Ghostpoet, ou Obaro Ejimiwe, produtor e MC londrino chega ao seu primeiro album laureado por alguns elogios e atenção da cena local. Sua capacidade de balancear um certo tipo de música lenta e arrastada e canções mais aceleradas passa pelo sua habilidade como MC e cantor (e admirador de Gil-Scott Heron) . O desenrolar do disco como algo mais cinza e cheio de fumaça para pequenos acenos a uma espécie de clímax é mais um ponto correto para o compositor. A atmosfera é certamente mais sombria, mas a recorrente comparação com Tricky é negativa, já que não há resquícios de viagens auto-indulgentes e resultados irregulares do outrora prolífico MC de Bristol. Aqui é papo reto, dez músicas, enxutas e bem realizadas.
Run Run Run é um início quase narcótico nas rimas bêbadas e refrão cantado de forma largada; Us Against Whatever Ever domina o minimalismo garage e bota tensão na roda; Finished I Ain't leva um instrumental de banda que não colide com a faixa anterior, prova do controle de Ghostpoet, ele sabe o que está fazendo o tempo todo. É exatamente essa consciência que lhe permite encaixar I Just Don't Know, mais veloz e urgente, na sequência de quatro faixas que, mesmo possuindo nuances interessantes, mantém um andamento devagar. A segunda metade do disco é o momento em que Ghostpoet começa a sair do correto para o brilhante: Survive It, que possui um refrão feminino, é levada em um loop de synth e bate forte com melancolia e beleza.Talvez aqui o rapper encontre a melhor narrativa do disco. Gaaasp é sujona e pesada: ele vai contando ao longo do album pequenas cenas e afirmações de "vida dura", mas não constrói letras como crônicas, apostando mais em versos soltos que funcionam; ao contrário da perspicácia veloz de Mike Skinner (The Streets) ou a a maníaca metralhadora de Dizee Rascal e Kano, Ghostpoet se posiciona como um low-profile que vai além das inflexões dub de Roots Manuva. Liines encerra a boa estreia do inglês com guitarras e uma amostra de como fugir dos clichês grime/garage. 8/10
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