segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

California 2011: Puro Instinct


Essa coisa de "aposta" para o ano me aborrece um pouco, embora eu reconheça que leio sempre essas listinhas. Então não vou dizer que "aposto" no Puro Instinct: qual o parâmetro? sucesso comercial? elogios da crítica? Os dois? Bem, o que importa é que a banda lança em fevereiro nos EUA seu debut, Headbangers In Ecstasy. Brevemente usaram o nome Pearl harbour, trocado felizmente para Puro Instinct. As irmão Kaplan, Piper e Skylar (uma delas ainda frequenta a escola), são o centro criativo da banda. Essencialmente L.A. girls, vão tocando seu indie psicodélico com certa displicência, mas cavam fundo nas atmosferas que oscilam entre o cenário do pop ensolarado setentista com emaranhados que fariam inveja ao Warpaint. Mais a beleza de um Beach House. Mas nada de comparações: a aposta é que a banda seguirá seu próprio caminho. Ah, as irmãs Kaplan já estão na minha cool list particular, ok? Voces ouvirão muito mais do Puro Instinct aqui mesmo nesse blog.

Letuce - Plano De Fuga Para Cima Dos Outros e De Mim


Não vou gastar o primeiro parágrafo elencando motivos (eu os tive) para não ter falado ainda dessa banda do Rio, cujo núcleo criativo é formado por Letícia Novaes e Lucas Vasconcellos. Talvez seja até bom, como perspectiva, deixar aquela ansiedade de resenhar algo que voce acabou de ouvir e se entusiasmou. Escrever sobre o que te deixa feliz pode tornar o texto mais interessante se esse sentimento permaneceu e resistiu a alguns meses.

Então, vamos lá: esse é o primeiro disco deles, e saiu no ano passado. Fiquei intrigado em relação a leveza das canções, que à primeira audição soavam bastante simples. Mas ao mesmo tempo, a voz de Letícia ganhava espaço pela força. E as letras caminhavam entre o jogo de palavras bem emendados com humor e reflexões muito mais emocionais. De certa forma, esses elementos me pareciam bagunçados, atrapalhando a coesão do disco. Mas aí, certo dia, bateu forte. Tudo fez sentido.

O Letuce não é uma banda de poucas dimensões. Algo transforma pequenas fagulhas em fogo, e essa fricção - que eu chamei de inconsistência aí em cima - é o elemento fundamental para torná-los tão interessantes. Não sei se é o interplay entre a construção melódica e instrumental da metade masculina e a entrega de Letícia. O fato é que Plano De Fuga... é como um daqueles discos que crescem ao longo das audições, porque parece esconder pequenos versos, acordes, emoções.

Letícia canta de forma divertida, debochada, reflexiva. Como se soubesse rir de qualquer situação - até as dolorosas - e dessa maneira particular é capaz de encantar o ouvinte. Darwin's Fairy Tale é um bom exemplo: divertida, sem frivilidades. O escopo estilístico do álbum é vasto, porque, ouvidas individualmente, são rock, folk, brasileirismos setentistas, samba: entretanto, há uma simbólica fragilidade, um delicado tear de arranjos. Binóculos é romântica e rasgada, seguida pela bonita Tuna Fish, de letra mais desencanada. Seresta Quentinha não poderia ter nome mais apropriado, aconchegante e doce.

Quantas bandas conseguem te fazer sorrir e ao mesmo tempo enxergar uma beleza quase triste, e te obrigam a escavar para descobrir tais qualidades? E quantas reúnem um "coração de esponja"? O Letuce é assim. Não é um pequeno disco perdido. É uma obra que merece audição, de coração e mentes abertos. A recompensa é grande. 7,5/10

domingo, 30 de janeiro de 2011

A Bad-Ass Alexis Krauss e o retorno do CSS


Taí o novo vídeo do Sleigh Bells, que continua explorando a imagem e o som abrasivo/doce da banda e sua vocalista Alexis Krauss. "Treinada" pra ser uma pop star americana, Alexis encontrou sua voz ao lado das programações eletrônicas e guitarras de seu parceiro Derek Miller. E o Sleigh Bells fará uma longa turnê com o Neon Indian e o CSS, pelos Estados Unidos. A turnê marca a volta da banda paulistana a uma grande turnê norte-americana. O grupo da Lovefoxx já havia tocado em algumas datas em Nova Iorque e no festival australiano Big Day Out. Assista a Rill Rill:

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Blubell - Eu Sou Do Tempo Em Que A Gente Se Telefonava



Muitas vezes é preciso refazer um caminho - ou tomar outro - para encontrar algum tipo de identificação. Em 2006, Bluebell lançava Slow Motion Ballet, seu disco de estréia. Era uma coleção de boas canções, baseadas num formato pop-rock perfeitamente radiofônico. Cantando principalmente em inglês, as músicas mostravam a voz marcante e uma boa mão para composições. No entanto, parecia haver algo mais para aquela compositora: Dull Routine, com letras em português e inglês, tinha uma levada mais interessante do que a insistência na onipresença das guitarras daquele disco. Muita informação pra pouco formato.

2011. Blubell (agora sem um "e") nos introduz ao brilhantemente intitulado "Eu Sou Do Tempo Em Que A Gente Se Telefonava". Apresentado como um disco de "jazz", causou certo espanto. O rumo daquela cantora-compositora de trabalho instigante seria o do lugar comum da diluição , da música "de sala de espera"? Se a noção de jazz contemporâneo nos leva ao Smooth Jazz, ou o Acid Jazz ou qualquer variação insípida do estilo, essa definição não é a que Blubell seguiu para seu novo disco.

Existe aqui uma associação com o bom gosto dos arranjos, livres de exageros, e instrumentação típica com contra-baixo, sax tenor, piano; o romantismo europeu de Quintet Du Hot Club De France; a expressividade de Piaf, Billie Holiday. Mas Blubell compõem de forma muito leve, aliviando o peso de referências tão icônicas: a divertida Chalala - música de abertura da série televisiva Aline - não perde o timing pop e é rearranjada sem perder a espontaneidade da versão original(que aparece no disco como faixa-bônus). Aí está, então: sentindo-se confortável para expressar mais claramente seus anseios, Blubell desfila confiança por todo o álbum.

O dueto com Bruno Morais em Triz ilustra bem essa confiança: ao invés de arranhar a superfície de um gênero tão profundo a troco de floreios estilísticos, temos uma composição madura e direta. 1,2,3,5 continua a bela troca de vocais, dessa vez com Baby do Brasil: "Voce fez aquela cara de filme noir/Levantou e foi embora e ficou tudo no ar/Muitas lágrimas no meu lencinho de tafetá" . E as participações especiais continuam em Good Hearted Woman: Tulipa Ruiz faz coro nessa afirmação de "mulher de bom coração e verdadeira". My Best é uma balada dark, levada ao piano: a fluência dos versos em inglês aprofunda a melancolia da letra. É uma lembrança de que não estamos em território superficial.

São onze músicas (mais o bônus mencionado). Seria bastante razoável encontrar elementos interessantes em qualquer uma delas, seja nas letras inteligentes, na entrega vocal de Blubell, na bela banda que a acompanha...isso é mais do que um bom sinal de qualidade. É também latente a satisfação da artista em encontrar um caminho tão rico por onde se aventurar. Pra citar a última música, Velvet Wonderland: "Open the window/And let the sun shine in/Look at the mirror/And lei it begin". Blubell começa um novo capítulo com esse álbum, e ele é brilhante. 8/10 Ouça Triz, abaixo:

Blubell - Triz by eduardoyukio

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Chupa A Minha Trança : Cloud Nothings - Should Have


O moleque americano Dylan Baldi nos apresentou seu projeto, Cloud Nothings, em 2010, através de EPs elogiados. O primeiro álbum "cheio" sai agora. E é recheado de músicas grudentas e guitarras sujinhas. No ano passado o noise-pop foi muito revivido por bandas como Best Coast, Wavves, Dum Dum Girls, etc. Também tivemos um número muito significante de vídeos com imagens bizarras, roteiros non-sense e nudez, etc. O vídeo para Should Have reuniu "um grupo de colegiais dispostos a gravar um vídeo durante um sábado inteiro em troca de algumas pizzas" de acordo com o comunicado da gravadora da banda, Carpak Records. Algumas questões: Estamos cansados de noise-pop? E de vídeos "criativos"? Bem, se o som for bom e a trama envolver gente chupando tranças até vomitar, estamos de acordo. Marcela Temer é trendy mesmo, hein?

