O melhor retrato da diversidade de estilos no mundo pop atual talvez seja o folk praticado em terras britânicas. Gênero ancestral, o folk está sendo tocado por gente jovem, e ouvido por um público que só o conhecia por aproximação - o twee pop sempre teve um pézinho nas harmonias tradicionais do gênero, ok. Mas essa nova geração de músicos aprofunda o interesse para além de uma simples opção estética; eles bebem em fontes mais ricas, tanto do lado americano como da música das terras altas britânicas; são Dylan, Cash mas também Morrisson e Pentangle, Neil Young e Nick Drake. Gente como Laura Marling, Mumford And Sons, Stornoway são a ponta mais bem sucedida do pop inglês em terras americanas nesse ano.
Nessa linhagem também está inserido o ator-compositor Johnny Flynn. Been Listening é o segundo ábum dele e sua banda, The Sussex Wit. Alavancado pelo sucesso alcançado por seus colegas, Johnny não decepciona: para além de banjos e floreios superficiais, há um compositor de talento. Flynn une sua poesia com o trabalho sofisticado de sua banda. Os arranjos são inventivos e fazem muitas canções se aproximarem do baroque pop. No coração de tudo isso, enxergamos uma preocupação com a coerência: emular velhos clichês de autenticidade não sustentaria o trabalho, apenas lhe daria uma imagem falsa; ao invés disso, Flynn - assim como Laura Marling- assina com sua própria identidade uma música que apenas possui raízes muito profundas. Essas raízes não são desprezadas, apenas recebem uma dimensão adequada: o folk e suas matizes podem ser antigos, mas é possível ser um criador dentro do gênero.
Kentucky Pill abre o disco demonstrando um pouco de tudo o que foi dito acima: é urgente, possui ganchos pop e refrão contagiante. Logo na sequência, Lost And Found cativa pela delicadeza e beleza melódica, mesmo sendo montada em estruturas simples. Been Listening destaca o domínio de Johnny nessa alquimia folk-pop / indie rock, sem ser pedante. The Water, dueto com Laura Marling é uma balada lenta e intoxicante: a voz de Laura inevitavelmente eleva a canção e dimensiona Johnny como um vocalista instintivo, mas de limitações de alcance.
Dono de um disco de respeito, Johnny Flynn pode se orgulhar de não ser mais um nome perdido em meio ao hype do Nu-folk ou qualquer outro rótulo inventado para definir quem carrega o peso da comparação e a leveza de um banjo. 7,5/10
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