Agora que o pós-punk oitentista e suas angularidades viraram matéria prima para um sem número de novas bandas, ao ouvir que um novo artista surge reverenciando Wire, The Fall, Joy Division, Josef K, etc um bocejo aparece. Mas Julie Campbell, a mulher por trás do Lonelady, é uma mancuniana com um bocado de talento. Ok, o minimalismo guitarra - vocal - bateria eletrônica, os espaços dentro da canção e até o visual da moça são oitentistas. Mas, assim como o ótimo The XX, Lonelady ganha corações pela firmeza das melodias, e grande domínio dos elementos minimais. Assim como PJ Harvey, Julie controla sua voz e intervenções de guitarra de forma a criar tensão, ambiências. Próxima no sentimento de aventureiros da música eletrônica contemporânea , não por acaso lança esse debut "Nerve Up" pelo selo Warp, casa de gente como Flying Lotus, Broadcast e Aphex Twin (mas também de revivalistas como o Maximo Park). A canção título lembra um Gossip nascido em Manchester; "Marble" tem atmosfera de New Order antigo, e é um hit imaginário de um mundo perfeito. Os riffs insistentes de "Immaterial" poderiam pertencer ao REM pré fama, enquanto "Cattletears" é meio Buzzcocks meio Joy Division. Achou tudo muito pouco original? Lembre que as melhores fórmulas ás vezes resultam em algo derivativo, ás vezes em um som familiar mas ao mesmo tempo empolgante. O segundo caso se aplica aqui. LoneLady conjuga o passado de sua cidade natal e cospe música boa. Que é atemporal por definição. 8/10
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