Tenho tido um contato maior com a comunicação via blogs há pouco tempo. Comecei a produzir Music For The People há pouco mais de três meses. Nesse período, também acompanhei mais de perto o trabalho de blogs "grandões" sobre cultura pop, em especial sobre música. Sou de outra geração. Na minha época, nos agarrávamos a edições da NME, Vox, Select, Spin para entender o que se passava lá fora, depois corríamos para encomendar os cds das bandas mais faladas. Aqui no Brasil, gostava de ler o Massari, porque até quando não se concordava era possível apreciar o texto, claramente escrito por um cara que amava a música de verdade. Ok, agora esperava que a internet nos colocasse diante de um mundo de troca de idéias e gente entusiasta do "diferente". Ou ao menos que pudessem escrever sobre aquilo que realmente lhes interessava. Não importando se sobre o último hype, o Radiohead, o MC5, tecnobrega, sei lá. Tá bom, que ingenuidade, não? Isso não é um estudo profundo sobre o assunto Jornalismo, blogs sobre musica indie, etc. Apenas uma breve constatação: existe uma micro parcela dos preceitos que norteiam os relacionamentos profissionais no Brasil. Traduzindo: blogs pequenos seguem a cartilha de blogs maiores, que são parceiros de blogs de jornalistas conhecidos, que reverberam sem filtro o que se escreve nas publicações major gringas. Seria estúpido dizer que não acompanho as mesmas publicações: faz parte do exercício observar o que é supostamente interessante em Londres, California, no Brooklyn ou na Suécia. Mas o espaço para discussão, que serviria muito bem aos blogs, não é o suficiente. Significa que um moleque que se considera repleto de ferramentas informativas verá as mesmas matérias sobre as mesmas bandas sendo reverberadas ad nauseam pela web. Eu sei, existem blogs por aí que são a essência do music lover: falam sobre música boa, sem focar exclusivamente no que é hype. Mas são minoria. Há um ciclo do mal que faz com que gente que poderia escrever bem resolva apenas ganhar a chancela dos estabelecidos "comunicadores", "gente das mídias sociais". A capa da NME vai ser tema dos blogs grandes, pequenos, nanicos...O problema não é repercutir o artista, mas ecoar sem argumentação o que se escreve. Estamos criando vacas sagradas dentro desse universo. Miniaturizando o potencial da internet. Eu vivia comprando Cds sem ter ouvido nem uma só música. Baseado apenas no que eu lia. Mas nem sempre eram os recomendados: quando uma resenha era bem escrita, eu sentia que deveria ouvir até aquele grupo que recebia uma nota baixa. Veja, o Massari falava sobre novidades, mas também sobre o Zappa e rock proto-punk australiano, ou bandas italianas, por exemplo. Difícil alguém ir além da Pitchfork hoje em dia. Isso porque as mixtapes são digitais e não fitas cassete de noventa minutos. Há um corporativismo esquisito na indielândia brasileira, um grupinho que venera as mesmas coisas. Nem tudo é caos: já conheci gente e blogs legais, e ainda que incipiente, há algum debate em curso. Talvez as bandas que estão aqui resenhadas sejam também as mesmas de acolá. Mas eu juro que não espero a Metacritic definir a média, ou ler alguém fodão para decidir a minha opinião. Obrigado pela preferência.
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