A melhor banda britânica daquele meio de década passada (pelo menos entre as que respiravam aquele ar universitário-artístico) chega agora ao quarto disco. Que o Eddie Argos é uma lenda apenas por ter lançado a clássica Emily Kane*, todos sabem. O que poucos esperavam é que o Art Brut chegaria mais inteiro em 2011 do que Bloc Party e Franz Ferdinand. Claro que o fato de estarem tocando melhor agora ajuda, e Brilliant! Tragic! também é o disco mais equilibrado da discografia: nenhum clássico incluído, mas as músicas estão mais fortes naquela pegada dinâmica de guitarras bem inseridas. E o Argos continua sendo aquele letrista esperto, um Jarvis Cocker menos refinado mas ainda capaz de segurar a atenção do ouvinte.
Basicamente todas as músicas são sobre dissabores sexuais e encontros frustrados. Mas ao invés de pagar uma de branquelo anglo-saxão sexy, Eddie sabe diferenciar - e rir ironicamente - do padrão indie de pegação. Lost Weekend , o primeiro single, mostra um pouco desse Art Brut mais equilibrado: ao invés da velha construção lírica terminando em um refrão mínimo e pegajoso, a canção inteira flui mais levemente. Esperto, mais difícil de enjoar assim. Também tem uns solos heróicos de guitarra.
E tem essa outra música, chamada exatamente Sexy. É uma lição, na realidade. Destrói tudo que o Alex Kapranos acredita carregar, e ao mesmo tempo paga um tributo mais digno ao Edwyn Collins. Tipo um encontro dos momentos mais soturnos/pervertidos do Pulp com a insistência dos riffs do Orange Juice. Sealand chega a ser bonita daquela maneira inglesa de cenário melancólico, céu cinzento e mar agitado. A produção do Frank Black deixa alguns vestígios, na forma como as guitarras entram sorrateiramente entre as linhas de baixo, mas equilibra a tendência natural do Art Brut para a apelação mais tosca. Arestas aparadas, mas pontas ainda afiadas. 8/10
* Emily Kane é o terceiro single da carreira do Art Brut. Foi lançado em 2005 e está no album Bang Band Rock & Roll. Na opinião do blog, é um dos melhores singles desde sempre. Eddie canta sobre a garota do título, a Emily, sua namoradinha de colégio, e como ele não consegue esquecê-la. Então ele escreve essa música, detalhando coisas como "todas as garotas se parecem com voce...quando eu bebo" e que espera que a "canção lhe dê fama: eu quero a garotada cantando seu nome nos ônibus escolares". Soa melhor em inglês, e o timing melódico é perfeito.
Art Brut - Emily Kane por Joukos
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