"Guitar, cara, guitar band!". Era isso que um amigo meu dono de loja de discos dizia quando queria me apresentar alguma banda nova. Isso quando termos como esse faziam algum sentido, e ainda haviam tribos musicais ( nessa loja eu era o cara das "guitar bands", mas tinha também o pessoal do hip-hop, da música eletrônica, os amantes do hardcore, do punk, e claro, os metaleiros). Há muito tempo eu não conseguia encaixar uma definição como essa pra algum som novo. Mas também faz tempo que eu não compro música em loja de disco. O que faz esse debut da dupla canadense PS I Love You ser quase anacrônico: o que ouvimos aqui é uma tentativa de escrever melodias antêmicas, com ritmo marcante da bateria e, especialmente, guitarras encobrindo todo o resto como uma cobertura de chocolate. Características encontradas facilmente naquela época citada no início do texto, os anos noventa. Se você pensou em Dinosaur Jr, talvez esteja perto, mas esses canadenses destilam a riffarola do J.Mascis e deixam só a parte boa. Ou, o guitarrista deles é mais emoção e menos técnica. Como todo bom disco, Meet Me At The Muster Station é curto, direto, sempre com um pé na agitação e outro na busca pela melodia perfeita. O que os diferencia de simples revivalistas é a entrega: existe sangue, suor em cada pedaço de música: nesse sentido, se parecem mais com grupos clássicos do underground americano dos anos oitenta como Husker Du e Minutemen. Referências á parte, o que fica mesmo é a excelente coleção exposta nessa estréia: o gosto não é de nostalgia, mas de excitação pela descoberta. Se aquele meu amigo ouvisse esse disco, me recomendaria assim: "Essa banda é nova, legal pra caralho: guitar band!" 8,5/10
vc definiu muito bem o prazer de ouvir PS I Love You, que banda!
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