Vou mandar logo o papo: 2015 foi um grande ano para a música brasileira, em especial a independente. Se pá o melhor desde 2010, quando iniciamos esse blog. Tão bom que resolvemos expandir a lista dos melhores para uma centena (+1). Sim, cento e um discos daora. De verdade, acredito que esse foi um ano muito positivo, com lançamentos importantes, como os novos do Ogi, Passo Torto e Aláfia; a estreia de Ava Rocha; a volta do Black Alien; novidades como Sara Não Tem Nome; o peso do Test e Jupiterian; a revelação do rap Sant; e por aí vai. Fizemos uma lista assim: os dez primeiros em ordem de relevância e qualidade. Abaixo estão simplesmente em ordem alfabética, sem preferência. A lista não pretende encerrar o assunto, mas lançar uma boa discussão e quem sabe apresentar novidades. Enjoy!
1. RODRIGO OGI - RÁ
Em Rá, seu segundo disco solo, Rodrigo Ogi elevou o nível em todos os aspectos: levada, construção lírica, canto, ambiência. O universo urbano se expandiu com riqueza de detalhes e climas. Até mesmo a dimensão psicológica dos inúmeros personagens retratados se mostra mais elaborada. A produção de Nave acompanhou essa força criativa, construindo beats ferozes e galopantes. Pra triunfar dessa forma, Ogi contou também com a luxuosa ajuda de gente como Thiago França, Juçara Marçal e Kiko Dinucci, entre outros. Parece que para apresentar o sucessor do clássico Crônicas da Cidade Cinza (melhor trabalho de 2011 por aqui), o rapper paulistano decidiu simplesmente elaborar outra obra prima. Puro ouro 18k. Disco do ano com louvor.
2. ALÁFIA - CORPURA
O segundo trabalho do Aláfia é uma obra poderosa: as composições são mais estruturadas, delineando o arcabouço estético rico da banda. Corpura é uma aventura pelos ritmos afro brasileiros, recheado de proposições; aqui o intento é de marcar posição antirracismo, ao mesmo tempo em que convida para dançar a revolução. Desde a ordenação das músicas até o timbre particular, passando pela entrega sublime dos músicos envolvidos, Corpura chega forte, música brasileira contemporânea afiada.
3. AVA ROCHA - AVA PATRYA YNDIA YRACEMA
A música de Ava Rocha passeia por fragmentos de imaginação; é possível encontrar momentos de sensibilidade entre as melodias que quase sempre se aproximam do experimental. O clima de anos setenta é apenas um dos aspectos do multifacetado trabalho, que transborda personalidade. Ava canta com aparente descontração, mas nunca perde a intensidade. Um disco bem acabado, equilibrado, que apresenta com distinção uma artista talentosa.
Uma das integrantes do grupo Rumo na época da vanguarda paulista, Ná Ozetti emprestou sua límpida voz para "Thiago França", terceiro trabalho do Passo Torto. Como de costume, o instrumental do dream team da cena paulistana é abrasivo, minimalista e, bem, tortuoso. O contraste da feiúra das distorções com a melodiosa voz da cantora é fundamental, criando texturas dentro das composições sempre bem arranjadas.
Juçara Marçal é uma das melhores cantoras do Brasil. A voz do Metá Metá, que ano passado lançou seu primeiro disco solo, se juntou ao experimentador carioca Cadu Tenório para Anganga. Com releituras de faixas que são antigos cantos de terreiro e mais duas músicas de Cadu, o disco resgata o passado negro da música nacional ao passo em que experimenta através de texturas barulhentas de sintetizadores, objetos amplificados, bateria eletrônica e demais dispositivos comandados por Tenório. O resultado é muito peculiar: exige atenção do ouvinte, mas recompensa com o contraste luz/sombras da dupla.
A ida de Emicida ao continente africano resultou em uma percepção apurada sobre ancestralidade - cultural, antropomórfica. O MC trouxe um arsenal de palavras que redimensionam a posição do homem negro no Brasil de hoje. Seu segundo álbum é repleto de versos duros e reflexões emotivas, ao passo em que flerta com gêneros musicais diversos: é um disco de hip hop na essência, mas abre o leque e mostra a versatilidade do artista.
