domingo, 22 de agosto de 2010

Lê Almeida - Révi



Estranho estar tão familiarizado com um nome e não conhecer realmente o trabalho do autor. O Lê Almeida é nome ativo no cenário indie brasileiro, e só recentemente ouvi com cuidado e atenção seu EP Révi. Eu já sabia que ele possuía um selo - Transfusão Noise Records - e vinha lançando materiais gravados de maneira caseira, ou o tradicional lo-fi tão querido por bandas nos anos noventa. Talvez por ter ouvido um sem número de bandas nacionais emularem aqueles pilares do rock "guitarreiro " como Guided By Voices, Dinosaur Jr., Pavement, sem conseguir ir além da cópia, tive resistência em acreditar que Lê transcenderia o mero tributo honesto. Engano meu, e faço questão de registrar em forma de post um disquinho que já está por aí desde o ano passado. Apesar da estética caseira, Révi é variado melodicamente: coisa difícil quando se trabalha dentro de um sub gênero teoricamente pautado pela simplicidade. Há algo nas composições que demonstra uma vocação para o pop ensolarado muito antes da recente onda surf-noise-pop de Best Coast ou The Drums. Hábil, Lê intercala ganchos melódicos com ataques de guitarra, vocais espertos e linhas de baixo powerpop com eventuais violões, como um construtor de pérolas operando com esmero. Tudo parece muito espontâneo, mas temos um compositor atento aos detalhes e que não desperdiça espaços ou acordes: existe uma dinâmica empolgante em cada uma das oito músicas do EP. Fã de Robert Pollard, Lê Almeida poderia ser um primo brasileiro de Bethany Cosentino do incensado Best Coast: ambos compõem com simplicidade e talento um noise-pop bacaníssimo. E pensar que essa pérola nasceu não no Alto de Pinheiros ou qualquer outro centro indie-limpinho do Brasil, mas na quente baixada fluminense.8/10 Li sobre ele no Last Splash e na Vice Brasil. Quem mora em Sampa pode conferir o show no próximo dia 27 na Livraria da Esquina. Abaixo, o clipe para Nunca, Nunca:

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