quarta-feira, 6 de abril de 2011

Katy B e Jamie Woon :O pop é pós dubstep



Se James Blake é a faceta mais torta desse mundo pós dubstep de 2011 com sua formação de pianista clássico e experimentalismo , a garota Katy B e o garotão Jamie Woon são a aposta mais forte no segmento pop. Katy investe na pegada mais dançante e Jamie no soul. Ambos com pezinhos no gênero que era underground quando surgiu, no final dos anos noventa/início de milênio. Mas, espera aí: Pós-dubstep?

Sem maiores delongas para explicar toda a linha genealógica do estilo, é possível dizer que remixes mais influenciados pela reverberação do dub e maior quantidade de quebras nas batidas começaram a desviar o antigo drum'n'bass e 2-step para o dubstep. No meio da década de 00, o estilo começou a bombar, saindo de suas origens londrinas e se espalhando, tanto com programas de rádio dedicados como com as conhecidas "pirate radio stations", que promoviam festas e DJs.

No ano passado, pioneiros como Skream trataram de formatar seu estilo, tentando apresentar ao grande público aquilo que ajudaram a criar: era a tentativa de colocar o dubstep no mainstream. Além de seu segundo disco solo, ele formou o supergrupo Magnectic Man junto com Benga e Artwork. O EP Phaze One, de Benga, Outside The Box, de Skream e o auto intitulado album do Magnectic Man são três discos que permitiram que gente do outro lado do Atlântico conhecesse melhor as batidas inglesas.

Esse ano, além de Blake, vemos o surgimento de músicos que já utilizam o dubstep como parte da fórmula, mas não se prendem ao gênero. É o pop pós dubstep: que ninguém acuse a menina Katy B de oportunismo, ou mesmo os dois James: isso é música produzida por jovens que cresceram ouvindo - e em alguns casos - participando ativamente da cena. Katy já fez vocais para singles de DJs e é próxima do grime londrino. Portanto, é o resultado natural de anos de audições em baladas desaguando em trabalhos que não se resumem em um único estilo. É pós dubstep.

O próximo passo poderá ser a verdadeira diluição do estilo em fórmulas pop mais estreitas, algo que o pop sempre fez. Qualquer batidinha mais quebrada e ecos de baixos poderão se encaixar no novo single da Lady Gaga ou de algum fracasso que queira uma "reinvenção". Mas por enquanto vamos analisar esses lançamentos mais fresquinhos da linha evolutória do dubstep:

Jamie Woon - Mirrorwriting

Jamie aposta em uma produção caprichada: assim como Blake, os ecos, silêncios e espaços dinamizam seus vocais. Mas o que é diferente é a dinâmica das canções, já que Woon se coloca definitivamente como um cantor soul/R'n'B, sem espaços para experimentações sônicas. O que funciona a seu favor é o imediatismo das músicas, mas a linha entre a urbanidade das batidas modernas e o pop-soul modorrento é facilmente ultrapassada: talvez um disco enxuto seria mais efetivo, sem a queda de interesse provocada pelas últimas canções. 7/10



Katy B - On A Mission

A esperança de que a garota londrina daria um belo exemplo de estrela pop com bagagem musical e referências corretas estava depositada: dona de voz potente e imagem carismática, a típica "menina comum" poderia servir de contraponto ao cardápio variado de cantoras britânicas: com folk, soul, indie rock, pop, rock dominando, Katy B seria a opção eletrônica mais confiável.

Parece que a opção em fazer um disco "bombado" acabou prevalecendo: o ritmo não diminui e permanece forte durante todo o album. E é quando se aproxima do dubstep que funciona melhor, como no single Katy On A Mission. A química deveria funcionar melhor quando Katy se posiciona mais defensivamente em batidas house, e assim como no disco de Jamie Woon, há pelo menos duas canções esquecíveis aqui, que atrapalham o equilíbrio de On A Mission. Ainda assim, um bom disco. 7,5/10



A trinca James Blake, Katy B e Jamie Woon são a bola da vez na aproximação entre o pop e a eletrônica. Cada um á sua maneira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário