domingo, 31 de outubro de 2010

Gil Scott Heron Em Sao Paulo

Atualização: Scott-Heron não vem mais. O artista alegou problemas particulares. Mais informações: http://www.sescsp.org.br/sesc/download/CANCELAMENTO-HERON.pdf
Para rechear ainda mais o já movimentado mês de Novembro, foi anunciada a apresentação de Gil Scott-Heron em São Paulo, no dia 28 no Sesc Interlagos. Poeta, ativista e músico, Scott-Heron influenciou inúmeros artistas de hip-hop: No início dos anos setenta ele já lançava discos com doses de soul, blues e folk com sua spoken word, o que lhe garantiu um lugar como precursor do rap. O icônico poema-canção The Revolution Will Not Be Televised ainda é considerado um dos mais pungentes trabalhos de natureza política no pop. Seu mais recente trabalho, o álbum I'm New Here, mostra o já sexagenário artista em boa forma: entre batidas modernas, seus contos ainda soam afiados. Veja uma amostra no vídeo de Me And The Devil:

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Boneca Loser

O trailer do filme A Rede Social voce já viu aqui mesmo. Daí que o uso da versão "coral" de Creep, do Radiohead, pelos belgas do Scala & Kolacny Brothers nesse mesmo trailer gerou curiosidade sobre o trabalho do grupo. Famosos em sua terra natal, fazem versões usando um coral infanto juvenil de músicas pop em geral. Isso inclui ouvir versões do Elbow e Nirvana mas também de Puddle Of Mudd (!) e UB40. Seguindo o fluxo, uma cineasta americana ( Alex Heller ) resolveu fazer um filme de animação stop-motion com Creep, na versão belga, como trilha. Dá uma olhada aí embaixo na saga da bonequinha:

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Juliana Kehl - Juliana Kehl


Um dos prazeres esquecidos pelo avanço da música digital é a descoberta tardia de uma banda/artista através do conselho da loja de discos. Algo como achar uma pequena pérola perdida nas prateleiras, conhecida apenas pelo ouvido atento do vendedor. Hoje em dia somos bombardeados de coisas novas sendo lançadas no ciberespaço, gerando duas situações distintas: temos acesso á produção musical quase em tempo real; o volume de gigabytes é tão grandioso que seria mentiroso afirmar ser possível realmente ouvir com a atenção necessária a todos os lançamentos.

O primeiro parágrafo serve como mea-culpa pela desatenção - desses ouvidos - ao primeiro disco da paulistana Juliana Kehl. Lançado em 2009, também funciona como exemplo da bela safra de bandas, cantoras e compositores em ação na capital paulista. Alguns desses artistas vão traçando um caminho próprio, dentro de uma cena independente, o que pode provocar esse efeito de ação retardada. Mas isso também é positivo, já que não há exposição demasiadamente concentrada em um período: a música vai ganhando peso e distribuição de forma progressiva.

Assinando a maioria das composições, Juliana demonstra peculiar segurança pra quem está estreando: a presença de músicos reconhecidamente talentosos como Dudu Tsuda, Marcelo Jeneci, Guilherme Kastrup, pra citar só alguns, e a produção de Gustavo Ruiz e Dipa não eclipsam o trabalho da cantora. Ao contrário, o diálogo entre a voz melodiosa e equilibrada de Juliana com a excelência na execução e nos arranjos é muito perceptível. Vale a anotação aqui: essa participação de músicos em discos uns dos outros não resulta numa estética musical engessada: a característica de cada compositor é respeitada.

No caso de Juliana as características são: delicadeza, lirismo e uma busca pela beleza melódica. A voz sempre bem modulada passeia com habilidade pelos versos construídos com esmero . Rede de Varanda combina essas características: introduz de forma cuidadosa os ritmos brasileiros filtrados por ouvidos abertos ao pop contemporâneo, soando organicamente atual, sem recorrer ao já ultrapassado expediente de introduzir batidas eletrônicas datadas a um adorno "regional". Viação Cometa possui fluidez exemplar, um hit classudo em uma rádio dos sonhos. A Música Mais Bonita mostra slide guitars, teclados e um uso dos espaços que permite á Juliana carregar as nuances melódicas em sua voz como complemento especial. Tá Perdido, Nego é um exemplo de emoção incontida nas letras, de entrega dócil e suingada.

Juliana Kehl representa muito bem esse despojamento de rituais revivalistas: injeta frescor e timing pop, sem abrir mão da "brasilidade". De forma low profile, cantoras como ela esbanjam talento sem pedir a benção dos semi-deuses. Se encontrarmos com frequência trabalhos tão instigantes como esse, a velha sensação prazerosa de novas descobertas musicais se tornará menos rara. 7,5/10

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Miranda Kassin E André Frateschi - Hits Do Underground


Um dos aspectos mais interessantes sobre toda a movimentação cultural do Baixo Augusta, esse caldeirão de pessoas diferentes consumindo e produzindo arte - música em especial - é a caraterística de reunir trabalhos de facetas diferentes: na forma, há rock, pop, eletrônica, música brasileira como samba e outras vertentes, hip-hop...O casal Miranda e André introduziram uma outra faceta: como reinventar o que parecia simples: trabalhar com escopo definido de artistas: ele, Bowie; ela, Amy Winehouse e outras divas do Soul, sem ser apenas uma banda cover. O público que se encantou com as performances da dupla percebeu que, acima de tudo, os elementos paixão, entusiasmo - além de serem ótimos cantores - contribuíram para afirmações de que assistiam a um verdadeiro espetáculo. Ao invés de pessoas mecanicamente emulando músicas conhecidas, dois artistas que empunhavam um caráter celebratório ás suas apresentaçoes.

Diante desse cenário - e por fazer parte dele - foi natural a escolha definida para o registro em disco de Kassin e Frateschi: vasculhar canções que nunca cruzaram a fronteira da independência, mas que marcaram muitas noites na região central de São Paulo na última década: bandas independentes que geraram potenciais hits. O repertório é impecável e não se resume a artistas de São Paulo: temos Vanguart, Wado, Mombojó ao lado de bandas paulistanas como o Ludov, Cérebro Eletrônico, Curumin, O Degrau. Também encontramos o resgate oportuno de Os Mulheres Negras e o trovador gaúcho Wander Wildner, entre outros.

Mais uma vez, o desafio: como empreender novas versões que pudessem soar coesas num universo multifacetado? Ao que parece, a energia que move Miranda e André é proporcional á força que leva tantos frequentadores e empreendedores da noite paulistana a transformar a cidade em um fervilhante cenário. Impressiona o trabalho de reconstrução das músicas, sem tirar o conteúdo principal delas, e injetar toques pessoais que geram uma nova paleta de cores ás composições. Registre-se também o trabalho de produção de Plínio Profeta, que extraiu toda a exuberância das apresentações ao vivo da dupla para a gravação.

Como dito, o álbum é bastante coeso, mas aponto alguns destaques: A versão de , do Cérebro Eletrônico reafirma a vocação pop da canção, acompanhada por guitaras marcantes. Magrela Fever, do Curumin, soa bonita como a versão original, mas há nuances na abordagem mais orgânica da dupla que revelam detalhes interessantes. Fita Bruta, do Wado, ganha potência ainda maior pela melodia encantadora da voz de Miranda, além dos arranjos bem colocados.

Por fim, o álbum cumpre dois objetivos: expõe o trabalho de ótimos artistas, desconhecidos do grande público em geral; e se afirma, apesar de ser a interpretação de autores diferentes , como uma excelente introdução ao mundo de Miranda Kassin e André Frateschi: Aqui, nesse registro, há mais do que covers: há verdadeira paixão pela música, que vibra com o frescor da descoberta e da entrega entusiástica. 8/10
Abaixo, um exemplo das aprentações ao vivo: Under Pressure (Queen e Bowie, no original), no programa Altas Horas, da Rede Globo:

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Warpaint - The Fool


A carreira dessas meninas de Los Angeles ganhou impulsão durante esse ano, embora Exquisite Corpse, EP de estréia da banda, já estivesse disponível desde 2009. O que começou com alguns comentários aleatórios logo gerou a já conhecida "sensação dos blogs" pelo mundo. Com essa nova ordem de divulgação, os meios tradicionais só se deram conta do som delas nos últimos meses. Esse debut, The Fool, ganhou então uma expectativa inesperada. O EP tão falado mostrava um som cheio de nuances, tramas de guitarras, vocais etéreos e certa "sujeira", crueza. Algo como se Cat Power e Kristin Hersch estivessem em uma banda shoegaze/prog. Misterioso e complexo, Exquisite Corpse era um aperitivo bastante instigante. Contratadas pelo selo inglês Rough Trade, as garotas se viram diante de um desafio: manter o ouvinte conquistado anteriormente por um mini álbum entusiasmado durante um álbum inteiro.