Assim como suas contemporâneas gringas Sharon Van Etten, Laura Marling, Angel Olsen e Soko, Sara Braga mostra personalidade mesmo quando habita um cenário já bastante populoso.Trabalhando com uma matéria prima corriqueira - o indie folk rock - a compositora mineira consegue articular suas angústias com delicadeza e habilidade. Destaque para o hino adolescente Dias Difíceis, a densa Água Viva e a balada com cheiro de hit Solidão.
4.PASSO TORTO & NÁ OZZETTI - THIAGO FRANÇA
Uma das integrantes do grupo Rumo na época da vanguarda paulista, Ná Ozetti emprestou sua límpida voz para "Thiago França", terceiro trabalho do Passo Torto. Como de costume, o instrumental do dream team da cena paulistana é abrasivo, minimalista e, bem, tortuoso. O contraste da feiúra das distorções com a melodiosa voz da cantora é fundamental, criando texturas dentro das composições sempre bem arranjadas.
5. JUÇARA MARÇAL & CADU TENÓRIO - ANGANGA
Juçara Marçal é uma das melhores cantoras do Brasil. A voz do Metá Metá, que ano passado lançou seu primeiro disco solo, se juntou ao experimentador carioca Cadu Tenório para Anganga. Com releituras de faixas que são antigos cantos de terreiro e mais duas músicas de Cadu, o disco resgata o passado negro da música nacional ao passo em que experimenta através de texturas barulhentas de sintetizadores, objetos amplificados, bateria eletrônica e demais dispositivos comandados por Tenório. O resultado é muito peculiar: exige atenção do ouvinte, mas recompensa com o contraste luz/sombras da dupla.
6.EMICIDA - SOBRE CRIANÇAS,QUADRIS,PESADELOS E LIÇÕES DE CASA
A ida de Emicida ao continente africano resultou em uma percepção apurada sobre ancestralidade - cultural, antropomórfica. O MC trouxe um arsenal de palavras que redimensionam a posição do homem negro no Brasil de hoje. Seu segundo álbum é repleto de versos duros e reflexões emotivas, ao passo em que flerta com gêneros musicais diversos: é um disco de hip hop na essência, mas abre o leque e mostra a versatilidade do artista.
7. SARA NÃO TEM NOME - ÔMEGA III
8. SIBA - DE BAILE SOLTO
Desde o seu primeiro disco solo, Avante (2012), Siba tem mostrado uma queda pela eletricidade; fraseados de guitarra são base das novas composições. Em De Baile Solto, há uma maior sintonia e fluidez, resultando em um trabalho mais harmonioso. O Siba do maracatu e da ciranda não desapareceu; apenas se solidificou através de experiências musicais diversas, expandindo o universo autoral do compositor pernambucano.
9. BLACK ALIEN: BABYLON BY GUS VOL II: NO PRINCÍPIO ERA O VERBO
Black Alien venceu obstáculos pessoais entre o lançamento de seu primeiro disco solo e este Vol II. O retorno do rapper é com uma boa coleção de canções, em que seu flow leve se materializa em torno de ritmos variados. É Black Alien repassando sua trajetória com tranquilidade, abstraindo coisas boas em cada momento. A longa espera valeu a pena.
O terceiro álbum do Supercordas é o mais equilibrado trabalho da banda. Apostando na aproximação de belas melodias com a experimentação, Terceira Terra é um compêndio de psicodelia fina, com texturas e dimensões amplas. Do krautrock de Sobre o Amor e Pedras à épica faixa título, do quase hit Maria³ ao mergulho sinestésico de Sinédoque, Mulher, o disco é um triunfo.
Todos os 101 discos listados em ordem alfabética e com link pra audição:
10. SUPERCORDAS - TERCEIRA TERRA
Todos os 101 discos listados em ordem alfabética e com link pra audição:
Tubaína - Corpo São, Mente Insana
ResponderExcluirhttps://www.youtube.com/watch?v=K8LRy1-UJRI
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