quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Everything Everything - Man Alive


As descrições do som dessa banda são tão variadas que, antes mesmo de ouvir o disco, voce coça a cabeça pensando: "Mais uma banda cheia de informação sem saber o que fazer com isso" ou "pretensiosos" ou, simplesmente "deve ser chato". Confesso que, na primeira audição, as concepções acima pareciam corretas: Harmonias vocais pomposas, batidas eletrônicas, ocasionais apelos ao afro-pop, teclados demais, letras cheias de citações...um art-pop bem produzido e sem alma. Mas esse pessoal do norte da Inglaterra tinha mais a oferecer. Uma nova audição permitiu a revelação de camadas refinadas de um pop mais esperto do que "inteligente". Parte do DNA do Everything Everything reside em outros construtores de canções multifacetadas: XTC e Blur , cada qual operando em seus próprios ambientes, experimentaram a mutação da tradicional linha genealógica da música britânica. O EE nasceu em outro ambiente, em um cenário já pouco definido, fazendo com que os delírios de testar a elasticidade e os extremos do pop soassem diferentes. De fato, difícil alinhar essa banda com outras contemporâneas: Field Music, pelas harmonias vocais e classicismo melódico; Yeasayer, pelo psych-electro-pop; Vampire Weekend pela aproximação com as cores mais oitentistas do world-pop. Exceto que Man Alive não é nada parecido, como álbum mais do que canções separadas, com essas outras bandas. Talvez ser cabeçudo e nerd exija um certo grau de coragem e auto-confiança na música: conhecer tanta coisa e não ter vergonha dessa obsessão pode acabar resultando em uma banda apreciativa e fria. Juntar isso com talento e certa arrogância pode acabar como um caleidoscópio; o Everything Everything é dançante sem ser descarado, pop sem referências muito óbvias, e toca como uma banda de indie rock, com desapego e suor em doses certas. MY KZ YR BF e Schoolin' chacoalham sutilmente, Qwerty Finger é frenética e coloca frente a frente os vocais harmonizados em trio com um começo rock para desaguar num final inesperado; Sufragette Sufragette é um Foals fazendo jam com o Queens Of Stone Age(!?); Leave The Engine Room é bonita e desacelerada; Impressiona que, apesar desses pontos altos se destacarem, as outras músicas não são apenas coadjuvantes menores, há sempre uma emoção diferente reservada para aqueles que suportarem um inicial estranhamento. Nada mal para um debut; á sua própria maneira, Man Alive é um delicioso prato a ser degustado com calma. 8/10

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