quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Klaxons - Surfing The Void


Três anos, medidos pela velocidade particular do pop, é muito mais do que aparenta; em três anos, bandas iniciam novos debates, são incensadas, criam novos rótulos, se perdem no mundo das drogas, brigas internas e egos inflados, acabam, seus líderes lançam carreira solo, reúnem-se novamente, são deletadas de milhares de iPods, geram seguidores e relançam sobras de estúdio. E esse foi o tempo que o Klaxons levou para dar sequência ao seu disco de estréia. Pessoas balançando glowsticks acreditavam viver a era da nu-rave, lideradas pelo grupo londrino, juntando a energia encapsulada pela eletrônica e entregue por uma banda de garage rock, numa alquimia que revivia a lendária Manchester era Madchester do final dos anos oitenta. Evidente que tal euforia perdeu efeito mais rapidamente que um comprimido de químicos selecionados. Qual seria então a resposta do Klaxons para renascer e convencer os incrédulos? Muito se especulou sobre uma possível guinada, já vista com os segundos álbuns do The Horrors e do These New Puritans, em que tais bandas faziam um exercício de reforma e expansão sônica com resultados agradáveis. Os primeiros sinais de Surfing The Void, Flashover e Echoes, decepcionaram aqueles que compraram a idéia de reinvenção. As duas músicas seguiam a cartilha do primeiro álbum: canções de caminho construído para climaxes maníacos, baixo frenético, vocais quase ridículos e barulhos interferentes resultando de alguma forma num pop torto e intoxicante. A audição do álbum por inteiro só comprova a suspeita: o Klaxons não é uma banda tão volátil em operar em frequências diferentes, porque: sua frequência já é bastante peculiar; os caras preferiram um crescimento orgânico e talvez necessitassem de um período para reestabelecer a confiança em seu approach. A principal diferença para Myths Of Near Future talvez seja uma coesão maior, uma certa segurança nas ferramentas e uma execução mais hábil dessas idéias. Nesse sentido, a comparação mais certeira seria o Foals, cujo segundo álbum opera na mesma esfera: uma banda mais segura para tatear esquinas diferentes, mas inteligente o suficiente para não pisar em buracos na escuridão, aperfeiçoando a arte de seus primeiros álbuns. Para o Klaxons, possuir canções de qualidade mais uniforme, demonstrar pequenas nuances extras como em Venusia (balada extraterrestre, realmente), Twin Flames (o momento mais desacelerado, para respiro da galera) já é um passo importante. Há momentos aqui que te fazem sentir como o carona de um piloto pilhadão em um carro veloz: voce nao pode fazer nada em relação a um possível acidente, o carro raspa postes e lambe guard-rails, mas no final a jornada te traz mais emoções boas do que ruins. 8/10

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