a maior quantidade de referências e experimentalismos dentro dos álbuns, com resultados que sempre intrigavam: é como se as canções do Fiery Furnaces explorassem pontos dissonantes e enterrassem um brilho melódico nunca totalmente exposto.

Eleanor trabalhou no disco praticamente sozinha, sem mostrar o processo para seu irmão e parceiro de composição. Um desafio a mais, que resultou em um disco que inverte o processo experimental: é um compêndio de brilhantismo pop, que esconde pequenos desafios dentro das canções. Dessa forma soa mais maduro e emocionante do que os oito discos lançados pela dupla de Chicago (vivem em Nova Iorque).

My Mistakes abre com excelência um disco que reserva ao ouvinte um bom número de surpresas e ganchos: como uma aventura new wave de aceno ao rock setentista também, a música encaixa arranjos tão fluidos que surpreendem (o sax se inclui ao invés de interromper histrionicamente a canção) . Inn Of The Seventh Ray é construída como uma canção glam mas passeia por novos territórios e despeja climas sobrepostos, com partes diferentes sendo inseridas com precisão; Heaven escancara a ambiência mais sessentista e soft, com pés na psicodelia e riqueza de instrumentação. Roosevelt Island começa com cheiro de disco music decadente com seu baixo de funk branco mas se desnuda no refrão com violões e sintetizadores cheios de vapor. One-Month Marathon mostra Eleanor languidamente cantando "queria que fosse novamente apenas você, eu e Liza...posso ver através de seu espelho?...não estarei vestindo absolutamente nada " enquanto o relato é levado por uma base acústica que é acompanhada por batida marcada e slide guitars. Owl's Head Park te leva para a metrópole ao som de arranjos delicados, entre o orquestral contido e Eleanor cantando livremente como uma Patti Smith jovem.

Last Summer é dos mais intrigantes discos do ano, um daqueles que explora aspectos musicais e sensoriais a cada canção sem perder de vista um controle coesivo; Eleanor possui um repertório sólido, de canções bem construídas, mas adiciona diversos pedaços de beleza melódica com mais do que meros enfeites, mas verdadeiros regalos inseridos ao longo do álbum. Invertendo a lógica de sua banda (experimentalismo com aceno pop), Eleanor se mostra uma compositora de rara habilidade ao combinar pop objetivo e direto com instrumentação e arranjos de um subjetivismo riquíssimo. 8,5/10

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Ordinária Hit - Funcionário


O aspecto político na música brasileira sempre vagou pela poesia que floreia mas não escancara, ou em relatos sociais que embutem comentários políticos. O medo de ser incorreto demais ou a vergonha de soar panfletário e infantil talvez expliquem a falta - ou escassez - de críticas ou posições deliberadamente abertas quanto á política. O Ordinária Hit lançou um EP chamado 3, em referência ao aumento do preço da passagem de ônibus em São Paulo. Esse álbum, Funcionário, foi lançado no dia do trabalhador. Não espere a groselha rock brasil 80 nem nas letras nem no som desses caras, no entanto.

Com frases curtas como intervenções, e uma sonoridade repleta de tensão, sujeira e riffs lancinantes, que operam entre o pós- punk e a no wave, Funcionário é um retrato musical da relação de trabalho e perda de humanidade. A ambientação relembra a confusão e a inconsistência dos padrões impostos, os vocais soam como ordens gerenciais; basicamente, é um dia no escritório, no que restou de não-robótico no chão de fábrica ou no carroceiro que é açoitado pelo sol e por motoristas apressados.

São onze faixas trabalhadas de forma extremamente coesa: a banda investe no equilíbrio entre o violino (sim), a guitarra, o baixo e batera, os vocais; algo de sinistro e incômodo percorre as canções, o que permite que se enxergue a grande qualidade do disco: transportando a dureza e a resistência como faces indissociáveis do labor atual, o Ordinária Hit criou a trilha sonora adequada para o endurecimento das almas. 7/10

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A música de hoje e o jornalismo "com delay"

Jornalista brasileiro respondendo questão proposta pela Pitchfork

Inicialmente esse post seria sobre os melhores discos do ano até agora, aquela coisa que os blogs e revistas fazem pra chamar a atenção e gerar acessos. Mas eu desisti. Primeiro porque deu preguiça, mas o motivo verdadeiro reside não na falta de entusiasmo com a produção musical disponibilizada nos últimos seis meses; consigo citar pelo menos cinco discos, entre nacionais e gringos, que me fazem sorrir só de lembrar que eles existem. Praticamente clássicos instantâneos. Citá-los seria trair a premissa inicial (ou retomar a idéia primordial, já não me lembro). Fato: existe boa música e motivos pra curtir. Mas então porque, quando lemos o conteúdo entregue por aqueles que filtram e analisam a arte (os "especialistas", críticos, escribas, qualquer coisa) bate aquela sensação de desgosto? Vou tentar descobrir, dentro da minha mente, enquanto escrevo esse texto.

Primeiro: digamos que há concordância em relação ao estilhaçamento do pop atual: uma geração inteira teve acesso a uma enorme quantidade de música, e eles estão criando coisas que se posicionam entre décadas diferentes. Aparentemente, uma coisa boa: sem barreiras e preconceitos, poderíamos ouvir novos talentos com grandes coleções de discos em um único HD. Mas reside aí o primeiro fator de preocupação: vejamos, antes tínhamos que realizar as mais bizarras aventuras para descobrir sons feras, porque o acesso era limitado. Havia um processo de depuração, digamos, que levava o nosso cérebro para um crescente estado de curiosidade e inserção de novas informações. Agora a coisa é toda despejada de uma só vez: o moleque vai lá e vasculha a produção de hip-hop da costa oeste nos anos 90 de manhã, jazz latino dos anos 60 á tarde e o college rock noventista de noite. De madrugada, pega o laptop e a guitarra e começa a criar.

Acho que basicamente estamos falando de talento e esforço. Gente que possui enorme conhecimento musical pode ser incapaz de entregar uma nota sequer com inteligência, mas o contrário também é verdadeiro. Então não mudou nada em relação ao passado pré-internet? Mudou, sim: tribos musicais resistem pouco, e a música produzida atualmente chacoalha entre revivalismos diversos e tentativas de vanguardismo, mas até aí é consequência e reação. Contexto, amigos, é algo que cabe aos tais jornalistas. Está claro que esses caras estão confusos e atordoados, mas fingem ter o controle de todos os movimentos em curso.

Uma passagem rápida por blogs e jornais gringos permite a visualização de uma constante, insistente eulogia ao sub-gênero que chamam de chillwave. Não me importo com o que isso quer dizer, mas sou informado que o Twin Shadow e o Toro Y Moi praticam isso aí. Washed Out, Memory Tapes e outros nomes também aparecem. Embora enxergue diferenças de qualidade entre eles, acho que eles praticam o synth-pop. Só isso, sem reducionismos ou revoluções.

Outra vertente que ganhou atenção "branca" recentemente é o rap. Em primeiro lugar, o gênero sempre influenciou e vendeu muitos discos lá fora, mas para boa parcela de blogueiros e especialistas, há um novo estilo, que para eles parece mais rico e menos incompreensível. É como querer ter respeito de rua botando uma corrente em volta do pescoço. Ou fingir que o estilo, como qualquer outro do pop, não é sujeiro á desdobramentos naturais. Tratar como algo novíssimo uma banda como o Odd Future é desconhecer o passado. Não seria nenhum crime (a ignorância), não fosse esse eximível através do exercício puro e simples da pesquisa. Olha a preguiça aí de novo, dessa vez não a minha.

Também temos o rock, sempre precedido pelo termo "indie": esse nunca foi tão reverente aos anos 90. Quem nasceu na época é mais fascinado pela década do que quem já era grandinho. Um pouco previsível, essa coisa cíclica e tudo o mais. Quando não empunhando guitarras temos os admiradores do folk pastoral e da tradição do compositor torturado, ou gente que viaja nos caminhos da psicodelia mais antiga e garageira.

Pulverizado. A eletrônica e suas possibilidades. Revivalismos. Cruzamento de idéias. Conexões globais. Tudo muito recente, e cujo resultado verdadeiro só seremos capazes de definir, como um todo, daqui a algum tempo. Algo ignorado pelos sabichões, que não admitem a confluência e rejeitam o exercício da dúvida.

