Comprei o DVD novo do Blur - No Distance Left To Run.Não posso tecer comentários sobre ele porque não tive tempo de assistir...entretanto despertou em mim um sentimento nostálgico, de quando eu esperava ansiosamente pela importacao de cds e visitar uma loja de discos era quase mágico.Era o tão longinquo ano de 1999 ( bug do milênio, fim do mundo, etc.).Primeira visita do Blur ao Brasil, com a turnê do álbum "13".A rebordosa do Britpop já tinha sido paga, e Damon Albarn amargava o fim de seu longo relacionamento com Justine, do Elastica.Então ele escreveu não apenas uma cancao, mas várias sobre isso: Tender,No Distance Left To Run eram músicas dolorosamente verdadeiras, embaladas pela habilidade melódica do grupo. Evidentemente fiquei feliz só de segurar em minhas mãos os dois ingressos comprados.O Blur era trilha sonora de minha adolescencia e passagem para "jovem adulto".Nem importava o dia de trabalho num emprego devorador de alma.Ao final do expediente, lá fomos nós, meu chapa Rodrigo e eu, rumo a Sampa (morávamos no interior).No caminho, topamos com um motorista de busão bem humorado e chapa (não tínhamos trocado pra passagem) antes de chegar ao Credicard Hall.No início do show já percebemos que a disputa entre o Dave, baterista, e nós dois pelo recorde de nicotina consumida em menor tempo ia ser dura.Pelo menos o uísque era bom (Rodrigo conseguia doses cavalares com o barman).Vimos Graham tocar como que em extase (desculpem a referência gratuita ao E), e Beetlebum parecia a salvacao das nossas vidas em forma de cançao.Song 2 quase levou o lugar abaixo, e pulamos enlouquecidos.The Universal, com Damon descendo ás primeiras fileiras foi emocionante de verdade - não "rock de arena emocionante", fã de U2- enquanto os cigarros iam acabando.Quando tudo terminou, filamos cigarro de uma apresentadora da MTV, secamos as ultimas garrafas disponíveis de JD's no bar e fomos embora.Caminhando pela noite úmida de Novembro, pelas ruas da zona sul de SP ecoavam os U-huus de Song 2.Em nossas mentes, o busão de volta para a rodoviária aonde passaríamos a noite, e o dia seguinte no trabalho eram secundários.Naquele momento, mijando na rua, trocando piadas, completamente inebriados, nos sentíamos vingados.Éramos um exército de dois homens, fortes o suficiente pra deixar de lado aquilo que nos assombrava, frágeis também para entender que aqueles momentos eram a exceção e não a regra.Talvez, o que não poderíamos compreender era que acima de tudo guardaríamos aquelas imagens, ainda que borradas, como exemplo de ser jovem a ponto de não deixar o cinismo e a complacência vencerem o "lust for life".Como cantou Albarn naquele dia, "I feel heavy metaall - U- huuu".
Nenhum comentário:
Postar um comentário