Com previsão de lançamento oficial em 15 de fevereiro no Reino Unido, a estréia da banda londrina Yuck já chegou aos ouvidos de muitos: o álbum vazou há alguns dias. Apontada como possível destaque de 2011 das já tradicionais listas da imprensa inglesa, o quinteto chega credenciado por ótimos singles e pelo menos um belo clipe - já postado aqui.
Fundada por dois membros da finada Cajun Dance Party, o Yuck recrutou uma japonesa e um americano para completar o line -up. E ainda tem uma menina que faz backing vocals. Basear o seu som em uma estética dos anos noventa possui suas armadilhas. A mais óbvia é soar como uma versão deslocada de algo que já foi bom (Beady Eye, hellloo?). Outra é parecer uma versão raquítica de bandas claramente adoradas nesses tempos. De alguma maneira, o Yuck conseguiu evitar esses erros. Como?
As canções são o centro gravitacional de qualquer análise. Se alguém aposta em estruturas e batidas diferentes pode criar algo original, mas se mal construídas a forma e a entrega, não temos canções, o que invalida a possível "boa intenção". Basicamente, o que ouvimos aqui é o inverso dessa teoria. O cenário explorado pelos ingleses é extremamente povoado, e algumas vacas sagradas são invocadas. Guitarras distorcidas, melodia o tempo todo, letras simples e melancólicas: Teenage Fanclub, Ride, Pavement, Dinosaur Jr. Quantas bandas já exploraram esse terreno nos últimos vinte anos?
O que realmente diferencia o Yuck de outras bandas esquecidas ou de mero pastiche são as canções: fortes, enérgicas, com variações dentro do esquema powerpop-noise e personalidade. O início do disco remete ao Teenage Fanclub de Bandwagonesque, um rolo compressor de ganchos areebatadores, guinchos guitarrísticos e dinâmica pop: Get Away e The Wall já conquistam o ouvinte de cara. Os momentos mais introspectivos mesclam um lado mais acústico como uma canção de Lou Barlow: Shook Down e Suicide Policeman. O single Georgia resvala num shoegaze redondo, como um encontro My Bloody Valentine com o Big Star. A segunda metade do álbum guarda momentos realmente sublimes, que apontam para um caminho mais suculento: a balada Suck é uma espécie de equivalente contemporânea de Here, do Pavement: a melodia flui acompanhada por riffs corretos e certeiros. Stutter é praticamente uma continuação desse tipo de canção lenta, com um frescor que os velhos discos do Death Cab For Cutie possuíam. Acredite: todo esse name dropping não serve apenas para ilustrar o som dos caras: é algo que está no DNA dessas músicas, porém elas brilham como composições novas e originais.
O Yuck simplesmente engarrafou o sonho molhado dos fãs do indie-pop guitarreiro dos anos noventa, entregando um disco repleto de momentos de arrepiar. Você estará sorrindo ou realizando manobras de air guitar (Operation); ou observará gotas de chuva pela janela ao som de lamentos singelos (Sunday) ou lisérgicos (Rubber). O ano começou muito bem. 8,5/10
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