segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

The Streets - Computer And Blues


Vou poupar informações jornalísticas básicas sobre o Mike Skinner AKA The Streets e já pulo pra parte que interessa: Computer And Blues é foda. Como quase tudo que o Skinner lançou antes, mas dessa vez é pra fechar a lojinha. The Streets acaba nesse álbum. Pouco tempo atrás escrevi sobre como o processo de composição desse disco foi aberto, via twitter e blog, a sugestões e conversas com jornalistas e fãs. Geralmente respondidas com vídeos, mixtapes e reflexões. Mike é bastante verborrágico e sofre de epilepsia.

A carreira de seu projeto foi lançada como um foguete, os dois primeiros álbuns aclamados pela crítica. Infelizmente, os outros dois discos subsequentes eram trabalhos irregulares. Se Skinner soava como um cronista do "dia comum", entre romances errôneos, brigas, bebedeiras, drogas, baladas, amigos, de uma maneira esperta e batidas garage simplistas em Original Pirate Material e A Grand Dont Come For Free , o sucesso afetou seriamente sua inspiração nos discos The Hardest Way Of Make An Easy Living e Everything Is Borrowed (estão aí suas referências jornalísticas, estamos falando do quinto e último disco do Streets, agora). Mesmo assim, os discos mais fraquinhos continham algumas pérolas.

Daí que Computer And Blues é tematicamente sobre relações humanas em tempos digitais. Ou sobre relações pessoais e comunicação, que por acaso, em 2011 são bastante digitais. Construído sem pressa e expectativa - ninguém mais lembrava realmente dele - Mike botou na roda um disco tão bom quanto seus dois primeiros. Musicalmente variado, de momentos mais secos e outros mais melódicos, ele não se perde nas rimas e está inspirado: Outside Inside é como um relatório, uma nota mental sobre os efeitos pós-drogas; Going Through Hell é sugestiva, o gosto amargo de caminhar pelas ruas podendo ser "esfaqueado pelas costas". A Blip On The Screen lida com pensamentos depressivos e reflexões " Mas então todo tipo de merda parece plausível dentro de casa/Proporções caminham para o pior". OMG é como Dry Your Eyes (de A Grand Dont Come For Free) para tempos de Facebook: " Vi seu status 'Em um relacionamento''Em um relacionamento' Um terremoto me atingiu" E continua: "Pq voce me avisou tão tarde?..Olhei suas fotos...caras que eu não conheço e que parecem próximos de voce agora". Mas tem um final feliz: "Entre os normalmente ignorados pedidos á direita (da tela)/Eu nunca teria imaginado um pedido tão legal/Agora voce está 'em um relacionamento...comigo'".

Ou talvez o amargor daquela canção esteja melhor representada em We Can Never Be Friends: " Dizer que te amo pra sempre/ não vai nos manter juntos...Nunca poderemos ser amigos/um quer continuar/ outro que chegue ao fim". Pra finalizar a argumentação:" Todas as coisas que vc sente falta do seu ex/Comprometimento, beijos e sexo/São o que vc vai cobrar do próximo". Soldier é grandiosa, incrivelmente cantada por Robert Harvey, da horrível banda The Music.

Talvez os versos mais simples e diretos do álbum sejam aqueles que resumem a melancolia movida a batidas e spoken words de Computer And Blues: extraída da música Puzzled By People, que parece melhor sem a minha tradução livre: "Puzzled by people/ Loving isn't easy/ You can't google the solutions to people's feelings" 8,5/10

* Dois clipes abaixo: o "normal" para Going Through Hell" e o interativo e cool, em que voce vai escolhendo as ações de Mike ao som de músicas de Computer And Blues:



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