Aqui no Brasil a coisa fica pior. Primeiro porque os mesmos fenômenos estão ocorrendo: molecada ouve um montão de coisa, sai fazendo som, crítico fica confuso. Daí acha que o rap agora é factível, mas continua "fechado" com os gênios deprimentes da MPB; redefine a palavra "indie" como sinônimo de "gosto sofisticado"; mantém relação incestuosa com músicos (tudo bróder), gravadoras (ainda?) e adentram nesse mundo do empresariado do entretenimento. A bíblia desse povo continua sendo alguma coisa gringa, mas até aí, bem, eu comprava uma porrada de revista e coletava informação delas. Mas uma coisa é tomar como referência de informação, outra é enfiar tudo pra dentro (ui) sem pensar duas vezes. Mas hoje, francamente, pesquisar se tornou bem menos difícil.

Se você ainda está aí, já percebeu que esse texto é um anacronismo total: pretende analisar com mais cuidado a forma como a crítica se coloca diante do pop atual, dá o diagnóstico, é longo demais para o padrão internético e começou com a mesma preguiça que não move o jornalismo musical. Com esperança, termina de forma diferente.

sábado, 9 de julho de 2011

Nana Rizinni - I Said


Naná Rizzini já havia lançado um EP chamado Bacon Eggs que chamou a atenção pela diversidade e apelo pop das canções. Pegada rocker e boas batidas eram os ingredientes daquele material. Baterista de formação, Naná desenvolveu canções mais robustas para seu álbum de estréia, I Said. Com o auxílio do produtor Plínio Profeta e de gente como Tiê, Pedro Granato e Karina Buhr, I Said possui dez canções bem resolvidas e estilisticamente diversas.

I Don't Care abre o disco mesclando vocais processados e guitarras sujas, com batidas marcadas: um pop dançante e áspero, com cara de hit. A sequência de Vertigem (rock quente de toques psicodélicos) e a balada Triste (climática, dark) começam a mostrar ao ouvinte que Naná maneja com habilidade aspectos musicais diferentes. Better Than Nothing volta ao pop, dessa vez com toques ensolarados. Homenagem, composição em parceria com Tiê, é uma música sinuosa e cheia de fumaça, intoxicante. Estúpida ganhou um clipe caprichado e também capricha nos arranjos. Stop Spending volta ás batidas dançantes e divertidas; Nice Figure, Dangerous Heart é um rock de sotaque indie nas guitarras e gruda como chiclete. As duas últimas canções não poderiam ser mais diferentes: a minimalista Busy In The City é seguida do funk de guitarras processadas de Ciranda do Incentivo (composição de Karina Buhr).

Temos aqui uma coleção de músicas que se insinuam em diferentes vertentes, mas possuem uma amarração que vai além da produção acertada: Naná não atira para todos os lados por falta de personalidade; I Said soa bastante consistente e talvez apenas reflita a personalidade musical da compositora: despojada, de veia rocker mas com dois pés no pop. 8/10

Baixe o disco no site oficial da Naná.

Pitanga, o terceiro disco de Mallu Magalhães

imagem extraída do site oficial

Desde o início de maio em estúdio, Mallu Magalhães prepara seu terceiro album. Publicando em seu blog um diário desde o primeiro dia de gravações, a cantora-compositora permite mais do que uma aproximação com seus fãs ou a promoção do disco em si. Poucos músicos se sentem confortáveis ao revelar o trabalho em progresso com detalhes. Preferem revelar tal processo após a realização e lançamento do disco, trabalhando mais com memórias selecionadas e emoções depuradas.

Mallu descreve o dia a dia do estúdio com a mesma entrega delicada, solta que demonstra em entrevistas, muitas vezes confundida com uma postura blasé ou arrogante. Na verdade, os registros diários revelam tanto as qualidades quanto as fragilidades; é difícil distinguir quando Mallu se concentra em aspectos mais técnicos da gravação e quando revela dúvidas na resolução de alguma canção: aqui, há o aspecto de demonstração de capacidade criativa para encontrar soluções, mas também a humildade em reconhecer as limitações e intervenções de outros músicos.

Passagens de situações prosaicas podem parecer dispensáveis, mas um olhar mais apurado pode permitir a compreensão de que diversos momentos podem estar delineando o que será ouvido em Pitanga (esse é o nome do disco): não apenas a alegria de encontrar o timbre certo, mas os pequenos acenos á passeios, shows ou até mesmo visitas de amigos e familiares ao ambiente; ou comentários tão paulistanos como reclamar do tempo seco, da poluição e do frio inverno. O diário é um mosaico de cenas ordinárias, mas talvez seja esse o ponto que distingua Mallu no cenário pop brasileiro: a capacidade de tornar simples as descobertas, a incansável busca pelo acerto, meio preciosista, meio instintiva, e o entusiasmo apaixonado pela música.

Produzido por Marcelo Camelo e com participação de integrantes do Hurtmold - Maurício Takara esteve presente no estúdio - Pitanga pode ser a afirmação definitiva de Mallu. Ainda muito jovem, a compositora continua a aproximar suas influências e imprimir um estilo mais definido, o que pode ser confirmado em apresentações recentes. Independente do resultado final, é de valor considerável que alguém se proponha a registrar de forma tão direta a construção de um trabalho.

Mallu liberou um pequeno vídeo-teaser do álbum nessa quinta-feira,7:

domingo, 3 de julho de 2011

Iceage - New Brigade


Aparentemente qualquer coisa que venha do mundo nórdico é capaz de impressionar mentes estadunidenses, desde sagas fantasiosas da Idade Média até prostíbulos repletos de loiras malucas. Um trio adolescente como o dinamarquês Iceage também. New Brigade encapsula 12 canções punk com visões distorcidas e certo descontrole (isso é bom), mas possui algumas limitações na construção e, verdadeiramente, soa datado. Uma dose de excitação de blogs e alguns shows pela América farão com que o nome deles ecoe por algum tempo.

A grande vantagem do Iceage é que eles não perdem tempo com ambições do tipo "ópera-punk- pós- wikileaks" e só parecem mesmo guris meio desajeitados e sem articulação. Qualquer relação com a tensão entre imigrantes islâmicos e dinamarqueses e o contexto da situação econômica frágil da União Européia é resumida em riffs abrasivos e versos curtos como palavras jogadas, sem aproximação abertamente política. New Brigade se aproxima muitas vezes da poeira suja do pós-punk, vasculhando a prateleira dos dois lados do Atlântico.

Um caso de badalação exagerada, portanto, mas a coisa toda acaba em menos de meia hora, e traz alguma curiosidade sobre o som produzido na terra da Katja K. 7/10

sábado, 2 de julho de 2011

Banda UÓ - Me Emoldurei De Presente Pra Te Ter EP


Esses phynos são de Goiânia, e é provável que você já tenha ouvido alguns de seus hits via Youtube, já que eles contam com mais de 100 mil exibições e contando. Esse é o primeiro registro digital do trio, incluindo os sucessos Shake de Amor e Não Quero Saber, em versões renovadas. Amantes dos hinos populares brasileiros, aqueles verdadeiros rompedores de barreiras normalmente rotulados de brega, e com um ouvido colado no pop contemporâneo, fazem uma mistura fresca de brasileirismo marginal com versões de sucessos pop gringos.

Não é surpresa que tal approach resulte em algo como O Gosto Amargo Do Perfume, que transforma o indie careta/fast food do Two Door Cinema Club em uma pancada tropical que, desculpem, funciona melhor que o original (Something Good Can Work). Katy Perry, Willow Smith, Rihanna e Foreigner - na verdade, a versão de Edson & Hudson - ganham bombadas recriações tecnobrega, ou electrobrega. Eles preferem eletrobrega, na verdade.

Há um aspecto da música pop atual que aposta na diversão e no hedonismo sem barreiras estilísticas definidas, e que por vezes se apresenta como um antídoto para gêneros fechados em definições como "indie rock" ou "dubstep". Quando não funciona, soa como gente branca fingindo conhecer ritmos caribenhos controlados por Macs: ou seja, a imagem do horror, como publicitários regurgitando em suas camisas justas. Ou riquinhos americanos se aproximando da África depois de ouvir uma compilação da Luaka Bop. Infelizmente, lamento informar aos amiguinhos empolgados, na maioria das vezes não funciona.

Felizmente, a Banda UÓ é só divertida e inconsequente. Por enquanto, já é mais do que suficiente. 8/10

Baixe o EP de graça aqui: