terça-feira, 31 de agosto de 2010

Manics, Anna Friel e o Xadrez

Novo clipe do Manic Street Preachers, extraído do excelente Postcards From A Young Man, décimo álbum dos galeses e " one last shot at mass communication" segundo o baixista/letrista Nicky Wire. O vídeo é estrelado pelos britânicos Michael Sheen (o Tony Blair de A Rainha) e Anna Friel (da finada série Pushing Daisies), numa trama ambientada no período da guerra fria. Uma partida de xadrez bastante tensa...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Hurts - Happiness



Todo mundo sabe que, quando certas portas são abertas no mundo pop, muita gente aproveita a oportunidade de sucesso. Ano passado, o synth pop oitentista reviveu mais notavelmente pela dupla La Roux: de promessa á escalada na parada pop em poucos meses. E essa enxurrada de revivalistas do sintetizador não pára, desde aqueles que enfeitam com barulhinhos até os mais descarados copiadores. Bem, quando a dupla de Manchester Hurts foi escolhida entre as promessas para 2010 pela BBC poucos se entusiasmaram. O visual de Theo Hutchraft (vocais) e Adam Anderson (synths) nas fotos promocionais sugeria algo asséptico, com as roupas alinhadas e gel nos cabelos. Uma aproximação demasiada á paródia? Agora que Happiness, álbum de estréia da dupla finalmente é lançado podemos tirar essa dúvida. E que surpresa descobrir que nesse mundo criado pelos mancunianos sobra espaço para uma música que, como o melhor pop, é repleta de referências, mas consegue ser vibrante e autêntica. Desde a primeira canção, Silver Lining, notamos as qualidades do grupo: introdução dark a lá Depeche Mode, linhas melódicas bem definidas, vocal potente de Theo, letras simples e grudentas, melancolia e amarração sem arestas. Impressão: não conseguirão manter o nível pelas próximas dez faixas. E então entra Wonderful Life, single já conhecido, mas ainda soando interessante após algumas audições: aqui a alquimia do Hurts funciona brilhantemente: dance com lágrimas nos olhos, de novo, nas mãos de uma banda de Manchester. A sequência seguinte joga pesado com três baladas que apelam sem nenhuma vergonha para o melodrama, mas com tal habilidade e sim, vale ressaltar, ótimo trabalho vocal de Theo: o cara parece ser um grande bandleader. Os refrões são imensos, como se juntassem o ego de Bono Vox e Chris Martin multiplicados. E, ainda que voce saiba que provavelmente ouvirá tanto essas músicas nos próximos meses que irá odia-las, por enquanto é possível apertar o repeat sem nenhuma culpa. A parte final do disco cresce de forma menos bombástica, como se a banda tirasse o pé para não ferir o ouvinte mais sensível ao poder do pop; mesmo assim, há um dueto incrível de Theo com a Kylie Minogue em Devotion. Esses caras entraram no jogo não para receber recomendações de melhor música da Pitchfork, mas para concorrer no panteão de figuras como Bieber e Gaga. Com tamanha articulação, não há problema algum nisso. 8/10

sábado, 28 de agosto de 2010

Danny Boyle Filma 127 Horas De Desespero

Tudo bem, Slumdog Millionaire foi tão premiado que até novela entrou na onda; A Life Less Ordinary acabou como uma mal sucedida tentativa de reinventar a comédia romântica. The Beach foi...insosso. Mas, Danny Boyle introduz bons momentos até nos seus maus momentos. E os seus bons momentos, bem, são MEGA: Shallow Grave, Trainspotting são clássicos e 28 Days Later merece uma menção mais honrosa. O novo filme do diretor e roteirista britânico trará vida cinematográfica á história do americano Aron Ralston. Aron é um montanhista que, em 2003, se viu diante de uma situação, digamos, desagradável. Que nada, foi terrível mesmo: hábil e conhecedor das montanhas de Utah, Ralston acabou sofrendo um acidente: escorregou, e uma pedra enorme esmagou sua mão direita, deixando-o preso entre os muros do cânion. Pelas 127 horas que se seguiram (daí o nome do filme no original: 127 Hours) o montanhista lutou contra a dor, o temor, o desespero e outros sentimentos levinhos. James Franco interpreta Aron Ralston, e depois desse filme, você entenderá a importância de um canivete no bolso. Previsão de estréia nos EUA em Novembro. Abaixo, o trailer e o registro de momentos musicais prediletos da cinematografia de Danny Boyle, ambos do icônico Trainspotting: Underworld - Born Slippy e Blur- Sing:



sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Thiago Pethit - Mapa-Múndi + Planeta Terra

