Você tem uma banda, mas monta um projeto paralelo para exercitar composições diferentes. Como de praxe, coloca suas canções no MySpace. Um produtor musical gosta do que ouve, e resolve usar não apenas uma, mas duas dessas canções para ilustrar cenas de um seriado britânico. O tal seriado é Skins, conhecida plataforma de lançamento de bandas novas e polêmicas pela crueza no trato de temas adolescentes. O tal projeto é The Amazing Broken Man, capitaneado por Odorico Leal, atualmente residindo em São Paulo por conta de um doutorado em Teoria da Literatura, mas com background geográfico passando por Piauí, Ceará e Minas Gerais. Com o EP "Lullabies For Western Babies" recheado de um intimismo folk hipnotizante, praticamente levado pela voz, violão e arranjos esparsos, Leal conquistou espaço num território em que muitas bandas novatas gringas adorariam habitar. Entretanto, isso não é o suficiente para que esse se torne seu principal projeto, como ele conta na entrevista concedida ao Music For The People:
O Amazing Broken Man começou como um projeto paralelo, mas ganhou espaço nos blogs e revistas. Ele se tornará um projeto principal?
Não. Meu projeto principal é com os músicos-compositores Gustavo Vidal e Ciro Figueredo, que temporariamente se chama October Leaves. E assim é, porque, basicamente, essa banda é infinitamente melhor do que qualquer coisa que eu faça sozinho. Basta ouvir a versão solo de "Rainbow Street" e comparar com a versão da October Leaves, que está no myspace da banda. É uma versão instrumental, que fizemos para uma trilha sonora. Mas, mesmo sem o canto, já está em outro nível.
Fale mais sobre a October Leaves: me parece algo bem diferente do projeto paralelo.
Bem, a October Leaves é bem diferente, até porque o principal compositor na banda não sou eu, mas o Gustavo Vidal, que acontece de compor as músicas mais fodas que eu tenho ouvido em anos. Que poderão ser conferidas em alguns meses, quando lançarmos o "Postmodern Bullshit", o disco em que estamos trabalhando. Para além disso, a sonoridade da banda é bem diferente da sonoridade folk-melancólica do The Amazing Broken Man.
Percebo uma preocupação com as letras nas músicas do Amazing Broken Man. Seus estudos acadêmicos influenciam nesse processo criativo?
Influencia, sim. Passando muito tempo na obra de um poeta você aprende muito sobre tudo, inclusive sobre você. E arte tem a ver com auto-conhecimento.
Pra finalizar, você agora vive em São Paulo. Sente influência da cidade no seu trabalho?
Influencia. Não tem praia aqui, então passo o dia no apartamento e a noite no apartamento, e esse estado de fantasma do apartamento de algum modo é inspirador.
MySpace:
Sequência em que "Near Town" é tocada. Bônus de Grizzly Bear no final:
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