sexta-feira, 22 de julho de 2011

Eleanor Friedberger - Last Summer


Metade do cultuado Fiery Furnaces, Eleanor lança seu primeiro disco solo. A banda continuará viva, mas Last Summer pode ser um passo adiante com potencial para ofuscar futuros lançamentos do Fiery Furnaces. Com mais de dez anos de prolífica carreira, o grupo de Eleanor e seu irmão Matthew sempre explorou a maior quantidade de referências e experimentalismos dentro dos álbuns, com resultados que sempre intrigavam: é como se as canções do Fiery Furnaces explorassem pontos dissonantes e enterrassem um brilho melódico nunca totalmente exposto.

Eleanor trabalhou no disco praticamente sozinha, sem mostrar o processo para seu irmão e parceiro de composição. Um desafio a mais, que resultou em um disco que inverte o processo experimental: é um compêndio de brilhantismo pop, que esconde pequenos desafios dentro das canções. Dessa forma soa mais maduro e emocionante do que os oito discos lançados pela dupla de Chicago (vivem em Nova Iorque).

My Mistakes abre com excelência um disco que reserva ao ouvinte um bom número de surpresas e ganchos: como uma aventura new wave de aceno ao rock setentista também, a música encaixa arranjos tão fluidos que surpreendem (o sax se inclui ao invés de interromper histrionicamente a canção) . Inn Of The Seventh Ray é construída como uma canção glam mas passeia por novos territórios e despeja climas sobrepostos, com partes diferentes sendo inseridas com precisão; Heaven escancara a ambiência mais sessentista e soft, com pés na psicodelia e riqueza de instrumentação. Roosevelt Island começa com cheiro de disco music decadente com seu baixo de funk branco mas se desnuda no refrão com violões e sintetizadores cheios de vapor. One-Month Marathon mostra Eleanor languidamente cantando "queria que fosse novamente apenas você, eu e Liza...posso ver através de seu espelho?...não estarei vestindo absolutamente nada " enquanto o relato é levado por uma base acústica que é acompanhada por batida marcada e slide guitars. Owl's Head Park te leva para a metrópole ao som de arranjos delicados, entre o orquestral contido e Eleanor cantando livremente como uma Patti Smith jovem.

Last Summer é dos mais intrigantes discos do ano, um daqueles que explora aspectos musicais e sensoriais a cada canção sem perder de vista um controle coesivo; Eleanor possui um repertório sólido, de canções bem construídas, mas adiciona diversos pedaços de beleza melódica com mais do que meros enfeites, mas verdadeiros regalos inseridos ao longo do álbum. Invertendo a lógica de sua banda (experimentalismo com aceno pop), Eleanor se mostra uma compositora de rara habilidade ao combinar pop objetivo e direto com instrumentação e arranjos de um subjetivismo riquíssimo. 8,5/10

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