Irlandês. Poético. Orquestral. Violões. Ah, tudo pra poupar o seu tempo: se não gostou de alguma(s) característica(s) listadas, não ouça Becoming A Jackal, debut da banda liderada pelo vocalista e compositor Conor O'Brien. Porque o que se ouve aqui é essencialmente o que bandas como os Frames e o Bell X1 desbravaram antes, tornando esse tipo de pop-rock elaborado, bem tocado e escrito uma espécie de gênero irlandês pós U2. As três primeiras músicas dão o tom e abrem o disco de forma surpreendente: I Saw The Dead é quase uma valsa orquestrada, hipnótica, cheia de nuances; a faixa que dá título ao álbum é um número acústico que não estaria fora de foco nessa nova onda folk britânica de Mumford And Sons e Stornoway: vai te envolvendo quase sem esforço; e Ship Of Promises engata uma controlada tensão na levada percussiva e lembra o melhor do Elbow. O nível de qualidade se mantem principalmente pela capacidade de O'Brien de criar imagens através de letras que, mesmo que não primorosas, embalam poeticamente o trabalho de sua banda: trabalho esse que melhora quando se percebe que a preguiça foi deixada de lado: os mais óbvios movimentos parecem estar sempre sendo evitados na linha melódica, ora preenchida por uma levada folk, ora cheia de espaços e silêncios como em Home. A alma de trovador folk + pop-rock aparece em momentos como That Day, que começa devagar e vai crescendo até encontrar um refrão pegajoso. Assim, caminhando entre o rock elaborado, o pop bem arranjado e o folk, o Villagers vai colecionando uma sequência impressionante de boas canções. Parece ás vezes menos espontâneo que o desejável, mas mesmo assim merece atenção: está indicado ao Mercury Prize desse ano. 7,5/10
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