sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Arcade Fire - The Suburbs



O Arcade Fire é hoje a mais importante banda do mundo. Motivos:

- The Suburbs ameaça lançar a banda para bem além das fronteiras do indie rock. Há uma possibilidade de ouvirmos Arcade Fire tocando em supermercados logo, logo.
- Apesar do potencial pop (ou talvez por isso), o album está sendo recebido com aplausos pela crítica mundial.
- O show da banda no Madison Square Garden na noite de 05 de Agosto foi transmitido em tempo real para uma audiência planetária. E foi dirigido pelo cineasta Terry Gilliam.
- Crianças nascendo nesse exato momento vestirão a camiseta "The Suburbs" daqui a quinze anos.
- Em 1997, o Radiohead lançava seu terceiro álbum. A crítica se espantou, o público adorou, e o festival Glastonbury daquele ano assistiu o quinteto de Oxford se transformar no que é até hoje.
- O Arcade Fire de 2010 é o Radiohead de 1997.

Isso posto, vamos entender porque The Suburbs é tudo isso mesmo: em primeiro lugar, devo dizer que, por mais que gostasse, nunca me impressionei tanto com Funeral ou Neon Bible. O primeiro era fácil de ser admirado, mas difícil de se apaixonar. Em cada nova audição, algumas canções perdiam o punch inicial, como um truque que só funciona uma vez. Entretanto, já se percebia o potencial escondido por ali. O segundo era mais denso e mais coeso, mas perdia no quesito emoção, o que novamente colocava o grupo canadense como "admirável", mas faltando juntar todas aquelas pontas desamarradas. E elas foram amarradas lindamente: com um conceito que transmite a idéia de uma passagem intranquila para uma realidade mais adulta, de um ponto de vista nostálgico de um subúrbio norte americano. Melodicamente menos bombástico, há aquilo que só as bandas que estão em plena forma conseguem: os arranjos bem inseridos e o controle das harmonias, sem rezar a fórmula quiet-loud-quiet tão persistente no indie rock. Há de se louvar também uma leveza ausente nos albuns anteriores, uma fluidez mais orgânica pelas canções. Mais um ponto a favor é que toda essa coerência não se transmite através de uma opção repetitiva, mas sim uma diversidade: O início mais tradicional com a faixa título é levada como uma balada bonita de Robbie Robertson, seguida pela já tradicional tensão imposta por Ready To Start. Há ainda a garagice de Month Of May, o quase discoteque de Sprawl II, algo como Pixies encontrando arranjos grandiosos em Rococo...todas habilmente executadas, reagindo e colidindo umas com as outras formando um quadro repleto de detalhes e surpresas. Win Butler canta de forma derramada os versos de We Used To Wait, a espera citada no título se referindo a troca de cartas num período pré vida digital. E esse sentimento ora triste e desesperançado, ora entusiasta e confuso atravessa o disco levando o ouvinte a verdadeiras vertigens. Alguém disse que The Suburbs era "melhor que OK Computer". Ainda saberemos a extensão do impacto desse álbum, mas, após diversas audições, a sensação de espanto pela beleza e estranheza encontrada aqui é bastante similar á sensação causada em julho de 1997. 9/10

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