sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Miranda Kassin E André Frateschi - Hits Do Underground


Um dos aspectos mais interessantes sobre toda a movimentação cultural do Baixo Augusta, esse caldeirão de pessoas diferentes consumindo e produzindo arte - música em especial - é a caraterística de reunir trabalhos de facetas diferentes: na forma, há rock, pop, eletrônica, música brasileira como samba e outras vertentes, hip-hop...O casal Miranda e André introduziram uma outra faceta: como reinventar o que parecia simples: trabalhar com escopo definido de artistas: ele, Bowie; ela, Amy Winehouse e outras divas do Soul, sem ser apenas uma banda cover. O público que se encantou com as performances da dupla percebeu que, acima de tudo, os elementos paixão, entusiasmo - além de serem ótimos cantores - contribuíram para afirmações de que assistiam a um verdadeiro espetáculo. Ao invés de pessoas mecanicamente emulando músicas conhecidas, dois artistas que empunhavam um caráter celebratório ás suas apresentaçoes.

Diante desse cenário - e por fazer parte dele - foi natural a escolha definida para o registro em disco de Kassin e Frateschi: vasculhar canções que nunca cruzaram a fronteira da independência, mas que marcaram muitas noites na região central de São Paulo na última década: bandas independentes que geraram potenciais hits. O repertório é impecável e não se resume a artistas de São Paulo: temos Vanguart, Wado, Mombojó ao lado de bandas paulistanas como o Ludov, Cérebro Eletrônico, Curumin, O Degrau. Também encontramos o resgate oportuno de Os Mulheres Negras e o trovador gaúcho Wander Wildner, entre outros.

Mais uma vez, o desafio: como empreender novas versões que pudessem soar coesas num universo multifacetado? Ao que parece, a energia que move Miranda e André é proporcional á força que leva tantos frequentadores e empreendedores da noite paulistana a transformar a cidade em um fervilhante cenário. Impressiona o trabalho de reconstrução das músicas, sem tirar o conteúdo principal delas, e injetar toques pessoais que geram uma nova paleta de cores ás composições. Registre-se também o trabalho de produção de Plínio Profeta, que extraiu toda a exuberância das apresentações ao vivo da dupla para a gravação.

Como dito, o álbum é bastante coeso, mas aponto alguns destaques: A versão de , do Cérebro Eletrônico reafirma a vocação pop da canção, acompanhada por guitaras marcantes. Magrela Fever, do Curumin, soa bonita como a versão original, mas há nuances na abordagem mais orgânica da dupla que revelam detalhes interessantes. Fita Bruta, do Wado, ganha potência ainda maior pela melodia encantadora da voz de Miranda, além dos arranjos bem colocados.

Por fim, o álbum cumpre dois objetivos: expõe o trabalho de ótimos artistas, desconhecidos do grande público em geral; e se afirma, apesar de ser a interpretação de autores diferentes , como uma excelente introdução ao mundo de Miranda Kassin e André Frateschi: Aqui, nesse registro, há mais do que covers: há verdadeira paixão pela música, que vibra com o frescor da descoberta e da entrega entusiástica. 8/10
Abaixo, um exemplo das aprentações ao vivo: Under Pressure (Queen e Bowie, no original), no programa Altas Horas, da Rede Globo:

2 comentários:

  1. Massa a resenha, mas senti falta da banda Numismata, que contribuiu com a música inédita do disco (Zeitgeist), além de ter participado do mesmo!

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  2. Bem lembrado, Fábio.O seu comentário complementa o texto.Abraços

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