Existe um conceito que conduz esse disco dos paraibanos, sobre o tal Baptista do título, e tem a ver com seus trabalhos repetitivos e depois algumas mudanças em sua vida; as faixas partem dessa premissa, colocando o Baptista repetitivo e duro caminhando para um mais solto e fora da rotina. Há um filme que acompanha o disco - e não o contrário - mas esse eu não tive a oportunidade de ver.
A coisa com bandas instrumentais é que elas suprimem um elemento tão decifrável e modelador como os vocais, então voce espera que eles sejam realmente bons - não no sentido masturbatório-técnico, mas na inventividade. E esse disco vai te convencendo a cada faixa: não há tentativas forçadas de soar moderninho, então o que rola mesmo é o groove, o ritmo e a repetição (no início principalmente). A mudança de humor é sentida na aspereza de alguns momentos, balanceados de forma segura. Esses caras não começaram ontem, há modulações e matizes de quem já experimentou com timbres e tocam de forma afiada.
Não vejo porque uma banda como o Burro Morto não possa ser tão adorada quanto os produtores de experimentações eletrônicas, até porque embora soem orgânicos, há eletrônica espalhada na concepção do disco. Não é um caso de informação demais e tiros pra todo lado: psicodelia exige uma forte dose de concentração - e talvez outros elementos não musicais - ao contrário do que normalmente se pensa.
Da metade do disco pra frente a coisa começa a ficar cada vez mais interessante, os acordes se tornando menos previsíveis e o climão esquisito predominando. Não estou citando faixas em particular, porque acredito que esse seja um album pra ser ouvido de uma só talagada, imaginando o Baptista dando uma piradinha básica. Mais do que instigante, o melhor lançamento naconal do ano por enquanto. 7,5/10
Burro Morto - Foda do Futuro by eduardoyukio
Nenhum comentário:
Postar um comentário