E a organização do festival Planeta Terra confirmou as atrações nacionais do line-up: Holger, Mombojó, Hurtmold e Novos Paulistas. Sobre esse último, trata-se do encontro de Tiê, Tulipa Ruiz, Tatá Aeroplano,Dudu Tsuda e Thiago Pethit. De certa forma, representa a chegada da turma do Baixo Augusta ao grande público. Assista ao vídeo de Mapa-Múndi, do aclamado Berlim, Texas:


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Entrevista: Rosie And Me



Não faz muito tempo que registramos aqui nosso apreço pela banda curitibana Rosie And Me. As melodias simples e incrivelmente doces da banda continuam a encantar (a ótima Jamie é prova disso), por isso conversamos com a Rosanne - dona da bela voz e das letras do grupo - sobre o aguardado álbum de estréia, internet e a possível participação no SXSW 2011; sobre o último assunto, vale a explicação: o South By Southwest ocorre anualmente em Austin, e transforma a cidade texana em centro agitadíssimo de shows, palestras, conferências sobre música nova e toda a onda que a acompanha: mídias, tecnologia, negócios, etc. A rádio Levi's levará a banda mais votada para tocar no festival americano em Março. Nota do blog: o SXSW perderá uma ótima atração se não tiver o Rosie And Me em sua escalação. Segue a entrevista:

MFTP: As músicas do Rosie And Me partem de uma base simples, mas percebo que o uso dos espaços, os arranjos e os vocais se harmonizam de um jeito que sugerem um cuidado especial, atento aos detalhes. Como funciona esse processo de composição?

Rosanne: a grande característica da nossa música é justamente essa simplicidade nas melodias e nas letras. Nossa meta é transmitir sensações por diferentes instrumentos: o ukulele e a flauta, em "Bonfires", por exemplo, deixam a faixa mais animada; já os violões de "Come Back" e "Darkest Horse" criam uma atmosfera mais calma e introspectiva, em que é possível se identificar com as experiências descritas nas letras. Nossas músicas falam sobre relacionamentos, decepções e crescimento, como se contassem uma história. Eu escrevo as letras no bloco de notas do Windows, com o violão no colo, e depois os meninos complementam o restante com arranjos.

Voces formaram a banda em 2006 e lançaram o EP anos depois. Esse tempo de "maturação" de uma banda é importante?

Sim. A formação da banda mudou bastante, perdendo e ganhando membros, até que o Rosie And Me atual se consolidasse. A gente cresceu muito desde os primeiros shows e hoje os ensaios são mais focados para apresentações ao vivo. O EP, lançado depois de tanto tempo, levou quase um ano pra ficar pronto, devido, sobretudo, à falta de recursos. Isso considerando todo o trabalho investido, desde a gravação até a produção gráfica, e material do CD físico.

Qual a importância da internet para a banda?

A banda começou a ficar conhecida graças aos ouvintes do site Last.fm e dos blogs estrangeiros, que deram uma chance para a nossa música. Durante esses anos, com a ajuda da internet, conseguimos conquistar um certo espaço no cenário independente.

É possível para uma banda independente no Brasil pensar em uma carreira internacional apenas pela distribuição /divulgação das músicas na web?

Acho difícil. A internet é fundamental para construir uma base sólida de fãs e despertar o interesse da mídia nacional e internacional. Porém, lançar uma carreira fora do país exige mais estrutura e recursos, coisa que a internet, sozinha, não proporciona.

Quando teremos o álbum de estréia do Rosie And Me?

Se tudo der certo, entraremos em estúdio em Outubro, com previsão de lançamento do nosso álbum completo para o começo de 2011.

Qual a expectativa com a possibilidade de tocar no SXSW em 2011?

Estamos bem engajados em conseguir votos para a promoção que a Rádio Levis lançou, que, ao final, vai escolher uma banda para representar o Brasil no SXSW, no ano que vem. É um grande sonho do Rosie And Me tocar lá fora, por isso, como agradecimento pelos votos recebidos, estamos enviando cópias digitais do nosso EP "Bird And Whale".

domingo, 22 de agosto de 2010

Lê Almeida - Révi



Estranho estar tão familiarizado com um nome e não conhecer realmente o trabalho do autor. O Lê Almeida é nome ativo no cenário indie brasileiro, e só recentemente ouvi com cuidado e atenção seu EP Révi. Eu já sabia que ele possuía um selo - Transfusão Noise Records - e vinha lançando materiais gravados de maneira caseira, ou o tradicional lo-fi tão querido por bandas nos anos noventa. Talvez por ter ouvido um sem número de bandas nacionais emularem aqueles pilares do rock "guitarreiro " como Guided By Voices, Dinosaur Jr., Pavement, sem conseguir ir além da cópia, tive resistência em acreditar que Lê transcenderia o mero tributo honesto. Engano meu, e faço questão de registrar em forma de post um disquinho que já está por aí desde o ano passado. Apesar da estética caseira, Révi é variado melodicamente: coisa difícil quando se trabalha dentro de um sub gênero teoricamente pautado pela simplicidade. Há algo nas composições que demonstra uma vocação para o pop ensolarado muito antes da recente onda surf-noise-pop de Best Coast ou The Drums. Hábil, Lê intercala ganchos melódicos com ataques de guitarra, vocais espertos e linhas de baixo powerpop com eventuais violões, como um construtor de pérolas operando com esmero. Tudo parece muito espontâneo, mas temos um compositor atento aos detalhes e que não desperdiça espaços ou acordes: existe uma dinâmica empolgante em cada uma das oito músicas do EP. Fã de Robert Pollard, Lê Almeida poderia ser um primo brasileiro de Bethany Cosentino do incensado Best Coast: ambos compõem com simplicidade e talento um noise-pop bacaníssimo. E pensar que essa pérola nasceu não no Alto de Pinheiros ou qualquer outro centro indie-limpinho do Brasil, mas na quente baixada fluminense.8/10 Li sobre ele no Last Splash e na Vice Brasil. Quem mora em Sampa pode conferir o show no próximo dia 27 na Livraria da Esquina. Abaixo, o clipe para Nunca, Nunca:

sábado, 21 de agosto de 2010

RIP Charles Haddon



O trio de synth-pop/ indie-electro inglês Ou Est Le Swimming Pool é uma das apostas da crítica musical britânica para esse ano. O disco de estréia Christ Died For Our Synths, deve ser lançado em Outubro. Depois de alguns singles de sucesso, a banda passou a frequentar o line-up de vários festivais. Um deles é o Pukkelpop, na Bélgica. Essa introdução poderia ser mais uma resenha de um grupo novato, não fosse a notícia de que Charles Haddon, vocalista, não sobreviveu a uma queda, após se jogar de uma torre atrás do palco, caindo sobre carros estacionados no terreno anexo durante o festival. O fato ocorreu nessa sexta, 20 de Agosto. A polícia belga trata o caso como suicídio. Daqui por diante surgirão informações sobre Charles, e todo o circo da glamurização da morte de um jovem artista estará funcionando. Por enquanto, fica o registro do bom single Dance The Way I Feel, e a sensação de que Charles foi mais um a se juntar ao estúpido clube.


terça-feira, 17 de agosto de 2010

Kristen's Mixtape



Ame ou odeie, difícil escapar da figura de Kristen Stewart nesses tempos. De estrela da franquia adolescente Twilight, ou como a Joan Jett em Runaways, e principalmente pelo papel em Welcome To The Rileys, que promete convencer os incrédulos em seu talento. Então resolvemos unir a boa música que geralmente acompanha parte de seus filmes com o próprio gosto da garota :

Reunimos aqui canções dos filmes: Adventureland (2009), New Moon (2009), The Runaways (2010) e Eclipse (2010). Também incluímos duas bandas citadas pela atriz como favoritas: The Beatles e Camera Obscura.

