Se o Arcade Fire é a banda mais famosa do Canadá hoje, não é por falta de qualidade de outras bandas da terra do Tragically Hip. Esse quarteto de Calgary chega ao segundo disco dando mostras de que seu art-rock barulhento promete um futuro interessante. Public Strain é um disco pra ser ouvido de uma talagada só, já que há certa coesão no conjunto de canções; elas "conversam"entre si, dentro de uma trama de guitarras elásticas e camadas de barulho. Poderia ser mais uma tentativa de assimilar a estética noise de semi deuses como Velvet Underground e Sonic Youth. Porém, existe mais substância aqui, destilada na forma em que melodias se esgueiram entre tramas instrumentais, buscando espaço e duelando por entre os vocais abafados de Patrick Flegel. Sem nunca abrir mão do som abrasivo, a delicadeza só surge em pequenos intervalos, como que servindo de liga para a amarração guitarras-lixa e ganchos pop. A atmosfera é densa, mas a aplicação do Women em variar temas dentro de uma mesma tela não permitem que o ouvinte se distraia. Na verdade, Public Strain mostrará suas principais qualidades á aqueles que o ouvirem com atenção exclusiva: China Steps começa com uma repetição quase monocórdica e vai se esvaecendo numa fumaça de beleza. Venice Lockjaw aposta numa lenta e melancólica caminhada pelo lado escuro da rua, mas espere pela transição: torna a música especial, apesar de curta; mais um exemplo de que eles guardam momentos de beleza, que podem surgir a qualquer momento. Esse pessoal pode ter coleções de discos da no-wave, mas entende a dinâmica de grupos como o Pavement: a busca pela melodia nunca é totalmente soterrada pela desafinação dos instrumentos e toda a articulação noise. Pode chamar de música cabeçuda, mas com tantos detalhes surpreendentes espalhados, é uma audição recompensadora. 7,5/10 > Abaixo o vídeo não oficial de Can't You See:
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