Podemos dizer que The Fool soa consideravelmente menos cru e abrasivo. Sabemos que Andrew Weatherall trabalhou na mixagem do disco, o que pode explicar de certa forma a abordagem sonora escolhida: os timbres estão bastante destacados, a precisão rítmica mais detalhada, os espaços menos preenchidos. Pra quem ajudou Screamadelica a ser mais do que um disco de rock brit para se tornar um marco da psicodelia dub/eletronico/pop, parecia o trabalho perfeito. Pontos positivos: com as arestas aparadas, a coesão do album é inquestionável, e a competência instrumental ganha espaço; os vocais são ainda mais hipnotizantes, trazendo destaque ás letras dark e românticas. Melhor exemplo: a faixa de abertura, Set Your Arms Down; espaços delineados, guitarras rítmicas ecoando...a aproximação aqui é com o The XX sem os sequenciadores. Esse polimento trazido pela produção do álbum é o que de melhor e pior traduz a sensação aqui: Warpaint está soando mais pop, no bom sentido: as canções não se desmancham em devaneios prog, parecem mais como uma unidade bem definida. Warpaint está soando mais pop, no mau sentido: começam aqui os problemas: diga adeus aos andamentos mais indefinidos de outrora, o que ajudava a vislumbrar até onde iria a imaginação daquelas tramas instrumentais. Faz falta imaginar uma música como Undertow soando sem as limitações impostas pela opção mais segura. Do jeito que está, é uma bela peça pop, de beleza inquestionável, mas muito mais previsível. Impossível não sentir uma banda amarrada, cujo potencial se mostra timidamente sufocado: se voce ansiava pelo segundo disco do XX com vocais mais elásticos, esse disco é The Fool. O que não é ruim, pelo contrário. Para aqueles mais otimistas com o que Exquisite Corpse sugeria (uma música sensual, dark, pesada e misteriosa), é uma decepção. As meninas provocaram a imaginação, mas a noite acabou sendo mais previsível. 7/10

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Cérebro Eletrônico - Deus E O Diabo No Liquidificador


O desafio de resenhar um lançamento que é claramente um documento representativo de uma cena musical colaborativa e progressista: não ser condescendente. O terceiro álbum do Cérebro Eletrônico, liderados por Tatá Aeroplano, traz participações de figurinhas carimbadas como Dudu Tsuda e Tulipa Ruiz, além do neo paulistano via Cuiabá Hélio Flanders (Vanguart). Credenciais da turma do baixo Augusta, da música independente criativa e não apadrinhada. Pareço Moderno, o disco anterior do quinteto, já soava bastante coeso e singular, um rock de asfalto, com um pé na psicodelia e outro no pop, com letras espertas. Quando uma banda atinge certo grau de segurança, o próximo passo sempre é precedido de dúvidas. Apostar em novos ritmos? Seguir a fórmula?. Mas é claro que essas questões surgem com mais frequência em quem escreve sobre música, e não em quem escreve músicas. Tatá provavelmente deixou rolar, e entregou esse Deus E O Diabo..., que eleva a viagem musical da banda alguns degraus acima. Não há revoluções estilísticas aqui. Apenas uma condição de fluidez, de idéias e de melodias, pertinentes áqueles que não pensam demais. Os rocks estão mais potentes, as baladas mais contundentes, o que era flerte virou mergulho psicodélico e os acenos a música brasileira são mais claramente avistados. Tatá continua mandando versos simples que, repentinamente, assumem condição memorável, pela ironia ou derramado romantismo. A primeira metade do álbum é feita de canções vencedoras: o rock certeiro de Decência, a balada e primeiro single Cama, de refrão imediato; o contorcionismo de O Fabuloso Destino Do Chapeleiro Louco; a construção engenhosa de Os Dados Estão Lançados; o sessentismo de Garota Estereótipo - com a participação de Hélio Flanders sendo fundamental á atmosfera noir. Duas canções parecem fazer a transição para aventuras mais longas: 220V, funkeada, e a melancólica e bonita Sóbrio e Só. Daí pro fim, a banda ataca uma espécie de experimento de junção com temas mais tropicais, carnavalescos, intrincados. Desquite joga com as palavras, quase nordestina no ritmo. Realejo Em Dó se aproxima do progressivo/viajante. A canção título finaliza a tour com uma quietude bela e reflexiva. Enquanto esses caras continuarem a se aventurar, colaborar e criar obras como essa, os elogios não serão frutos de um hype sem sentido e provinciano. Serão mera constatação. 8/10
No site da banda, é possível baixar o single Cama e comprar o álbum.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Cérebro Eletrônico - Pareço Moderno Vídeo