domingo, 23 de janeiro de 2011

Jennifer Lo-Fi - Summer Sessions EP



O segundo EP dos paulistanos entrou na nossa lista de melhores lançamentos de 2010. Justo então que expliquemos a escolha, num ano de outros bons discos - que serão devidamente comentados por aqui. A estréia do Jennifer Lo-Fi se deu em 2009, pelo EP J Lo-Fi. O disquinho mostrava alguns trunfos da banda: os vocais impressionantes de Sabine Holler, as tramas instrumentais consistentes e densas. Mas ao mesmo tempo, havia a sensação de que por trás da fúria e energia demonstradas poderiam surgir novos caminhos. Tínhamos uma banda com clara admiração pelos freak-outs do Mars Volta e ambientações do post-rock. Mas, aqui e ali, era possível identificar um potencial ainda inexplorado.

Na metade de 2010, saiu Summer Sessions EP. Na primeira faixa, Instrumental, ironicamente somos hipnoticamente introduzidos pela voz de Sabine a um novo elemento na fórmula da banda: o instrumental continua com seus interplays, mas agora eles são mais conscientes e afiados; a velha impressão de amadurecimento, a de "fúria controlada" é claramente exercitada aqui. É como se acondicionassem a densidade ambiental de bandas como Mogwai e Godspeed You!Black Emperor com a precisão rítmica do math rock do Battles. Mais a já citada voz de Sabine, surfando por entre as teias.

A continuação do disco apresenta mais quatro músicas. Outra impressão notável: o ordenamento das faixas permite uma noção de progressão mais clara do que o do primeiro EP. A mesma fórmula descrita vai sendo exercitada e a banda vai dando passos pequenos porém determinados. É como se estivessem acrescentando gotas em um conteúdo potencialmente explosivo: sem abrir mão do barulho, o Jennifer Lo-Fi vai encontrando a beleza escondida em cada acorde, efeito e verso aplicado. Que venha o próximo EP e o laboratório de experimentações sônicas tenha alcançado novos resultados. 7,5 /10 Faça o download do EP no site Rock In Press
Abaixo, Catarse, ao vivo para o programa Poploaded:

sábado, 22 de janeiro de 2011

Céu - Planeta Água (Guilherme Arantes)

Incrível releitura da canção de Guilherme Arantes pela Céu. Caminhando pelas texturas criativas e modernas do trabalho da cantora sem desconstruir a base da música original. Arranjos de Gui Amabis:

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ellie, Bethany, Zooey: Momento Fofinhas





Num ato incomum para esse blog, reunimos três vídeos recentes em que a receita não envolve imagens bizarras, nudez, sons estranhos ou esquisitices em geral. O momento é de apreciar as belas americanas Zooey Deschanel, Bethany Cosentino e a inglesinha Ellie Goulding em momentos bastante adoráveis: em pelo menos dois dos vídeos lindos gatinhos enfeitam as tramas.

Confira: Dont Look Back, com She And Him; Crazy For You - Best Coast e Your Song com Ellie Goulding





domingo, 16 de janeiro de 2011

Burial, o Proto- James Blake


James Blake está carregando a esperança pop britânica esse ano. Com seu álbum de estréia já gerando um grande fórum global de discussões em blogs e revistas:( é ótimo? é uma decepção? é um gênio? é uma enganação?). Realmente, a crítica musical inglesa pretende que Blake seja a face mais acessível de anos trabalhados em gêneros e sub-gêneros da eletrônica, mas que nunca verdadeiramente ultrapassaram a barreira para o mainstream.

James Blake é pianista e bom vocalista, além de produtor. Possui boa imagem, pode ser mesmo bem sucedido nesse novo estilo mais quieto de se fazer música. Mas é difícil imaginar o novo darling existindo sem a presença de Burial. Quem é Burial? Produtor do sul de Londres, avesso a entrevistas e aparições públicas, o músico foi talvez um dos primeiros a trazer elementos do underground para audições que poderiam se metamorfosear em um tipo de pop intrigante.

Seus dois álbuns foram altamente aclamados pela crítica - Burial (2006) e Untrue (2007), embora tenham falhado em escalar as paradas no Reino Unido. De fato, surgindo de uma tipagem sanguínea de Drum'n'Bass, 2-step, garage, house e ambient (a grosso modo, a fórmula química do dubstep), Burial construiu uma personalidade sônica bem definida: batidas quebradas e entrelaçadas, baixo fantasmagórico, efeitos vocais, desenhos melódicos imprevisíveis, teias sonoras de raiz dark e espaçada. Sedimentou um caminho para que, dentro desse universo, surgissem elementos diferentes. Tornou palatável - e atraente - um arquétipo sonoro que poderia encaixar muita coisa. Crooners como James Blake e Jamie Woon, por exemplo. O último já recebeu um remix de Burial.

Traçando um caminho inverso ao pessoal da eletrônica dark americana - que tenta ser o mais distante possível da aceitação, a começar pelos nomes inpronunciáveis das bandas - o pop eletrônico inglês parece se aproximar do mainstream através de figuras que adicionam ao mix do dubstep doses de soul. O sucesso bastante provável desses nomes só aumenta a importância dos álbuns de Burial.



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

The Vaccines - Post Break-Up Sex, Wreckin Bar, Blow It Up

Eu não sei, esse será o segundo single dessa banda londrina formada no ano passado (sim,2010). O primeiro, Wreckin' Bar (Ra Ra Ra) era uma canção rápida e curta (um minuto e pouco). Punk bubblegum setentista esquema Ramones. O lado B soava mais lento e igualmente melódico ( Blow It Up). A diferença entre o Vaccines e outras bandas novatas é que as músicas realmente possuem um potencial de reciclagem pop mais refinado: soam totalmente familiares, mas são sujinhas e grudentas. O single Post Break-Up Sex será lançado oficialmente nos próximos dias. O álbum nomeado What Did You Expect From The Vaccines? sai em Março. Acontece que o grupo já tocou no prestigiado programa da BBC Later with Jools Holland, e é apontado como a grande sensação de 2011. Estamos em janeiro?

O "eu não sei" do início do texto é a minha opinião sobre eles. Só ouvi essas três músicas. São boas (duas) e ótima (Post Break-Up Sex). Parecem bem seguros e aparentemente possuem outras balas no cartucho - a julgar pela impressão do show de estréia deles em Outubro passado pelo Guardian -, portanto é possível que o disco cheio seja bem divertido. Sejamos coerentes: não é preciso matar o rock pro Vaccines ressuscitar o gênero, nem desprezá-los só porque são a bola da vez. Todo mundo sabe que, se resistirem mais alguns anos, os mesmos que os elogiam hoje provavelmente estarão detonando a banda. Assim funciona o mundinho indie, fechado e pedante. Eu torço pra que o Vaccines siga um rumo determinado, alheio aos alimentadores do hype.



Crocodiles + Skins Trailer


Primeiro aperitivo para a estréia da quinta temporada de Skins. Pra variar, boa música: Crocodiles, com Mirrors, do álbum Sleep Forever.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Conhece a Katy B ?


A menina do sul de Londres está construindo um caminho para um tipo de pop baseado em audições de dubstep, garage e R'nB. É uma nova face que explora o caminho aberto por Lily Allen e seguido por Kate Nash, Ellie Goulding e Marina And The Diamonds: cantoras-compositoras que partilham o gosto por letras imediatas, melodias grudentas e afirmativas. Se Laura Marling segue a raiz folk para se diferenciar, Katy B usa sua juventude e um Ipod recheado de eletronica contemporânea. Ela vai tentar se equilibrar entre a credibilidade "urbana" e as paradas de sucesso. Veremos se consegue:

BBB 11? Assista a Series 7: The Contenders



Enquanto o Brasil começa a assistir o BBB 11, um reality muito mais interessante vai ao ar nos EUA. A sétima edição de Contenders, dessa vez ocorrendo na cidade de Newbury, Connecticut. A vencedora das últimas edições, Dawn Lagarto enfrentará seus oponentes em sua cidade natal. Para adicionar mais emoção, Dawn está grávida. Os participantes foram escolhidos aleatoriamente por meio da loteria, e são os seguintes:

Connie Trabuco, 57, solteira, enfermeira de PS
Jeffrey Norman, 33, casado, artista
Anthony Reilly, 39, casado, desempregado
Franklin James, 72, aposentado
Lindsay Berns, 18, estudante

A exemplo das edições anteriores, as regras são as mesmas: cada participante receberá um pistola Glock 17 e será encorajado a encontrar outras armas e coletes. Daí em diante, o show vai acompanhar sem descanso a luta dos escolhidos pela vida. Como sabemos, o vencedor será aquele que atingir a meta e matar cinco concorrentes. A maratona The Contenders terá mais de uma hora de duração. Aqui o site oficial do programa.

Por mais excitante que possa parecer, esse programa na realidade não existe. É apenas a premissa do filme Series 7: The Contenders, de 2001. Dirigido por Daniel Minahan, essa paródia de reality shows era uma maneira de criticar acidamente a proliferação desse tipo de programa na época. Incrivelmente, dez anos depois, o filme anda meio esquecido, mas os programas não.

Filmado e mostrado como a edição final do fictício programa, somos levados a observar, além do absurdo objetivo final, a edição maniqueísta e sentimental dos organizadores do programa. Além do questionamento sobre a manipulação de regras e a exposição do ridículo, o filme traz na própria fórmula uma maneira de mostrar como somos curiosos a respeito da tragédia alheia: a edição veloz, a narração em off dramática, crises entre os participantes, detalhes íntimos de suas vidas; isso prende a atenção, e no final você estará torcendo por alguém e curioso pelo desfecho. Mesmo sabendo que está sendo enganado desde o início.

Daniel Minahan atualmente dirige episódios de seriados como True Blood, e já trabalhou em Six Feet Under, Deadwood e Grey's Anatomy. A trilha sonora foi feita pelo incrível Girls Against Boys, mas Love Will Tear Us Apart ilustra momentos "tocantes" do programa, epa, filme. Veja o trailer não oficial (contém spoilers!) e a bela One Dose Of Truth com o GVSB:




domingo, 9 de janeiro de 2011

Fumando Mil Cigarros Com Bárbara Eugenia


Por conta da recente entrevista com o Vincent Moon, acabei revisitando as edições do pessoal do Música De Bolso, que também capturam música de forma criativa e crua. Me deparei com essa apresentação da Bárbara Eugenia, que nem foi gravada tão agora, mas é tão cativante que merece o post. Quem acompanha o blog sabe que Journal De BAD foi um top 5 no ano passado. Esse registro de Por Aí nos faz imaginar um mundo lúdico em que passeios pelo bairro da Pompéia em São Paulo podem te conduzir á janela da Bárbara. Fiquem atentos ao site da cantora-compositora para as futuras apresentações ao vivo durante o ano.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

The Drugs Do Work - A Mixtape Da Dupla JJ


A dupla sueca JJ já lançou dois álbuns de electro-pop-psych. O primeiro, mais expansivo, o segundo mais quieto. Participantes do selo Sincerely Yours, de Eric Berglund (ceo, Tough Alliance) o duo formado por Joakim Benon e Elin Kastlander ofereceu para download no final de Dezembro a mixtape Kills. Consistindo na tradição do hip-hop, influência sônica da dupla, artistas como Kanye West,Taio Cruz, Akon, MIA, Jay-Z, Dr Dre contribuem com seus beats e samples. Em mais de uma ocasião, a dupla abertamente comentou sobre a influência das drogas nas composições do grupo. Pelo menos há referências espalhadas pelos álbuns e também nessa mixtape. Duas conclusões após a audição desse brilhante disquinho: Elin Kastlander possui uma voz incrível; a música hoje em dia pode ser reinventada inúmeras vezes: todo mundo sabe que Paper Planes, hit da MIA sampleia Straight To Hell, do Clash. E o JJ transformou Straight To Hell-Paper Planes em outra coisa: Kill You. A onipresente Empire State Of Mind, do Jay-Z virou mais uma dose de chapação. A fórmula do JJ envolve lamentações sobre a morte, sobre experiências químicas e emocionais. Nem mesmo o recente álbum do Kanye West escapa das distorções de realidade praticada pelo duo escandinavo. O disco vai chegando ao fim sob o sample: "Can We Get Much Higher" , de Dark Fantasy, mesclada com Runaway, ambas presentes em My Beautiful Dark Twisted Fantasy, para efeito, bem, chapado. Consuma a mixtape com cautela, você sabe, pode estar contribuindo para o tráfico. 8/10 Faça o download no site da Sincerely Yours aqui. Assista ao vídeo de Let Them, renomeada agora para Kill Them:

As Musas De Darren Aronofsky

***************************** Marisa Tomei, O Lutador ********************************
***************************Natalie Portman, Cisne Negro *******************************
********************************Mila Kunis, Cisne Negro *******************************
*************************Jennifer Connely, Requiém Para Um Sonho***************************************************Rachel Weiss, Fonte Da Vida ****************************

O diretor e roteirista americano Darren Aronofsky está novamente no centro das atenções de quem curte cinema por conta de seu novo filme, Black Swan (Cisne Negro no Brasil), um thriller que promete abocanhar alguns prêmios no Globo De Ouro (quatro indicações). Em seu quinto filme como diretor, Aronofsky demonstra mais uma vez seu talento para conduzir grandes atuações. Natalie Portman e Mila Kunis estrelam Black Swan, mas outras atrizes já passaram pelas lentes de Darren: no filme que lhe deu maior atenção, Requiem Para Um Sonho, Jennifer Connely interpretou uma junkie; a inglesa Rachel Weiss (que já foi casada com Darren) estrelou o drama Fonte Da Vida. Em O Lutador, Mickey Rourke brilhou, mas a bela Marisa Tomei abrilhantou ainda mais o filme com sua atuação. Cisne Negro deverá estrear no Brasil no dia 02 de Fevereiro.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Entrevista: Vincent Moon

Take away show do Holger. Foto Renata Chebel

O parisiense Vincent Moon entendeu cedo que a música poderia ser filmada de maneira menos plástica e artificial como em um vídeo publicitário. A idéia de gravar bandas em locações menos herméticas e aproveitar o ambiente urbano para interagir e criar experiências únicas ganharam o nome de Take Away Show, inicialmente postados no site La Blogoteque. Em parceria com Chryde, muitas bandas foram gravadas em diferentes pontos de Paris, principalmente. Isso começou em 2006.

Rapidamente, os vídeos ganharam adeptos, a ponto de Michael Stipe solicitar um pequeno projeto envolvendo o REM. Vincent passou a viajar mais, e também trabalhou em documentários - na verdade, faturou o prêmio do Festival de Copenhague em 2009 por La Faute Des Fleurs. Com as constantes viagens, o cineasta passou a expandir suas próprias ambições: decidiu tornar a vida nômade uma opção, visitando muitos países e gravando artistas em seus próprios cenários.

Disponibilizados em seu próprio site ou no já citado Blogoteque, estão centenas de gravações preciosas: não só por retratar a música de forma crua e realista na captura, mas também por aproximar a relação entre os músicos e ouvintes, entre o cenário imóvel do concreto e o imprevisível das ações humanas. Como uma espécie de versão jovem do grande diretor inglês Mike Leigh, Moon acredita ser possível encontrar o extraordinário na aparente normalidade. Leigh dizia ter o controle estilístico de seus trabalhos, mas "estilo não se torna um substituto para a verdade e a realidade"; a busca pela emoção contida nas vidas "reais"de seus personagens nunca ultrapassou o limite dos pequenos espaços, ou uma opção pelo hollywoodiano "desfecho moral". Se existe alguém documentando música e buscando a beleza no ordinário e no imperfeito, esse alguém é Vincent Moon.

No final de 2010, Moon desembarcou no Brasil para uma temporada. Em São Paulo, filmou Dona Inah, Jose Domingos, Tom Zé, Thiago Pethit, Holger e M Takara. Nesse momento, já está no Rio, onde filma Jards Macalé e outros. Em breve teremos acesso ao resultado dessas filmagens: enquanto isso, batemos um papo com o cara sobre seu trabalho, indie rock, seu novo selo e São Paulo:

Como você planeja suas viagens e escolhe os artistas que serão filmados?

Eu escolho os artistas "no local" de certa forma. Costumo gastar mais e mais tempo em um lugar, pesquisando música antes de decidir quem eu irei filmar. Também faço longas listas de música local antes de desembarcar em um país: perguntando ás pessoas, por e-mails, procurando na internet...Isso me consome bastante tempo. De certa forma é um processo lento encontrar boa música que me entusiasme a filmar.

Me parece que toda a vibração, arquitetura e pessoas de uma cidade são tão importantes quanto os artistas em seus filmes. É uma impressão correta?

Claro. Eu não faço filmes pelos filmes, mas pelo "fazer", então espero que nos meus filmes, obviamente o ambiente seja tão importante quanto o objeto central.

Você esteve em São Paulo recentemente. Ouvi você mencionar algo sobre a caótica arquitetura da cidade. O que mais pode dizer sobre o lugar?

Eu amo SP. É muito especial para o meu coração.Há tantas razões para odiar esse lugar que isso o torna muito interessante. (A cidade) tem sido construída sem muita percepção de evolução, me parece, e a localização geográfica a faz incontrolável - o oposto do Rio. Isso faz da cidade muito progressista em sua mentalidade, enquanto que o cenário no Rio faz a cidade ser muito conservadora. São Paulo está em constante movimento, é um mistério a cada dia, a beleza dela é discreta e oculta. Acho que isso é o que devemos almejar: razões complexas para amar.

No início, você era bastante conectado á cena de indie-rock, mas agora há muito mais diversidade nos seus filmes. Isso foi uma decisão sua ou apenas consequência natural das viagens pelo mundo?

É consciente e natural, eu estava bastante cansado da cena indie, me parecia muito fechada em si mesma , ainda que se clamasse o oposto - a questão sendo: como as pessoas recriam cenas, comunidades, em qualquer lugar, sob quaisquer cirscunstâncias, para o bem e para o mal, especialmente em uma era de relacionamentos digitais. então sim, eu queria aprender mais sobre o mundo e decidi sair de Paris, encontrar diferentes culturas, e me desafiar todos os dias ao viver na estrada e sem muita grana. É uma experiência muito excitante, e eu estou lançando em um mais ou menos um mês meu selo, Petites Planetes, que espero vá refletir tudo isso.

Curta aí duas belas apresentações: os islandeses do Sigur Ros em uma cafeteria minúscula e o chileno Fernando Milagros em Valparaíso:




Take Away Show #103 _ FERNANDO MILAGROS (part 1) from Vincent Moon / petites planetes on Vimeo.

Elbow - Lippy Kids Video

Os idiotas da comparação sempre se referiram ao Elbow como um "Radiohead chato" ou "Coldplay com Q.I.". Prestes a lançar seu quinto álbum, o quinteto mancuniano possui discografia sólida o suficiente para estar entre as melhores bandas da década. Build A Rocket Boys! sairá oficialmente em 7 de março. Ao contrário de quem tenta rotular qualquer trabalho com referências óbvias, a qualidade do Elbow se concentra na tradição de boas bandas inglesas: rock sutil e trabalhado, melancolia, diálogo entre a beleza poética e a linguagem "do povo". Guy Harvey é o frontman ideal pra quem gosta do seu som mais verdadeiro: nunca possuiu imagem jovial e hiperativa, ou uma estranheza curiosa. Sempre pareceu só um cara gordo, um pouco velho pro rock, bêbado e deprimido. No entanto, canta como poucos e é o melhor letrista inglês dos últimos dez anos. Curta aí um aperitivo saboroso do novo álbum:

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Yuck - Yuck


Com previsão de lançamento oficial em 15 de fevereiro no Reino Unido, a estréia da banda londrina Yuck já chegou aos ouvidos de muitos: o álbum vazou há alguns dias. Apontada como possível destaque de 2011 das já tradicionais listas da imprensa inglesa, o quinteto chega credenciado por ótimos singles e pelo menos um belo clipe - já postado aqui.

Fundada por dois membros da finada Cajun Dance Party, o Yuck recrutou uma japonesa e um americano para completar o line -up. E ainda tem uma menina que faz backing vocals. Basear o seu som em uma estética dos anos noventa possui suas armadilhas. A mais óbvia é soar como uma versão deslocada de algo que já foi bom (Beady Eye, hellloo?). Outra é parecer uma versão raquítica de bandas claramente adoradas nesses tempos. De alguma maneira, o Yuck conseguiu evitar esses erros. Como?

As canções são o centro gravitacional de qualquer análise. Se alguém aposta em estruturas e batidas diferentes pode criar algo original, mas se mal construídas a forma e a entrega, não temos canções, o que invalida a possível "boa intenção". Basicamente, o que ouvimos aqui é o inverso dessa teoria. O cenário explorado pelos ingleses é extremamente povoado, e algumas vacas sagradas são invocadas. Guitarras distorcidas, melodia o tempo todo, letras simples e melancólicas: Teenage Fanclub, Ride, Pavement, Dinosaur Jr. Quantas bandas já exploraram esse terreno nos últimos vinte anos?

O que realmente diferencia o Yuck de outras bandas esquecidas ou de mero pastiche são as canções: fortes, enérgicas, com variações dentro do esquema powerpop-noise e personalidade. O início do disco remete ao Teenage Fanclub de Bandwagonesque, um rolo compressor de ganchos areebatadores, guinchos guitarrísticos e dinâmica pop: Get Away e The Wall já conquistam o ouvinte de cara. Os momentos mais introspectivos mesclam um lado mais acústico como uma canção de Lou Barlow: Shook Down e Suicide Policeman. O single Georgia resvala num shoegaze redondo, como um encontro My Bloody Valentine com o Big Star. A segunda metade do álbum guarda momentos realmente sublimes, que apontam para um caminho mais suculento: a balada Suck é uma espécie de equivalente contemporânea de Here, do Pavement: a melodia flui acompanhada por riffs corretos e certeiros. Stutter é praticamente uma continuação desse tipo de canção lenta, com um frescor que os velhos discos do Death Cab For Cutie possuíam. Acredite: todo esse name dropping não serve apenas para ilustrar o som dos caras: é algo que está no DNA dessas músicas, porém elas brilham como composições novas e originais.

O Yuck simplesmente engarrafou o sonho molhado dos fãs do indie-pop guitarreiro dos anos noventa, entregando um disco repleto de momentos de arrepiar. Você estará sorrindo ou realizando manobras de air guitar (Operation); ou observará gotas de chuva pela janela ao som de lamentos singelos (Sunday) ou lisérgicos (Rubber). O ano começou muito bem. 8,5/10

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano Novo, Nova Geração Em Skins

foto: E4 - all rights reserved

Dia 27 de Janeiro estréia - na Inglaterra - a quinta temporada do seriado teen Skins. Como habitual, todo o elenco foi reformulado, fazendo dessa a terceira geração de atores. Com audiência global graças á internet, o programa inglês já foi apontado como a mais bacana combinação de fatores pop da juventude: envolvendo aí toda a polêmica relação dos adolescentes com o sexo, as drogas e os relacionamentos (temas como desordem psíquica, suicídio, morte e famílias desestruturadas). Prestes a ganhar também uma versão norte-americana, Skins é uma plataforma de lançamento de música nova e vibrante: em temporadas anteriores, Crystal Castles e Foals fizeram aparições. O brasileiro Odorico Leal aka The Amazing Broken Man teve canções ilustrando belamente cenas da quarta temporada. Mas para não se isolar num mundinho tão indie,o seriado já selecionou para trilha gente como Kylie Minogue, Lady Gaga, Motorhead, Spandau Ballet...

Sabemos que um dos personagens novos, Rich, é um metalhead que curte barulho, de Slayer e Sepultura a Atari Teenage Riot a Napalm Death. Em relação ao Napalm, os veteranos do grindcore devem fazer uma aparição nessa nova temporada. Outra personagem, a loirinha Mini, curte dubstep e "ama a Katy Perry". Essas informações estão disponíveis nos perfis publicados no site oficial do canal E4, onde também são encontradas as contas do twitter das personagens e também dos criadores da série. O primeiro trailer entrega Ready To Start do Arcade Fire, enquanto a galera da série cai no vazio, nus. A relação dos produtores do seriado com a comunicação entre fãs, atores, bandas é bastante profunda. Cenas extras caem na web, opiniões da audiência são realmente ouvidas, bandas são garimpadas e os atores fazem turnês em festas promovidas pela Inglaterra.

Portanto, aguardamos mais emoções nos próximos dias: curta aí embaixo um pouco de Skins - quinta temporada: o trailer, e músicas favoritas das personagens citadas: