segunda-feira, 31 de maio de 2010
domingo, 30 de maio de 2010
Male Bonding - Nothing Hurts
"Our little group/ has always been/and always will/until the end" alguém já cantou, na epoca em que era preciso garimpar muito pra encontrar bandinhas legais. Todo esse anacronismo de buscar informaçao em fanzines, gravar cassetes, se enfiar em lugares ruins só pra ter a chance de ouvir algo legal é incomprensível para a molecada que grava, lança, propaga por plataformas digitais. Bem, isso tem criado uma diversidade estilística interessante, mas em outros tempos era possível identificar uma "banda de garagem". Produção tosca, instrumentos idem, velocidade, vocais abafados e energia. Boa parte dos anos 80 e 90 nos EUA foi dominado por bandas como Husker Du, Dinosaur Jr e aquela banda cuja letra inicia esse artigo. O tipo de som que não arranca suspiros dos admiradores de dubstep ou nu folk, e deve agradar velhos que já gravaram uma fita cassete. Exceto que é uma banda novinha, de Dalston, Inglaterra, que parece remexer nesse estilo como se ainda fosse 1991. Sem frescura: músicas curtas, ganchos melódicos, poesia crua, vocais meio enterrados no mix e um arsenal de boas cançoes. Coração, sangue e lágrimas percorrem "Nothing Hurts", mas seria também uma trilha sonora para skatistas alienados. Perfeito, em uma palavra. 8/10
sábado, 29 de maio de 2010
Indie-elitismo e Status Social
Não é difícil descrever aquele seu amigo que genericamente pode ser chamado de indie, embora odeie que o definam assim. Consome revistas gringas, coleciona box sets de séries cults, frequenta cinemas que exibem filmes europeus e/ou independentes, interessado em moda, ainda compra cds embora possua alguns Ipods, se joga nas baladas mais moderninhas e reverencia Nick Hornby. Também tem uma quedinha por gadgets, pra se manter online nas redes sociais non stop. Acima de tudo, sente pertencer a um grupo de pessoas mais informadas que a maioria.Ah, não deixa de visitar Londres, Nova Iorque ou qualquer lugar como Reading e Indio, na California. Nao podem perder esses festivais. Agora, uma reflexao: quanto custa consumir tudo isso? Certamente um trabalhador médio brasileiro não poderia custear tais hábitos. Então o indie brasileiro seria essencialmente um sujeito de classe média alta, que essencialmente já é um animal cheio de ranço preconceituoso e esnobe. Ao contrário do que pensa, está sempre um passo atrás das "modernidades" globais, e seu pensamento converge para um funil estreito, longe do ideal livre e caleidoscópico. Talvez isso explique a mediocridade da produção cultural no Brasil. Porque a essência da criação se relaciona a sentimentos menos nobres, e hábitos menos capitalistas. O blues e o rock não nasceram em berço de ouro. Quase tudo que veio depois, seus inúmeros subgêneros, sempre tiveram um pezinho no lado pobre, sujo e desagradável. O hip-hop por exemplo. Aí alguém lembra que muita coisa considerada seminal foi feita por estudantes de arte. Mas mesmo esses tiveram de se meter em becos mijados pra chegar a verdadeira inspiração. Basicamente, se voce curte algo que pareça minimamente real, com sangue nas veias e talento transpirando, provavelmente procurará nas entranhas menos badaladas da cidade. Porque o mundinho chique e confortável do indie-padrao brasileiro vai oferecer algo similar a esse estilo: produto derivativo, sem graça, sem coração e cheio de boas intenções. Nascer pobre não confere autenticidade, mas viver numa bolha cheirosinha nunca resultará em um bom disco, filme, livro, HQ, etc. Admirador de cultura pop: suje suas mãozinhas desinfetadas.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
LoneLady - Nerve Up
Agora que o pós-punk oitentista e suas angularidades viraram matéria prima para um sem número de novas bandas, ao ouvir que um novo artista surge reverenciando Wire, The Fall, Joy Division, Josef K, etc um bocejo aparece. Mas Julie Campbell, a mulher por trás do Lonelady, é uma mancuniana com um bocado de talento. Ok, o minimalismo guitarra - vocal - bateria eletrônica, os espaços dentro da canção e até o visual da moça são oitentistas. Mas, assim como o ótimo The XX, Lonelady ganha corações pela firmeza das melodias, e grande domínio dos elementos minimais. Assim como PJ Harvey, Julie controla sua voz e intervenções de guitarra de forma a criar tensão, ambiências. Próxima no sentimento de aventureiros da música eletrônica contemporânea , não por acaso lança esse debut "Nerve Up" pelo selo Warp, casa de gente como Flying Lotus, Broadcast e Aphex Twin (mas também de revivalistas como o Maximo Park). A canção título lembra um Gossip nascido em Manchester; "Marble" tem atmosfera de New Order antigo, e é um hit imaginário de um mundo perfeito. Os riffs insistentes de "Immaterial" poderiam pertencer ao REM pré fama, enquanto "Cattletears" é meio Buzzcocks meio Joy Division. Achou tudo muito pouco original? Lembre que as melhores fórmulas ás vezes resultam em algo derivativo, ás vezes em um som familiar mas ao mesmo tempo empolgante. O segundo caso se aplica aqui. LoneLady conjuga o passado de sua cidade natal e cospe música boa. Que é atemporal por definição. 8/10
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Thiago Pethit - Berlim, Texas
Há algum tempo temos notado o surgimento de nomes interessantes na cena musical paulistana. Aliás, "cena" aqui não configura estilo semelhante, mas sim um conjunto de artistas e bandas que parecem possuir personalidade e talento, além de não reverenciar pesadamente o passado. Misturando influências locais e ligados no pop planetário, fogem do lugar comum, pavimentando um caminho mais aventureiro. Gente como Tiê, Tulipa Ruiz, Península Fernandes, CéU, Holger, Stephanie Toth, Babe Terror, Garotas Suecas...e Thiago Pethit, aqui apresentando seu primeiro álbum. Thiago é um compositor bastante autoral, fluindo por arranjos delicados e cantando com segurança temas de solidão, conflitos e incertezas. Há um clima intimista, enfumaçado, mezzo chanson, mezzo Tom Waits. Pode parecer demasiado "sério", para não dizer pretensioso, um compositor jovem acolher tais influências, mas não há espaço aqui para afetações: o título de uma das músicas é "Outra Canção Tristonha". Pethit constrói pequenas crônicas musicais, envoltas por violões, pianos e um belo senso melódico. Algumas músicas cantadas em inglês lembram o trabalho solo de Arnaldo Batista, pelo vocal frágil e poética romântica."Mapa-Múndi", "Forasteiro" e "Fuga N.1"são destaques, mas Berlim, Texas é um album sólido, pequena pérola que merece ser ouvida. 7,5/10
sábado, 22 de maio de 2010
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Laura Marling - Rest In The Bed
A ótima cantora inglesa já lançou um álbum muito bom esse ano "I Speak Because I Can", mas essa canção, apresentada em versão ao vivo na rádio americana WNYC, vai estar presente no próximo disco, a ser lançado ainda em 2010:
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Avi Buffalo - Avi Buffalo
Uma das tendências do indie rock americano na última década é a profusão de bandas conhecidas como seguidoras do folk/country, envoltas em embalagem "nova". Desde que grupos como Grizzly Bear, Fleet Foxes, The Shins, Low Anthem, etc se transformaram na epítome do cool, cada novo artista a acenar para essas características pode cair na vala comum de aproveitadores esquecíveis. O que torna o debut do quarteto californiano Avi Buffalo uma surpresa ainda maior: mesmo não conseguindo fugir das referências citadas, construíram um album consistente, com traços de personalidade forte nas composições de Avi Isenberg, guitarrista e vocalista. Como um Rivers Cuomo que cresceu ouvindo os momentos mais calmos de Lou Barlow, Avi soa adolescente, frágil, dominando a linha entre o confessional e a auto ironia. A banda segue tecendo harmonias bonitas, porém sem exageros nos arranjos, praticamente mantendo caminho livre para o vocal de Avi. Não há intenção de criar andamentos mais intrincados á la Grizzly Bear, mantendo um frescor quase lo-fi,o que joga a favor do disco: em alguns momentos, há alguma perda de foco no molde das cançoes, que se tornam mais longas que o necessário. Mas isso não chega a estragar o prazer de ouvir coisas como "What's it in?", "Jessica" ou "Summer Cum". O maior mérito aqui é que mesmo surgindo em um cenário povoado de bandas parecidas, Avi Buffalo se destaca por ser simplesmente talentosa. 7,5/10
terça-feira, 18 de maio de 2010
sábado, 15 de maio de 2010
Sleigh Bells - Treats
Essa dupla do Brooklyn assinou contrato com o selo de M.I.A, Neet, para lançar seu album de estréia. Nas palavras da cantora cingalesa, eles são " representantes de como a garotada se sente na América hoje". Então eles devem estar muito putos. Pois o que eu primeiro pensei durante a audição de Treats foi como meus pequenos fones Sennheiser estavam aguentando a massa sonora. "Queria ter um Bang & Olufsen agora". Batidas eletrônicas pesadas, riffs parrudos de guitarra, tudo envolto em uma atmosfera opressiva. Exceto pelos vocais de Alexis Krauss, que poderiam ser de Ke$ha se o background musical fosse outro. Mas nesse cenário, seria a Ke$ha cantando de chicote na mão para escravos acorrentados no porão mais escuro do inferno. Mais ou menos isso. Outro cenário mais ilustrativo para a sonoridade aqui encontrada seria uma cópula entre o Ting Tings e o Death From Above. Enfim, deu pra sacar. Mas, espere: no fundo, tudo soa como cançoes pop! O álbum flui tão bonito que nao fica cansativo, e dá pra imaginar algumas melodias ou batidas sendo lembradas após a última música. Então voce aperta o play de novo, porque vale a pena. O equivalente musical de ser atingido por uma pedra, sofrer concussão cerebral e ser acordado por uma garota bonita, tatuada e de voz agradável. Doloroso, mas recompensador. 8/10
quinta-feira, 13 de maio de 2010
UNKLE- Follow Me Down
Extraído do novo album da dupla que vem misturando rock e eletronica desde o final dos anos 90. Estrelando a modelo inglesa Liberty Ross.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
domingo, 9 de maio de 2010
The National - High Violet
Há alguns meses já havia certo grau de expectativa pelo lançamento do quinto disco desse quinteto baseado em Nova Iorque. Depois de receber boas críticas de seus primeiros três álbuns, o National começou a flertar com o sucesso fora da esfera cult com "Boxer", de 2007. Basicamente o álbum mostrava a banda confiante em vestir as suas influências sem medo de soar genérica, com uma tendência a grandeza dos arranjos e da produção polida:se antes o National soava como um Tindersticks americano, naquele album a tensão de guitarras pós punk se unia a escalas comparáveis ao rock de arena do U2.Se não escalou a parada da Billboard, pelo menos fez o som deles ser conhecido por um publico mais abrangente (sim, Obama é fã).Dessa forma, o buzz pelo novo lançamento era bastante alto: The National conseguiria fazer um disco ainda melhor? E haveria relevância nesse universo pop tão veloz? A resposta começou a ser dada com Bloodbuzz Ohio, o primeiro single: apesar de soar grandiosa, não há sinais de produção limpa de "Boxer".Ao invés disso, o ar de melancolia do barítono de Matt Berninger é acompanhado de uma banda afiada, numa canção com adorno emocional comparada ao de um Arcade Fire. Mas "High Violet" surpreende ainda mais quando ouvido como um álbum, mais do que um punhado de músicas juntas: a qualidade das composições é realçada pela diversidade de andamentos; "Terrible Love" é simples, pungente com seus riffs insistentes de guitarra; "Sorrow" é marcada pela bateria marcial e letra derramada:" I live in a city sorrow built/ Sorrow waited Sorrow won" .Fica difícil dizer qual música merece mais destaque, tamanho o nível mantido pelas onze faixas. As letras são ainda mais introspectivas, demonstrando sentimentos de angústia e melancolia. A diferença é que o National parece ter atingido um caminho virtuoso de equilibrio, em que as composições são maduras e consistentes, sem perder a espontaneidade e energia. Tal qual sua discografia, de crescimento orgânico e constante. Para fãs de guitarras e composições adultas, será difícil ouvir melhor álbum nesse ano. 8,5/10
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Kaya Scodelario
Short, short Reviews
Two Door Cinema Club - Tourist History
Album de estréia do trio norte irlandês mistura guitarrinhas pós punk, pop e energia:um Bloc Party menos sério.Pode chamar de fast food indie: saboroso, mas enjoativo. 6,5/10
Black Rebel Motorcycle Club - Beat The Devils Tatoo
Essa banda já foi uma das mais barulhentas e adoradas.O tempo não fez bem aos caras, e esse novo álbum, embora coeso, mostra certo cansaço: até as letras soam mais clichês do que nunca. Grupos como o nova iorquino A Place To Bury Strangers preenche o espaço do rock noise-dark de forma mais correta. 5/10
Album de estréia do trio norte irlandês mistura guitarrinhas pós punk, pop e energia:um Bloc Party menos sério.Pode chamar de fast food indie: saboroso, mas enjoativo. 6,5/10
Black Rebel Motorcycle Club - Beat The Devils Tatoo
Essa banda já foi uma das mais barulhentas e adoradas.O tempo não fez bem aos caras, e esse novo álbum, embora coeso, mostra certo cansaço: até as letras soam mais clichês do que nunca. Grupos como o nova iorquino A Place To Bury Strangers preenche o espaço do rock noise-dark de forma mais correta. 5/10
Hole - Nobody's Daughter
Acho que ninguém ansiava por um novo disco de La Love a essa altura. "Skinny Little Bitch" soa pior que seu título, mas o resto do álbum poderia se encaixar num disco do 4Non Blondes de 1993.Dispensável. 3/10
Caribou - Swin
Dan Snaight é o cara por trás dessa banda. O termo eletrônica moderna pode ser aplicado aqui . Não tema: ao invés de samples e loops perdidos, o que se ouve em Swin são canções que soam tensas, orgânicas e instigantes, utilizando um arsenal de idéias bem resolvidas. 8,5/10
Odessa - Caribou
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Jamie Lidell
Sua referência de soul-funk-pop moderninho é Jamiroquai ou Morcheeba? Então voce precisa conhecer o cara aí embaixo:
Esse disco novo do inglês se chama "Compass", saindo mais uma vez pelo selo Warp.
Esse disco novo do inglês se chama "Compass", saindo mais uma vez pelo selo Warp.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
terça-feira, 4 de maio de 2010
Foals - Total Life Forever
Quando Antidotes foi lançado em 2008, o quinteto inglês recebeu ótima recepção da crítica. Por ser o seu primeiro álbum, demonstrava canções que bebiam na fonte do math rock de bandas como a americana Battles, de riffs intrincados, mas com um senso mais dançante e acessível. Como a maioria dos debuts, talvez fosse um pouco mais longo que o necessário, faltando aquele ajuste fino de retirar "gordurinhas" do som. Mas, mesmo os mais empolgados com Antidotes não esperavam um retorno surpreendente dois anos depois. Dois anos, em nossa época de inúmeras bandas novas expostas via internet, pode ser uma eternidade; o Foals só chamaria a atenção novamente se lançasse algo poderoso. E a banda parece ter reconhecido isso: o vídeo de "Spanish Sahara" surgiu na rede e mostrava um Foals desacelerado, com som esparso, cheio de espaços e tendência épica. Algo diferente mas instigante, sem apelar para um simples perfume de produção moderninha. Na essência, o quinteto parecia dizer que sabia evoluir organicamente. De fato, Spanish Sahara é a música mais reflexiva de Total Life Forever, mas essa audição é uma viagem bastante recompensadora para os menos afoitos. Desde a primeira faixa, Blue Blood, fica claro que a velocidade e urgência do primeiro album foram trocadas por raiva controlada e sofisticação harmônica: em outras palavras, as dissonâncias e o som "quebrado" ainda estão lá. Porém filtradas por andamento mais lento e cheio de espaços. Não é surpresa portanto, que a voz de Yannis surge como uma ferramenta mais importante na construção das músicas. Não se engane, Total Life Forever só mostra suas garras após algumas audições, mas existem motivos suficientes para insistir: o som é "líquido", com nuances de pós-rock, e construído com esmero pelos músicos. Como o Radiohead em The Bends, ou o Blur em Modern Life Is Rubbish, Total Life Forever marca a passagem do Foals de uma banda de potencial desconhecido para algo de talento reconhecido, ao mesmo tempo em que aponta para um futuro promissor. 8,5/10
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