Enquanto não sai a resenha de Deus E O Diabo No Liquidificador, terceiro disco da trupe de Tatá Aeroplano, deixamos aqui uma rendição ao vivo da faixa título do álbum anterior, Pareço Moderno:

m.takara 3 - Sobre Todas E Qualquer Coisa


O Takara é o batera do Hurtmold e do Instituto, e já vem lançando coisas "solo" há algum tempo. Dessa vez denominado como m.takara 3, o álbum mostra toda a criatividade que faz de Takara um dos expoentes da cena independente paulistana. Bebendo em fontes diversas, Sobre Todas... conversa livremente com a eletrônica mais esquerdista, percussão, intervenções guitarrísticas minimais e vocais audíveis o suficiente pra se prestar atenção ás letras. Poderíamos dizer que há experimentação, sim, mas de certa forma o arranjo rítmico e o domínio das ferramentas transforma o disco em uma bem construída viagem abstrata, viva e pulsante. Mais uma faceta de um cenário repleto de músicos abertos a absorção de diversas influências e livres de intermináveis "tributos" ao passado, Maurício é a peça mais aventureira da turma paulistana (junto com o Babe,Terror e o próprio Hurtmold), capaz de transitar organicamente por instrumentos tradicionais e batidas modernas. Naturalmente transmite uma certa sensação de desorientação, de medo e de entusiasmo, coisas que uma metrópole como São Paulo desperta em seus moradores com certa constância."Conto pra todos pra onde eu vou/ninguém pergunta de onde eu venho"canta em Espelho. Instigar curiosidade é uma das características mais importantes de um trabalho musical: Sobre Todas E Qualquer Coisa desperta a atenção do ouvinte, mas ao mesmo tempo não soa como um trabalho excessivamente cerebral: se não é pop, flutua belamente em sua própria rede de informaçoes, permitindo a apreciação sem exigir esforço. Sem maiores firulas, é um dos discos essenciais de 2010 na música brasileira. 8,5/10

domingo, 10 de outubro de 2010

Die Antwoord - Agitadores Sul-Africanos


Conheça a mais quente exportação pop sul-africana depois de Charlize Theron, BLK JKS e District 9: Die Antwoord. "Novidade" de 2009 ( o que provavelmente significa um século atrás, na velocidade pop atual ), esse grupo hip-hop da Cidade do Cabo capitalizou uma atenção global quando o vídeo de Zef Side, uma espécie de introdução á banda caiu na rede. Após inúmeros acessos, o álbum de estréia $O$, que já estava disponível para download livre no site oficial da banda, foi baixado tantas vezes que o servidor local não conseguiu dar conta do fluxo. A sensação de estranhamento diante da estética e do discurso de seus integrantes logo gerou discussões: seria o Die Antwoord uma criação fake, uma forma de chamar a atenção do mundo para uma banda formada por comediantes? Na realidade, a formação original como um trio liderado por Ninja, trazia alguma credibilidade: Watkin Jones, o nome verdadeiro de Ninja, já havia passado por formações de hip hop da cena local. O álbum em si trazia uma mistura de beats eletrônicos, hip-hop, dialetos e inglês carregado de sotaque, referências da cultura africana e raves, com ótimo resultado final. Agora elevados a uma nova categoria, o Die Antwoord promete continuar a gerar comentários do tipo "What The Fuck". O artista Leon Botha, um pintor e performer musical também acabou sendo exposto ao sucesso da banda ao colaborar no vídeo de Enter The Ninja. Também conhecido como DJ Solarize, Botha é vítima de uma doença genética rara, que causa o envelhecimento precoce, e geralmente vitima o paciente antes dos vinte anos de idade. Com 25 anos, Leon é um dos sobreviventes mais resistentes da doença no mundo. Assista ao vídeos de Zef Side e Enter The Ninja. De bônus, o novo clipe para Evil Boy.



sábado, 9 de outubro de 2010

Crystal Castles - Baptism Video

Continuando a "onda canadense" desse blog, aqui vai o novo vídeo da dupla Crystal Castles. Contrariando os pessimistas, o segundo álbum dos caras, lançado esse ano, só confirma e expande a pancadaria digital do debut.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Holger Na Casa Do Mancha

Aqui está o Holger apresentando duas músicas do ótimo Sunga na legendária Casa do Mancha:

holger: transfinite from de casa on Vimeo.


holger: toothless turtles from de casa on Vimeo.

