quinta-feira, 30 de junho de 2011

Top Surprise, Emicida, Copacabana Club: Rodada de vídeos

A semana foi recheada de novos vídeos de bandas brasileiras: de Juiz de Fora, São Paulo e Curitiba, com sons que vão do rap afiado ao rock tropical ao noise. Enjoy!

TOP SURPRISE - HOME (Juiz de Fora, MG)



COPACABANA CLUB - BACKYARD (Curitiba, PR)


EMICIDA - ENTÃO TOMA (São Paulo, SP)

quarta-feira, 29 de junho de 2011

The D.O.T : O novo projeto de Mike Skinner?


Bom, o Mike Skinner encerrou atividades com o ótimo Computer And Blues e The Streets já era. Evidente que a mente que bolou uma série de discos incríveis e recentemente encontrou maneiras mais criativas de divulgar seu trabalho não ficaria muito tempo sem trabalhar. Embora a conta oficial do twitter e o site oficial estejam inoperantes até esta data, Mike já havia sinalizado que trabalharia em um filme, escrito por ele mesmo.

O fato é que a conta do cara no Youtube iniciou esse mês postando vídeos de músicas com o nome de The D.O.T.; até agora, são três músicas e um pequeno vídeo. As músicas são cantadas por Rob Harvey, que colaborou intensamente em Computer And Blues. Porém, o estilo das letras possui semelhança com o estilo de Mike Skinner, ao contrário do teor neo-hippie da defunta banda de Rob, a The Music. São músicas que claramente carregam a assinatura de produção de Skinner, nos beats e variações inventivas. Uma conta no Soundcloud promete atualizações todas as quintas.

O mais intrigante dos vídeos foi o último, postado no dia 20: Rob canta uma balada acústica, mas Mike aparece falando sobre "esperar, esperar...eu nunca vou me livrar desse lugar", enquanto diversas cenas envolvendo outros personagens ocorrem em um pub. Um possível fio condutor do filme? Uma série para a internet? Um possível album temático? Tudo escrito por Skinner? Não sabemos oficialmente, e essa é a maneira encontrada pelo cara pra nos manter entretidos. Dá uma checada nos vídeos, abaixo:







sábado, 25 de junho de 2011

Ghostpoet - Peanut Butter Blues and Melancholy Jam


Ghostpoet, ou Obaro Ejimiwe, produtor e MC londrino chega ao seu primeiro album laureado por alguns elogios e atenção da cena local. Sua capacidade de balancear um certo tipo de música lenta e arrastada e canções mais aceleradas passa pelo sua habilidade como MC e cantor (e admirador de Gil-Scott Heron) . O desenrolar do disco como algo mais cinza e cheio de fumaça para pequenos acenos a uma espécie de clímax é mais um ponto correto para o compositor. A atmosfera é certamente mais sombria, mas a recorrente comparação com Tricky é negativa, já que não há resquícios de viagens auto-indulgentes e resultados irregulares do outrora prolífico MC de Bristol. Aqui é papo reto, dez músicas, enxutas e bem realizadas.

Run Run Run é um início quase narcótico nas rimas bêbadas e refrão cantado de forma largada; Us Against Whatever Ever domina o minimalismo garage e bota tensão na roda; Finished I Ain't leva um instrumental de banda que não colide com a faixa anterior, prova do controle de Ghostpoet, ele sabe o que está fazendo o tempo todo. É exatamente essa consciência que lhe permite encaixar I Just Don't Know, mais veloz e urgente, na sequência de quatro faixas que, mesmo possuindo nuances interessantes, mantém um andamento devagar. A segunda metade do disco é o momento em que Ghostpoet começa a sair do correto para o brilhante: Survive It, que possui um refrão feminino, é levada em um loop de synth e bate forte com melancolia e beleza.Talvez aqui o rapper encontre a melhor narrativa do disco. Gaaasp é sujona e pesada: ele vai contando ao longo do album pequenas cenas e afirmações de "vida dura", mas não constrói letras como crônicas, apostando mais em versos soltos que funcionam; ao contrário da perspicácia veloz de Mike Skinner (The Streets) ou a a maníaca metralhadora de Dizee Rascal e Kano, Ghostpoet se posiciona como um low-profile que vai além das inflexões dub de Roots Manuva. Liines encerra a boa estreia do inglês com guitarras e uma amostra de como fugir dos clichês grime/garage. 8/10

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Ogi - Crônicas da Cidade Cinza


Ogi esquentava esse disco há algum tempo, criando altas expectativas. É o primeiro solo do compositor, membro do Contra Fluxo, grupo que firmou posição no cenário entregando um rap old school que aproximou um público outsider, ou de fora das periferias, para seu som. E a capacidade de Ogi para ser o cronista proposto pelo título do album é tamanha que a promessa é realizada de forma brilhante.

Ogi desenha cenários ricos em detalhes, construindo climas e tensões, alternando humores e encarnando personagens diferentes. O acompanhamento de beats precisos só realça a facilidade com que pequenas cenas são transformadas em relatos completos. O que é bastante pertinente é que Ogi utiliza poucos minutos pra subir toda a estória; sua concisão e sagacidade lhe permitem basear as canções em rápidos petardos desorientadores, o que te faz querer ouvir de novo para entender o processo: é viciante, e talvez o fato de as rimas acompanharem uma voz que sai do monocórdico e também representa um papel importante seja fundamental para o equilíbrio do disco.

Cidade com nome de santo encosta no samba para apresentar o grande pano de fundo daquilo que está para ser contado: a megalólope cinza e assustadora. Profissão perigo é narrado por um motoboy "filho do stress paulistano" e uma das mais impressionantes músicas do ano: possui aquilo de mais pungente no hip-hop: agilidade, flow, pegada e apelo popular. Por que, meu Deus?, cujo clipe já passou por aqui, aposta na narrativa dupla com final confluente. Besta Fera (com participação de DonCesão, Dr Caligari e Mascote), Minha sorte mudou e Tamo aí no rolê (com Rodrigo Brandão) possuem paralelo com o estilo de "estilhaçamento rítmico que acompanha a estória" de rappers gringos pouco reconhecidos no Brasil como Mike Skinner, do The Streets. Premonição, a primeira amostra desse trabalho a ganhar vídeo, mantem o impacto inicial do refrão e estrutura melódica fortes. Noite fria mostra um rolê que termina de forma terrível nas mãos de integrantes de carros dotados de giroflex.

As personagens desse disco, Sueli, garçons, Zé Medalha, gambés, pixadores, motoboy, seguranças, trabalhadores, minazinha do Iphone e tantos outros são parte de um enorme cenário. Ogi não realiza uma direção desse filme diário e mutante com mão de ferro, ele deixa os fatos determinarem os limites e não deixa espaço para auto indulgência ou eulogias. E é essa a grande qualidade de Crônicas da Cidade Cinza: é um retrato humano ordinário, com resultados musicais extraordinários. 9/10

A capa lindona do disco é d'Osgêmeos. Em São Paulo, você encontra o album nas galerias e pra quem mora fora da cidade é só entrar em contato: contato.ogi@gmail.com. Ouça Profissão Perigo:

Ogi - Profissão Perigo by eduardoyukio

terça-feira, 21 de junho de 2011

O disco novo da Laura Marling


E a compositora inglesa anunciou oficialmente que seu terceiro disco será lançado no dia 12 de setembro. Vai se chamar A Creature i Dont Know, e foi produzido novamente por Ethan Johns. A princípio, o sucessor de I Speak Because I Can seria lançado no final de 2010, mas Laura mudou de idéia. Ela já afirmou que será diferente do ultimo album, já que reescreveu a maioria das canções que tinha preparado (cuja sonoridade era parecida com as de I Speak...). Abaixo o vídeo-teaser gravado durante a breve passagem de Laura pela América do Sul: imagens de Avellaneda, na grande Buenos Aires:

domingo, 19 de junho de 2011

Gang Gang Dance - Eye Contact


Ninguém precisa dizer que experiências sônicas que misturam texturas orgânicas com eletrônicas são tendência e centenas de bandas assumem sua identidade através de Macs e sintetizadores enquanto manipulam beats. Está implícito em praticamente todo lançamento bombado a sair dos clubes pelas redondezas da Nova Iorque cool. O problema é que o excesso - de bandas, idéias mal realizadas e atenção - resulta em música que não se eleva a condição alguma. Mas existem exceções, e o Gang Gang Dance resiste bravamente aos desafios de novos discos ao trabalhar espontaneamente na liberdade de criação. Eye Contact é um petardo controlado com precisão ao conduzir um ataque completo de samples, sintetizadores, guitarras e a já vencedora ferramenta vocal de Lizzy Bougatsos, uma mutante sensorial integrada aos lampejos excêntricos da banda.

Glass Jar inicia a jornada com uma construção lenta e desorientadora, onde o fio condutor é pouco reconhecível, apenas pedaços de violência rítmica elevadas; Adult Goth pode a princípio soar mais próxima de uma peça pop eletrônica mais ortodoxa, exceto pelo fato de na realidade soar como um lamento criado em abrigos anti-aéreos, caos e tristeza. Chinese High preenche espaços com inserções tão precisas e inventivas que o vocal "étnico" de Lizzy parece apenas uma característica comum, mas a canção toda é uma pancada cerebral e bonita. Reparem que definir o que rola em Eye Contact é um desafio porque há aparentemente coisas não lineares ou incomuns, o que é verdade. Mas a audição é fluida como todo disco pop deve ser. Mindkilla empresta os beats e distorções do garage e cria uma fórmula de elementos tropicais e psicodélicos.

Capazes de criar consistência em um formato quase abandonado (o album) , sem perder a mão de potencializar canções individualmente, e ainda apostar em experiências sem alienar o ouvinte, o Gang Gang Dance é um dos mais bem sucedidos grupos atuais na criação de sons contemporâneos. Ótimo. 9/10

domingo, 12 de junho de 2011

Babe, Terror - Preparing a Voice to Meet the People Coming


O segundo disco do paulistano Claudio AKA Babe,Terror e criador inspirado por pequenas cenas do bairro de Perdizes (não só), continua a traçar caminhos para além do que se espera de um bedroom producer da música eletrônica. Não apenas por soar mais orgânico e minimalista do que, digamos, Four Tet ou Gold Panda, mas exatamente por exigir do ouvinte uma atenção maior.

Quando a instrução "ouça com headphones" é tão explícita, isso talvez te leve a pensar que o tom experimental desse trabalho possa alienar o curioso eventual. Mas na verdade, as texturas e sobreposições, distorções e silêncios dentro das canções formam um bem construído painel, sem o risco da dispersão sônica que se apresenta comumente nesse tipo de música.

O Babe, Terror traz pra mesa um banquete de sensações: o estado de consciência do semi-acordado, o inconciente onírico ou simplesmente momentos que alteram entre a beleza e a esquisitice, das intrincadas buscas pela melodia á repetição insistente. Isso explica a dedicação exclusiva da audição: menos uma exigência ou condição e mais uma recomendação de consumo do produto. Para melhor efeito, o disco deve ser ouvido com cuidado; isso não é o seu usual chillout, chillwave ou até mesmo a supostamente assustadora witch house. É apenas um experimento de sonoridades desnorteantes, e é mais do que recompensador por isso. 7,5/10


segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bonifrate - Um Futuro Inteiro


O Bonifrate desfruta de um respeito bacana no cenário independente brasileiro; talvez seja pelo fato de ele ser integrante do Supercordas, uma das bandas mais consistentes do Brasil em termos de qualidade. Mas os discos solo do cara também são um caso á parte. Não são exercícios preguiçosos de entressafra. Um Futuro Inteiro, o novo disco, é mais uma incursão ao folk lisérgico que se abraça ao pop de teclados antigos, ao country rock e tudo que soa pertinente numa manhã fria. Ou em um entardecer. Ou em qualquer circunstância que envolva climas aconchegantes.

Esse Trem Não Improvisa é exatamente um compêndio do folk rock de guitarras vaporosas e riffs ganchudos, a acústica forrando a melodia irresistível; A farsa do futuro enquanto Agora é esmerilhada em tecladões, arranjos bem colocados e, ouso dizer, Syd Barret meets The Band. Bom desse jeito. Vertigem de uma festa interestelar capricha nos slides e é intoxicante como um Buffalo Springfield perdido na floresta, reverberando pelas frestas dos galhos e folhas. Há espaço para baladas como O vôo da Margarida, que cresce de forma orgânica com seus teclados e guitarras colocados de forma cirúrgica na melodia. Cantiga da fumaça é mais do que o Neil Young em seus momentos mais reflexivos dos anos 70, uma emulação desvantajosa, é Bonifrate mostrando seu apreço por influências diversas e entregando em forma de versos e instrumental redondos.

Um Futuro Inteiro é dos mais inspirados e coerentes discos lançados no Brasil em 2011.Repetidas audições permitem novos olhares e as músicas só ganham qualidade, seja pela composição firme ou pelos truques deixados dentro das canções. O termo "belo" nunca soou tão verdadeiro. 8/10

Dá pra baixar o disco de graça no Bandcamp.

domingo, 5 de junho de 2011

Sábado no Drive-In com Kat Dennings


A Kat Dennings não apenas estrela um dos bons filmes de 2011 - Daydream Nation, já falado aqui no blog (previsão de lançamento no Brasil;??) , como possui um bom gosto musical. Antes que algum indie tente destruir a reputação da garota com a termo "musa indie", saiba que ela prefere rock clássico (Bowie), Soul (Stevie Wonder), Bonnie Taylor (sim , Total eclipse Of The Heart) e hard-rock fafora genial do Darkness ou escolhe canções diferentes como a linda Yard Of Blonde Girls, do Jeff Buckley. Essa playlist dela é meio velhinha, ela falou a respeito quando aquele filme Nick e Nora- Uma noite de amor e música, que ela filmou com o Michael Cera foi lançado. A playlist interia está aqui. E eu se fosse você corria atrás desse Daydream Nation, o filme.

Ela adora essa aqui, ó:

sábado, 4 de junho de 2011

Comet Gain - The Howl Of The Lonely Crowd


Esses caras são veteranos da cena inglesa e tem uma trajetória tão quebrada que a gente perderia muitos parágrafos só pra contar as mudanças na formação de 92 até hoje. O fato é que eles continuam na ativa, praticando um pop fincado nas raízes britânicas e com um indelével acento garageiro. Não por acaso, o pessoal do Cribs curte bastante. Tanto que Ryan Jarman, guitarrista do trio se juntou a Edwyn Collins - olha aí o encontro de gerações - para produzirem juntos esse novo disco.

Clang of the concrete é o cartão de visitas pra quem não sabe o que esperar do Comet Gain: levada melódica, trabalho de guitarras costurando a estrutura de teclados. A letra conta com a captação do movimento reverberado pela Europa, o da crise econômica. É velho e novo ao mesmo tempo, contando a tristeza do desemprego, da melancolia, da mediocridade e do ódio. Muito relevante. The Weekend Dreams segue com um desapego lírico contrário ao ataque instrumental, que não desvia das guitarras retalhadoras e harmonias vocais bonitas. Nunca chega a ser muito bonito, o que é bom. E assim continua, com o nível lá no alto, e apesar das fórmulas não mudarem, há o suficiente pra te manter entretido. É uma dessas bandas que garantem o respeito pelo encaixe, quando há o risco de ficar repetitivo eles mudam alguma chave e fazem tudo ficar legal de novo. Provável que fique arquivado naquela prateleira de bandas bacanas ignoradas, mas fazer o que? 7/10

Os caras tocando na Espanha, durante o Primavera Festival: