quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jennifer Lo Fi - Noia + Entrevista


O quarteto paulistano Jennifer Lo Fi está lançando seu terceiro EP, Noia. Já falamos deles por aqui antes, e a expectativa para esse novo disquinho era muito boa. Trabalhando seus experimentalismos com uma base de psicodelia, pós rock, math rock, estão conseguindo se desvencilhar dos cabecismos e atalhos fáceis desses sub gêneros: a música do grupo é baseada em pegada rock e climas sombrios, o resto é rótulo.

Noia evidencia a evolução contínua e o trabalho em progresso dos caras: sem arestas, direto e limpo, algumas qualidades escondidas começam a surgir de forma mais escancarada. Listando: as letras em português são bastante interessantes, repletas de versos afiados; o que nos leva aos vocais de Sabine Holler, que usa seu vasto repertório vocal agora de forma ainda mais eficiente; os instrumentos soam mais límpidos e as tramas intrincadas agora parecem mais econômicas, porém bem colocadas. A produção de Chuck Hipolitho percebeu as vantagens de se jogar luz sobre esses trunfos.

Antes uma promessa de músicos de talento buscando uma maneira de traduzir sensações em rock de pegada forte e quebrada, a Jennifer Lo Fi já soa quase preparada para um disco cheio, embora isso talvez demore um pouco mais a acontecer (confira a entrevista abaixo). Pra mim, tirando as definições gastas, Noia é sobre amor, ódio, confusão e sexo: exatamente o que se espera de jovens bandas. 8/10


Faça o download do EP pagando com um tweet aqui.


A vocalista Sabine Holler falou com a gente:

Me parece que a cada EP a banda mostra realmente uma lapidação, uma melhoria em relação ao anterior. Essa evolução gradual foi planejada?

Lógico que não, a banda está fazendo três anos agora, quando começamos ainda estava na escola! Acredito que a evolução vai acontecer a cada trabalho porque nos preocupamos com isso. Queremos evoluir e não ficar estagnados em algo por soar bem, somos bem ambiciosos.

Voces nunca esconderam a admiração pelo Mars Volta, mas Noia soa ao mesmo tempo mais direto, objetivo e autoral. Ainda dá pra dizer que eles são influentes no som atual da Jennifer Lo Fi?

Ainda são bem influentes, podemos dizer que Bacon é a faixa com mais influencia. Mas procuramos escutar coisas diferentes o tempo todo pra não ficarmos presos a algo específico.

Sua voz sempre se destacou quase como um instrumento a mais no som, uma fonte de catarse tanto quanto os solos de guitarra. Em Noia ela soa mais equilibrada, ainda que forte. Como funciona o processo de composição numa banda que possui uma música tão embasada em climas e cenários instrumentais?

Todos os músicos da Jennifer Lo Fi são compositores, existe uma espécie de rodízio entre a gente para sabermos qual vai ser a música de trabalho. Depois que alguém apresenta algo o qual todos nos identificamos, começamos a trabalhar na música nos ensaios, começando sempre como forma de improviso. A letra, ao menos que a composição seja minha, eu agrego sempre no final, quando o instrumental da música já está pronto, mas durante as "jams"de composições experimento melodias e as vezes efeitos vocais e sempre procuro inspiração nas próprias melodias.

As letras em português foram um caminho natural? Porque muita gente diz que é mais difícil escrever e cantar em português...

Sim, foi mais uma evolução que passei que se refletiu na banda. Cantar em português é bem mais difícil, e torna o significado de tudo mais forte também.

Em relação ao disco de estréia: o que podemos esperar?

Ainda não estamos pensando em um disco. Vamos gravar mais um EP este ano. Queremos trabalhar ainda mais o som da banda para um disco de estréia mais consistente!


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