Foals - Blue Blood Video

E vai ficando cada vez melhor: já que o orçamento da gravadora do Foals permite, aqui está o quarto vídeo extraído de Total Life Forever: dessa vez, para a fantástica Blue Blood:

PS I Love You - Meet Me At The Muster Station


"Guitar, cara, guitar band!". Era isso que um amigo meu dono de loja de discos dizia quando queria me apresentar alguma banda nova. Isso quando termos como esse faziam algum sentido, e ainda haviam tribos musicais ( nessa loja eu era o cara das "guitar bands", mas tinha também o pessoal do hip-hop, da música eletrônica, os amantes do hardcore, do punk, e claro, os metaleiros). Há muito tempo eu não conseguia encaixar uma definição como essa pra algum som novo. Mas também faz tempo que eu não compro música em loja de disco. O que faz esse debut da dupla canadense PS I Love You ser quase anacrônico: o que ouvimos aqui é uma tentativa de escrever melodias antêmicas, com ritmo marcante da bateria e, especialmente, guitarras encobrindo todo o resto como uma cobertura de chocolate. Características encontradas facilmente naquela época citada no início do texto, os anos noventa. Se você pensou em Dinosaur Jr, talvez esteja perto, mas esses canadenses destilam a riffarola do J.Mascis e deixam só a parte boa. Ou, o guitarrista deles é mais emoção e menos técnica. Como todo bom disco, Meet Me At The Muster Station é curto, direto, sempre com um pé na agitação e outro na busca pela melodia perfeita. O que os diferencia de simples revivalistas é a entrega: existe sangue, suor em cada pedaço de música: nesse sentido, se parecem mais com grupos clássicos do underground americano dos anos oitenta como Husker Du e Minutemen. Referências á parte, o que fica mesmo é a excelente coleção exposta nessa estréia: o gosto não é de nostalgia, mas de excitação pela descoberta. Se aquele meu amigo ouvisse esse disco, me recomendaria assim: "Essa banda é nova, legal pra caralho: guitar band!" 8,5/10

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Women - Public Strain


Se o Arcade Fire é a banda mais famosa do Canadá hoje, não é por falta de qualidade de outras bandas da terra do Tragically Hip. Esse quarteto de Calgary chega ao segundo disco dando mostras de que seu art-rock barulhento promete um futuro interessante. Public Strain é um disco pra ser ouvido de uma talagada só, já que há certa coesão no conjunto de canções; elas "conversam"entre si, dentro de uma trama de guitarras elásticas e camadas de barulho. Poderia ser mais uma tentativa de assimilar a estética noise de semi deuses como Velvet Underground e Sonic Youth. Porém, existe mais substância aqui, destilada na forma em que melodias se esgueiram entre tramas instrumentais, buscando espaço e duelando por entre os vocais abafados de Patrick Flegel. Sem nunca abrir mão do som abrasivo, a delicadeza só surge em pequenos intervalos, como que servindo de liga para a amarração guitarras-lixa e ganchos pop. A atmosfera é densa, mas a aplicação do Women em variar temas dentro de uma mesma tela não permitem que o ouvinte se distraia. Na verdade, Public Strain mostrará suas principais qualidades á aqueles que o ouvirem com atenção exclusiva: China Steps começa com uma repetição quase monocórdica e vai se esvaecendo numa fumaça de beleza. Venice Lockjaw aposta numa lenta e melancólica caminhada pelo lado escuro da rua, mas espere pela transição: torna a música especial, apesar de curta; mais um exemplo de que eles guardam momentos de beleza, que podem surgir a qualquer momento. Esse pessoal pode ter coleções de discos da no-wave, mas entende a dinâmica de grupos como o Pavement: a busca pela melodia nunca é totalmente soterrada pela desafinação dos instrumentos e toda a articulação noise. Pode chamar de música cabeçuda, mas com tantos detalhes surpreendentes espalhados, é uma audição recompensadora. 7,5/10 > Abaixo o vídeo não oficial de Can't You See:

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Espanholas De Topless! El Guincho - Bombay Video

E o Pablo Díaz-Reixa, o cara que assina como El Guincho, acaba de lançar seu terceiro álbum, Pop Negro, refinando o caldeirão psicodélico dos álbuns anteriores. É algo como um Animal Collective mais palatável e "tropical". O vídeo para Bombay, com as tais espanholas do título apelativo desse post: via Pitchfork.tv