terça-feira, 4 de outubro de 2011

Feist - Metals


Leslie Feist possui uma folha corrida no circuito independente do Canadá, já que circulou por bandas diferentes e menos conhecidas desde os anos 90, no cultuado Broken Social Scene, com a Peaches e até mesmo já teve composição reinventada pelo inglês James Blake. Mas a maioria das pessoas vai se referir á moça como "fofinha do indie-pop", porque seu álbum lançado em 2007, The Reminder, alcançou as paradas impulsionado pelo hit 1234, que ilustrou propaganda da Apple e rendeu vídeozinho viral. Parece que o sucesso trouxe algum tipo de reflexão, já que Feist só retornou com novo trabalho agora: Metals, e o que o disco oferece é algo que funciona como um contraponto mais introspectivo e dark, deixando o brilho leve do trabalho anterior para trás.

The Bad In Each Other inicia com andamento marcado por bateria e lamentos carregados até encontrar um refrão adornado por arranjos de cordas, num joguete que serve de parâmetro para o clima do disco: perfil mais quieto, crescendos menos óbvios, arranjos adequados e sem exageros e letras tristes. Sombra, luz, sombra; Leslie Feist sabe adequar seu alcance vocal e sua intuição para esse objetivo. Graveyard é mais homogênea, mas igualmente bem construída e bela. How Come You Never Go There traz a insatisfação com a covardia nas relações humanas e sinaliza para um momento mais animado ritmicamente do álbum: a música seguinte, The Circle Married The Lines, traz violinos tensos, quebra com coral gritando "A Commotion!" e refrão pegajoso. Nenhuma surpresa que a grandiosidade seja deixada de lado em Bittersweet Melodies, uma simples, low key canção levada por poucos e esparsos elementos: esse é um disco de introspecção não forçada. Anti-Pioneer, de trôpega levada waitsiana é um dos destaques da parte final de Metals. Cicadas And Gulls é só folk mesmo, mas não um arremedo Starbucks-style, mais para aquele esquelético instrumental que te carrega pra dentro das letras e do vocal do artista.  A quietude fecha com Comfort Me - Feist despida e crua e Get It Wrong, Get It Right, balada cristalina e efetiva.

A menina fofa do indie está mais pra aquela que se esgueirava no underground de Calgary com sua banda adolescente Placebo (não aquela do Brian Molko) ou a "Bitch Lap Lap" da Peaches. De uma maneira adequada: seu senso de pop bem trabalhado permanece, mas com um coração sujo por dentro. 8/10
   

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