Uma música quente como Belém, repleta de cores e aromas como o Ver o Peso. Mais do que clichês podem oferecer como exemplo, o disco de estreia da cantora paraense Natália Matos encanta. Trazendo um time de músicos conhecidos da cena paulistana (Kiko Dinucci, Rodrigo Campos) de Recife (Rodrigo Caçapa) e composições próprias e de nomes como Felipe Cordeiro, Dona Onete e Almirzinho Gabriel, a sonoridade do debut passeia confortavelmente entre o "caribismo" do Pará e a aspereza de São Paulo.
Apesar de contar com uma numerosa equipe de compositores, o álbum é bem amarrado com temas de amor e relacionamentos, de atração e desencontros. A guitarra do pesquisador Caçapa ora adentra no ritmo requebrado, ora estimula a urgência, sempre embalado pela voz doce de Natália. Essa combinação mantém o coração do disco bombando, renovando o ar constantemente.
Cio, de Kiko Dinucci, é um emaranhado de guitarra e percussão de efeito intoxicante; Beber Você chama pra dançar no acento carimbó; Baila de Havana namora Cuba com arranjos acertados; Pouca Luz é um crescendo dramático. O trunfo do disco é o equilibrio entre sonoridades reconhecíveis com a busca por uma identidade particular. O resultado agrada, trazendo uma ambiência quente, sensual, comandada pela produção de Guilherme Kastrup.
Natália aparece como um dos bons nomes novos da música brasileira, apresentando um disco de estreia instigante e belo. 8/10
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