terça-feira, 19 de abril de 2011

Social Distortion - Hard Times and Nursery Rhymes


O Social D não é exatamente uma banda que lança discos com regularidade. De 1983, estreia com Mommy's Little Monster até esse Hard Times... eles somam sete discos de estúdio. Sete albuns em 28 anos. E o contingente de fãs parece congregar gerações que se acostumaram com o anacronismo latente de sua música. Se em 83 eles eram parte da cena californiana do punk, os problemas de Mike Ness só permitiram um retorno em 1988. Nesse período, a melhor sequência ocorreu com Prison Bound, Social Distortion e Somewhere Between Heaven And Hell (entre 88 e 92). O som da banda já estabelecia uma agressividade punk com melodias mais próximas ao rock dos anos cinquenta, e os Rolling Stones setentistas. Nada a ver com a cena grunge que se formava e expandia. White Light, White Heat, White Trash (1996) fechava os anos 90 para o Social Distortion com uma pegada mais forte e confissões de "sobrevivência" de Mike Ness. Um mundo de perdedores e fodidos numa cena pop que ainda tinha o gosto bubblegum do Green Day e do Offspring no mesmo estado de origem. De novo, outsiders.

Sex, Love And Rock'n'Roll marcou o retorno da banda em 2004. Mais um confessionário de vida rocker levado por uma banda afiada. Boa coleção de músicas, embora a coesão não estivesse presente: pegada hardcore melódica e baladas mais lentas.

2011: quem se importa com um novo disco do Social Distortion? Ness comanda um grupo como único membro original; suas cicatrizes emocionais já foram exploradas em diversas canções; o risco de soarem como moribundos reciclando clichês e destruindo a reputação de Orange County punks; a estilhaçada e não-direcionável cena pop nos traz sons que fazem Hard Times... soar como...

O grande insight aqui é que para ser relevante basta ter boas canções. É bastante simples. Do dubstep ao witch-house, do indie-me-engana ao folk fofinho, do funk á cumbia, ninguém se impõe por PERTENCER. Os garotos e garotas descartam músicas de seu Ipod como se o produto ali tivesse que se impor ao momento: uma banda velha como o Social Distortion possui uma qualidade que permite a sua longevidade digna: entrega e qualidade, um veterano de guerra carismático e grandes músicas.

Integantes saíram, morreram (Brent Liles, Dennis Danell) e o disco soa como um atestado de força e insistência. Mais coeso, equilibrando-se entre fúria punk e ataques de rock clássico - no sentido raízes blues-bar-quebradeira - Hard Times... é possivelmente um dos mais fortes lançamentos de rock em 2011. Não é modern rock, indie, alternative, afro-pop. Só rock. Alguns torcerão o nariz, afinal de The Creeps (83) para Can't Take With You (2011) há menos trivialidade punk e mais elementos conservadores. Mas a estética musical não confere confiabilidade: isso aqui é definitivamente algo que te faz mais feliz e te impulsiona para a batalha diária da mesma forma. Destacar músicas não se faz necessário porque há aquele já citado equilíbrio entre as faixas. Mas Still Alive resume a jornada: Ness canta:" os tempos mudaram, mas ainda estou vivo, lutando as mesmas batalhas, estarei aqui até o amargo fim". 8/10

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