segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Bonifrate - Museu de Arte Moderna (resenha)


Um dos magos que formam o Supercordas, Bonifrate retorna com seu novo disco solo, “Museu de Arte Moderna”. Depois da imersão folk-country-rock-distorção de seu segundo, “Um Futuro Inteiro” (2011), MAM apresenta uma variedade rítmica e leveza maiores, embora tenhamos ainda aquilo que os LPs (ou álbuns, como queiram) devem possuir como elemento agregador: sentido, coerência, inter-relação. Se o disco anterior se relacionava como um filme poético adulto, o novo trabalho remete mais a uma audição de fita cassete de música boa enquanto vivemos uma espécie de turbulência emocional juvenil.

 Talvez seja apenas meu lado nostálgico adolescente falando, mas a audição de MAM me trouxe definitivamente uma espécie de sensação bastante peculiar de quando o rock de guitarras psicodélicas, arranjos bem feitos e melodias bonitas significavam tempestade interior amainada pela música. Para que a análise não se torne apenas um choramingo, é importante ressaltar que as canções são excelentes. Não importa que pra você o título da faixa “Eu não vejo Teenage Fanclub nos teus olhos” não faça tanto sentido: o pop redondo guitarrístico e de construção perfeita é o suficiente. Fica ainda melhor com contexto: o personagem da música não encontra o brilho e a essência amorosa que a turma de Gerard Love, Norman Blake e Raymond McGinley produz no seu interesse afetivo.

A leveza com que as faixas vão se sucedendo é um trunfo permanente: fica claro que o ambiente é de cenários desfocados e leve fritura cerebral, mas o convívio tranquilo de uma party jamaicana em “Horizonte Mudo”, imersão de chá em Revoluções (batera lá em cima, teclados), baladas ao piano como “Soneto Estrambótico”, instrumentais violeiras (Guianá Mainline) e demais modalidades de exercício da música além da consciência mostram que MAM é realmente um disco pra ser absorvido. A combinação de composições muito boas com uma direção bastante clara permitiu a Bonifrate exercer um trabalho mais leve que seu anterior, sem perder em nada da substância e experimentação. 8/10

Baixe o disco aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário