segunda-feira, 28 de outubro de 2013

#HighFive - Cinco Canções: Bonifrate



Convocamos uma galera pra escolher cinco canções e trocar ideia sobre elas. Nesta edição, Bonifrate:


Beto Guedes - A página do relâmpago elétrico

"Uma das canções mais bonitas que existem. Brota de uma melancolia enraizada no chão e sobe aos céus platônicos das ideias com um emaranhado de imagens fortes e épicas. É incrível que uma peça tão cheia de compassos quebrados e timbres estranhos tenha sido um grande sucesso radiofônico como foi 'A página do relâmpago elétrico'”.


Super Furry Animals – (Rocks Are) Slow Life

"Posso dizer que a obra dos Furries habita minha fonografia mais interior, minha coleção de influências mais visceralmente explícitas. Não escreveria canções como as que eu escrevo se não fossem as de Gruff Rhys. 'Slow Life' é um épico beligerante da pista; uma baita síntese pop do século XXI. Os Furries me ensinaram que uma canção pode falar sobre qualquer coisa; os Mutantes, que isso também vale pro português."


Os Mutantes – Ave Lúcifer

"Sempre que eu escuto 'Ave Lúcifer' sinto o eco destruidor da primeira audição; todo aquele imaginário terrível e fantástico da pintura de Bosch transubstanciado em uma canção. Quando ouvi 'Ave Lúcifer' pela primeira vez, comecei quase que imediatamente a rabiscar, também pela primeira vez, uma letra em português."



Peter Tosh – Till Your Well Runs Dry

"O som do Peter Tosh, junto com Lee Scratch Perry, destroçou há poucos anos com a resistência adolescente estúpida que eu tinha ao reggae. É provável que nos últimos tempos eu tenha escutado mais música jamaicana que qualquer outra coisa. Entre a amargura de um coração partido no fundo do poço e a intervenção política mais concisa e revolucionária, o Tosh é baita de um letrista."


Bob Dylan – Desolation Row

“'They’re selling postcards of the hanging'” – com esse mata-leão, Dylan começa essa que é uma das suas canções mais longas dos anos 60. É também das mais referenciais e absurdistas. Mas o bonito pra mim é sacar como, em meio a todas essas imagens loucas (Ezra Pond e T.S. Elliot lutando sobre torre; Einstein disfarçado de Robin Hood tocando violino elétrico; o Fantasma da Ópera assustando garotas magrelas), Dylan te arranca os sentimentos mais humanos, identificados ali com todos nós que pensamos pesado e sofremos por esse corredor da morte irrecorrível que é o mundo. Escolhi aqui a versão do Bootleg Sessions Vol. 4, que carrega aquela tensão dos concertos do Dylan no Royal Albert Hall em 1966, e onde ele parece realmente querer violentar os ouvidos da audiência com coices rítmicos e feitiços melódicos." 

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