A carreira dessas meninas de Los Angeles ganhou impulsão durante esse ano, embora Exquisite Corpse, EP de estréia da banda, já estivesse disponível desde 2009. O que começou com alguns comentários aleatórios logo gerou a já conhecida "sensação dos blogs" pelo mundo. Com essa nova ordem de divulgação, os meios tradicionais só se deram conta do som delas nos últimos meses. Esse debut, The Fool, ganhou então uma expectativa inesperada. O EP tão falado mostrava um som cheio de nuances, tramas de guitarras, vocais etéreos e certa "sujeira", crueza. Algo como se Cat Power e Kristin Hersch estivessem em uma banda shoegaze/prog. Misterioso e complexo, Exquisite Corpse era um aperitivo bastante instigante. Contratadas pelo selo inglês Rough Trade, as garotas se viram diante de um desafio: manter o ouvinte conquistado anteriormente por um mini álbum entusiasmado durante um álbum inteiro.
Podemos dizer que The Fool soa consideravelmente menos cru e abrasivo. Sabemos que Andrew Weatherall trabalhou na mixagem do disco, o que pode explicar de certa forma a abordagem sonora escolhida: os timbres estão bastante destacados, a precisão rítmica mais detalhada, os espaços menos preenchidos. Pra quem ajudou Screamadelica a ser mais do que um disco de rock brit para se tornar um marco da psicodelia dub/eletronico/pop, parecia o trabalho perfeito. Pontos positivos: com as arestas aparadas, a coesão do album é inquestionável, e a competência instrumental ganha espaço; os vocais são ainda mais hipnotizantes, trazendo destaque ás letras dark e românticas. Melhor exemplo: a faixa de abertura, Set Your Arms Down; espaços delineados, guitarras rítmicas ecoando...a aproximação aqui é com o The XX sem os sequenciadores. Esse polimento trazido pela produção do álbum é o que de melhor e pior traduz a sensação aqui: Warpaint está soando mais pop, no bom sentido: as canções não se desmancham em devaneios prog, parecem mais como uma unidade bem definida. Warpaint está soando mais pop, no mau sentido: começam aqui os problemas: diga adeus aos andamentos mais indefinidos de outrora, o que ajudava a vislumbrar até onde iria a imaginação daquelas tramas instrumentais. Faz falta imaginar uma música como Undertow soando sem as limitações impostas pela opção mais segura. Do jeito que está, é uma bela peça pop, de beleza inquestionável, mas muito mais previsível. Impossível não sentir uma banda amarrada, cujo potencial se mostra timidamente sufocado: se voce ansiava pelo segundo disco do XX com vocais mais elásticos, esse disco é The Fool. O que não é ruim, pelo contrário. Para aqueles mais otimistas com o que Exquisite Corpse sugeria (uma música sensual, dark, pesada e misteriosa), é uma decepção. As meninas provocaram a imaginação, mas a noite acabou sendo mais previsível. 7/10
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