Playlist:

The Runaways - Cherry Bomb
Husker Du - Dont Wanna Know If You Are Lonely
New York Dolls - Looking For A Kiss
Big Star - I'm In Love With A Girl
Metric - Eclipse (All Yours)
Lykke Li - Possibility
Band Of Horses - Life On Earth
Grizzly Bear - Slow Life
The Beatles - She's Leaving Home
Camera Obscura - French Navy

Clique Aqui. >>>> Link explodido pelo SISTEMA> Mas ficam as recomendaçoes abaixo. Quem quiser a mixtape me contate pelo twitter.



Não poderíamos deixar de fora a rendição de Kristen para Angel From Montgomery , de Bonnie Raitt em Into The Wild no vídeo abaixo. E também o trailer para Welcome To The Rileys.



segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Swans - My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky

Michael Gira, Swans


Então, aquela expressão "growing old gracefully" não se aplica a Michael Gira e seus comparsas; figura chave no pós punk americano, navegando na no-wave nova iorquina e carregando sua banda por quase trinta anos, a feiúra e a dissonância do som dos Swans nunca combinou com a idéia de veteranos agradáveis compartilhando suas Buds...o hiato de quatorze anos (Soundtracks For The Blind é de 1996) não aliviou a visão ou mesmo a pegada caótica da banda. Na verdade, Gira soa ainda mais dark com sua voz grave de pregador do fim do mundo, contando estórias borradas de traços violentos. O acompanhamento instrumental aqui não decepciona, a banda constrói intrincadas colisões, dissonâncias carregadas de pequenas nuances de beleza em meio ao frenético modus operandi. A sensação de estranheza, ameaça e tensão domina o álbum, como se de uma canção acústica surgissem versos incômodos, ou do barulho surgissem dedilhados e arranjos delicados, e muitas vezes tudo isso ocorre ao mesmo tempo. Bandas como o Liars desejam criar sensação semelhante, mas no caso de "My Father..."o Swans torna outras tentativas reducionistas. Não é uma elegia a uma banda cultuada e respeitada voltando a ativa, mas a constatação de que se o Swans fosse uma banda nova, estaríamos aqui resenhando um curto(na duração), mas pungente início de carreira. Se você morrer e for pro inferno, o Swans será sua companhia musical: abrasivo e assustador. Ou, usando termos mais diretos, esse disco é uma ignorância, desprovido de acompanhamento agradável ou de rótulos bonitinhos. O The Suburbs dos freaks. 9/10 - Abaixo, o vídeo de Love Of Life (antiga, não presente no disco resenhado:esperemos por novos vídeos)

domingo, 15 de agosto de 2010

Kristen Bell, Nick Cave E A Onda De Vídeos Bizarros

Esse ano já assistimos a vídeos, digamos, polêmicos com a violência de Born Free, da MIA, o horror de We Are Water, do Health ou o pornô de Lust For Life, do Girls, mas como a safra é boa seguem abaixo dois novos exemplos de "bizarro nunca é o suficiente": Madder Red, do Yeasayer -estrelando Kristen Bell e sua "coisinha"- e o novo do Grinderman, banda liderada pelo Nick Cave com Heathen Child, cujo roteiro é...bem, assista: ( via Pitchfork.tv )


sábado, 14 de agosto de 2010

Gigante + Dont Believe The Hype


Só podia ser deles: Os Gêmeos. O novo gigante deles já está lá bonitão em NY. A outra obra foi feita em San Diego. Go Cambuci Brothers!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Daydream Nation, O Filme



Conheci o Sonic Youth graças ao Nirvana: eu e muito mais gente. Não só pelo que Kurt Cobain falava sobre a banda, mas principalmente pela abertura dada a bandas underground nascidas nos oitenta na época pós Nevermind. Mas só me tornei fã graças a audição do álbum Daydream Nation, de 1988. Basicamente descobri com aquele disco que experimentalismos combinavam com pegada punk, que psicodelia e andamentos diferentes podiam soar pop, e que guitarras podiam emitir sons muito estranhos. E que viveria a caçar novas descobertas dali pra frente. Pois agora, em 2010, um filme será lançado e não é apenas coincidência compartilhar o mesmo nome: há um personagem chamado Thurston, e a trilha sonora, embora ainda não confirme a participação do Sonic, já mostra sinais de que será muito boa: pelo trailer, ouvimos Walk In The Park, do Beach House e uma cover de Expecting To Fly, do Buffalo Springfield na voz de Emily Haines (Metric). A trama gira em torno da chegada de uma adolescente (vivida por Kat Dennings) a uma comunidade rural. Aparentemente, Michael Goldbach, diretor canadense estreante, teve a mesma experiência transformadora ao ouvir o clássico Daydream Nation. O filme estreará mundialmente em Setembro, na Mostra de Toronto. Abaixo, o trailer , o clipe para a fantástica Teenage Riot e Walk In The Park, do Beach House.

Atualização do post: O filme entrou em cartaz no Canadá nesse fim de semana (15/04); a trilha terá sim Sonic Youth, Emily Haines, Beach House e também Stars, Lou Reed, Sebadoh, entre outros. Sem previsão de estreia no Brasil.



O Verdadeiro Scott Pilgrim


Na onda da estréia do filme (nos EUA), vale conhecer mais uma referência a ser expandida por Scott Pilgrim Vs. The World. O Plumtree foi uma banda (canadense, obviously) formada por garotas e bem cultuada nos anos noventa na cena local. Acontece que "Scott Pilgrim" é o nome de uma das músicas do quarteto, e que batizou o personagem herói-nerd de Brian Lee O'Malley:

Villagers - Becoming A Jackal



Irlandês. Poético. Orquestral. Violões. Ah, tudo pra poupar o seu tempo: se não gostou de alguma(s) característica(s) listadas, não ouça Becoming A Jackal, debut da banda liderada pelo vocalista e compositor Conor O'Brien. Porque o que se ouve aqui é essencialmente o que bandas como os Frames e o Bell X1 desbravaram antes, tornando esse tipo de pop-rock elaborado, bem tocado e escrito uma espécie de gênero irlandês pós U2. As três primeiras músicas dão o tom e abrem o disco de forma surpreendente: I Saw The Dead é quase uma valsa orquestrada, hipnótica, cheia de nuances; a faixa que dá título ao álbum é um número acústico que não estaria fora de foco nessa nova onda folk britânica de Mumford And Sons e Stornoway: vai te envolvendo quase sem esforço; e Ship Of Promises engata uma controlada tensão na levada percussiva e lembra o melhor do Elbow. O nível de qualidade se mantem principalmente pela capacidade de O'Brien de criar imagens através de letras que, mesmo que não primorosas, embalam poeticamente o trabalho de sua banda: trabalho esse que melhora quando se percebe que a preguiça foi deixada de lado: os mais óbvios movimentos parecem estar sempre sendo evitados na linha melódica, ora preenchida por uma levada folk, ora cheia de espaços e silêncios como em Home. A alma de trovador folk + pop-rock aparece em momentos como That Day, que começa devagar e vai crescendo até encontrar um refrão pegajoso. Assim, caminhando entre o rock elaborado, o pop bem arranjado e o folk, o Villagers vai colecionando uma sequência impressionante de boas canções. Parece ás vezes menos espontâneo que o desejável, mas mesmo assim merece atenção: está indicado ao Mercury Prize desse ano. 7,5/10

terça-feira, 10 de agosto de 2010

The Cribs - Housewife

Os irmãos Jarman lançam mais um single one-off, tradição desses ingleses: a música não esteve no álbum Ignore The Ignorant (2009) nem estará no próximo disco. Johnny Marr parece ótimo com esses caras:

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Arcade Fire - The Suburbs



O Arcade Fire é hoje a mais importante banda do mundo. Motivos:

- The Suburbs ameaça lançar a banda para bem além das fronteiras do indie rock. Há uma possibilidade de ouvirmos Arcade Fire tocando em supermercados logo, logo.
- Apesar do potencial pop (ou talvez por isso), o album está sendo recebido com aplausos pela crítica mundial.
- O show da banda no Madison Square Garden na noite de 05 de Agosto foi transmitido em tempo real para uma audiência planetária. E foi dirigido pelo cineasta Terry Gilliam.
- Crianças nascendo nesse exato momento vestirão a camiseta "The Suburbs" daqui a quinze anos.
- Em 1997, o Radiohead lançava seu terceiro álbum. A crítica se espantou, o público adorou, e o festival Glastonbury daquele ano assistiu o quinteto de Oxford se transformar no que é até hoje.
- O Arcade Fire de 2010 é o Radiohead de 1997.

Isso posto, vamos entender porque The Suburbs é tudo isso mesmo: em primeiro lugar, devo dizer que, por mais que gostasse, nunca me impressionei tanto com Funeral ou Neon Bible. O primeiro era fácil de ser admirado, mas difícil de se apaixonar. Em cada nova audição, algumas canções perdiam o punch inicial, como um truque que só funciona uma vez. Entretanto, já se percebia o potencial escondido por ali. O segundo era mais denso e mais coeso, mas perdia no quesito emoção, o que novamente colocava o grupo canadense como "admirável", mas faltando juntar todas aquelas pontas desamarradas. E elas foram amarradas lindamente: com um conceito que transmite a idéia de uma passagem intranquila para uma realidade mais adulta, de um ponto de vista nostálgico de um subúrbio norte americano. Melodicamente menos bombástico, há aquilo que só as bandas que estão em plena forma conseguem: os arranjos bem inseridos e o controle das harmonias, sem rezar a fórmula quiet-loud-quiet tão persistente no indie rock. Há de se louvar também uma leveza ausente nos albuns anteriores, uma fluidez mais orgânica pelas canções. Mais um ponto a favor é que toda essa coerência não se transmite através de uma opção repetitiva, mas sim uma diversidade: O início mais tradicional com a faixa título é levada como uma balada bonita de Robbie Robertson, seguida pela já tradicional tensão imposta por Ready To Start. Há ainda a garagice de Month Of May, o quase discoteque de Sprawl II, algo como Pixies encontrando arranjos grandiosos em Rococo...todas habilmente executadas, reagindo e colidindo umas com as outras formando um quadro repleto de detalhes e surpresas. Win Butler canta de forma derramada os versos de We Used To Wait, a espera citada no título se referindo a troca de cartas num período pré vida digital. E esse sentimento ora triste e desesperançado, ora entusiasta e confuso atravessa o disco levando o ouvinte a verdadeiras vertigens. Alguém disse que The Suburbs era "melhor que OK Computer". Ainda saberemos a extensão do impacto desse álbum, mas, após diversas audições, a sensação de espanto pela beleza e estranheza encontrada aqui é bastante similar á sensação causada em julho de 1997. 9/10

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Jornalismo Musical-Indie Brasileiro É Bunda Mole



Tenho tido um contato maior com a comunicação via blogs há pouco tempo. Comecei a produzir Music For The People há pouco mais de três meses. Nesse período, também acompanhei mais de perto o trabalho de blogs "grandões" sobre cultura pop, em especial sobre música. Sou de outra geração. Na minha época, nos agarrávamos a edições da NME, Vox, Select, Spin para entender o que se passava lá fora, depois corríamos para encomendar os cds das bandas mais faladas. Aqui no Brasil, gostava de ler o Massari, porque até quando não se concordava era possível apreciar o texto, claramente escrito por um cara que amava a música de verdade. Ok, agora esperava que a internet nos colocasse diante de um mundo de troca de idéias e gente entusiasta do "diferente". Ou ao menos que pudessem escrever sobre aquilo que realmente lhes interessava. Não importando se sobre o último hype, o Radiohead, o MC5, tecnobrega, sei lá. Tá bom, que ingenuidade, não? Isso não é um estudo profundo sobre o assunto Jornalismo, blogs sobre musica indie, etc. Apenas uma breve constatação: existe uma micro parcela dos preceitos que norteiam os relacionamentos profissionais no Brasil. Traduzindo: blogs pequenos seguem a cartilha de blogs maiores, que são parceiros de blogs de jornalistas conhecidos, que reverberam sem filtro o que se escreve nas publicações major gringas. Seria estúpido dizer que não acompanho as mesmas publicações: faz parte do exercício observar o que é supostamente interessante em Londres, California, no Brooklyn ou na Suécia. Mas o espaço para discussão, que serviria muito bem aos blogs, não é o suficiente. Significa que um moleque que se considera repleto de ferramentas informativas verá as mesmas matérias sobre as mesmas bandas sendo reverberadas ad nauseam pela web. Eu sei, existem blogs por aí que são a essência do music lover: falam sobre música boa, sem focar exclusivamente no que é hype. Mas são minoria. Há um ciclo do mal que faz com que gente que poderia escrever bem resolva apenas ganhar a chancela dos estabelecidos "comunicadores", "gente das mídias sociais". A capa da NME vai ser tema dos blogs grandes, pequenos, nanicos...O problema não é repercutir o artista, mas ecoar sem argumentação o que se escreve. Estamos criando vacas sagradas dentro desse universo. Miniaturizando o potencial da internet. Eu vivia comprando Cds sem ter ouvido nem uma só música. Baseado apenas no que eu lia. Mas nem sempre eram os recomendados: quando uma resenha era bem escrita, eu sentia que deveria ouvir até aquele grupo que recebia uma nota baixa. Veja, o Massari falava sobre novidades, mas também sobre o Zappa e rock proto-punk australiano, ou bandas italianas, por exemplo. Difícil alguém ir além da Pitchfork hoje em dia. Isso porque as mixtapes são digitais e não fitas cassete de noventa minutos. Há um corporativismo esquisito na indielândia brasileira, um grupinho que venera as mesmas coisas. Nem tudo é caos: já conheci gente e blogs legais, e ainda que incipiente, há algum debate em curso. Talvez as bandas que estão aqui resenhadas sejam também as mesmas de acolá. Mas eu juro que não espero a Metacritic definir a média, ou ler alguém fodão para decidir a minha opinião. Obrigado pela preferência.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

These New Puritans - Hidden




Quando essa banda de Southend-On-Sea, Inglaterra, comentou que seu segundo álbum estava sendo composto principalmente pelo fagote, prevíamos um exercício bizarro de art rock pretensioso; o primeiro disco, Beat Pyramid (2008), mesclava batidas eletrônicas e intervenções de guitarra angulares, mas prometia mais do que entregava, um típico caso de muitas idéias e pouca coesão. Imaginar essa bagunça sendo levada á construção de canções num instrumento tão clássico como o fagote sugeria uma grande bomba. Bem, parece que subestimamos esses garotos (e uma garota). Metodicamente planejado, Hidden praticamente sumiu com as guitarras, inclui o tão falado fagote, mas principalmente tratou de ser uma obra percussiva e rítmica, desprezando coisas ultrapassadas como refroes e melodias. O mais impressionante é que a inclusão de tambores japoneses, beats secos e versos repetidos de forma insistente não se traduz em excesso: ao contrário, TNPS parece preencher espaços cirurgicamente, sem que haja desperdício de energia ou intervenções instrumentais inócuas. Soar diferente já pode ser um ponto positivo, mas apenas praticar experimentações pode te colocar perigosamente perto de um estilo musical macambúzio como o jazz. Não, isso não é jazz. Nem electro, dubstep, indie rock, britpop, grunge...Há muito tempo não ouvia uma banda aparentemente "normal" trafegar pelo lado escuro da música pop: uma guinada mais á esquerda, entre visões narcolépticas e violentas do mundo ao redor. Talvez o espírito de Bristol ancestral (Massive Attack), Asian Dub Foundation e XTMNTR, do Primal Scream esteja presente. Mas o som foi vomitado diferente. Art-rock aqui não significa um grupo de estudantes universitários frustrados com uma tendência para a auto-indulgência, mas sim um bando de nerds perfeccionistas com um talento para surpreender. Dispensável comentar faixas em separado, já que tudo soa melhor como uma só peça. Mas, ainda assim, cair no shuffle em alguma dessas faixas vai te fazer pirar. 9/10

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Broken Social Scene, o Mundo em 3:44 + Tom Cruise

Pois é, e graças a Scott Pilgrim ouviremos muito rock canadense nos próximos meses. O já veterano Broken Social Scene (que já foi um coletivo que reuniu Feist, Emily Haines e Amy Millan, não necessariamente juntas) lançou esse ano o ótimo "Forgiveness Rock Record". O vídeo abaixo foi gerado após a tumultuada reunião do G-20 em Toronto, reunião essa que norteia a sucessão de imagens aleatórias que resultam num quadro icônico do Mundo hoje. O Tom Cruise de Top Gun e Dias De Trovão também está lá, resultando num mashup no mínimo curioso: